segunda-feira, maio 23, 2011

Síncope ou desmaio

Síncope é um evento súbito, de rápida duração, e que se caracteriza por desmaio podendo haver antes palidez, batedeira (taquicardia) ou náuseas. O paciente geralmente está de pé, sentado ou está se levantando quando tem o evento. Há queda ao chão com palidez, náuseas, e duração curta, com retorno ao normal sem sequelas ou confusão mental após o evento. O paciente, se estiver com a bexiga cheia, pode urinar na roupa, e alguns pacientes podem ter abalos musculares por falta de oxigenação cerebral, o que simula uma crise convulsiva mas não o é. Se o paciente morder a língua, geralmente o fará na ponta da língua, enquanto que em uma crise convulsiva, quando há mordedura de língua, geralmente ocorre na lateral da língua.

A confusão mais comum é feita com as crises convulsivas, onde antes da crise pode haver mal-estar no estômago, sensações estranhas como se o local conhecido fosse estranho (jamais-vú) ou uma situação novas já tivesse ocorrido antes (deja-vú), sensação de estar flutuando e vendo a si mesmo, pode haver luzes ou formas na visão antes da crise (na síncope, o paciente pode ter borramento visual ou visão turva). Nas crises ainda podem ocorrer abalos musculares involuntários (sem o paciente querer) antes do desmaio. Pode haver ainda a sensação de odores estranhos (cheiro de borracha queimada) antes da crise. Nas crises convulsivas os abalos são intensos, a boca fica travada, o paciente pode babar, urinar ou defecar na roupa, e após a crise o paciente fica completamente sonolento, agitado e confuso por minutos a horas.

As causas de síncope podem ser várias, mas geralmente envolvem o sistema cardiovascular. Quedas de pressão em pessoas jovens (geralmente mulheres), ou pessoas que levam susto, tiram ou vêem sangue, em idosos ou adultos jovens quando estão de pé ou se levantam rapidamente, especialmente quando muito tempo em pé, quando sob sol forte, quando em fila ao ar livre sob sol, quando desidratados ou sem alimentação. Pessoas cardiopatas, com insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, que sofreram infarto do coração recentemente, ou que tomam alguns tipos de medicações podem ter síncope. Asmáticos, fumantes, portadores de bronquite crônica ou enfisema pulmonar, portadores de doença renal, de doença hepática, podem ter síncope também.

Quando você fica de pé, sua pressão cai levemente por um instante, mas estruturas no coração, nas carótidas, nos rins e em outros locais decetam estes fenômenos e liberam substâncias que fazem a pressão voltar ao normal.

Idosos saudáveis podem ter síncope por um motivo diferente: Na artéria carótida, artéria que leva sangue ao cérebro, há estruturas na sua parede que sentem a oxigenação e a pressão que sobe para o cérebro. São os quimiorreceptores e os barorreceptores, respectivamente. Em pacientes idosos, nos quais já pode existir placa de aterosclerose na parede dos vasos, inclusive nas carótidas, esta placa impede a "leitura" fiel da pressão que vem do coração para o cérebro, e por conseguinte, pode haver desregulação da pressão quando o paciente fica de pé ou se levanta. Ou seja, o receptor, que deveria ler queda de pressão por que o paciente ficou de pé, não o fez por que havia uma placa de gordura em cima dele, e a pressão pode permanecer baixa com o paciente em pé. Caso a presão não eleve, ou o paciente tenha se levantado de uma posição deitada muito rápido, ou esteja quente, ou o paciente não tenha se alimentado ou se hidratado o suficiente, ou esteja em uso de alguns tipos de medicações (que o seu médico pode identificar), pode haver o desmaio.

É muito comum nós, neurologistas, vermos queda de pressão nos consultórios e pronto-socorros, e nosso maior desafio é dizer se aquilo foi um desmaio ou uma crise epiléptica.

Quando ao diagnóstico, deve-se fazer um eletrocardiogram, uma radiografia de tórax, e exames de sangue, pelo menos, para flagrar doenças sérias e potencialmente fatais.

O tratamento depende da causa, e só o seu médico pode fazê-lo.

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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista