terça-feira, maio 01, 2012

Para que serve a pesquisa de bandas oligoclonais?


Artigo escrito pelo Dr. Diego Zanotti Salarini, médico neurologista do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, do Ambulatório de Desordens de Movimento do Hospital das Clínicas da FMUSP, e do Ambulatório de Neurologia da Santa Casa de São Paulo, e cedido gentilmente pelo mesmo. 

Quantas vezes já não vimos um pedido de exame assim: liquor com pesquisa de bandas oligoclonais. Mas afinal de contas para que serve esse exame?

Inicialmente devemos mencionar que é apenas um exame, e não uma certeza absoluta sobre nada. Não adianta realizar o exame sem ter uma suspeita clínica (como qualquer outro exame).

O exame não é feito só no LCR, mas também é coletado sangue do paciente nesse momento. O que se faz é uma simples comparação, claro que com uma tecnologia envolvida, mas não passa de uma comparação, entre a presença dessas bandas no sangue e no líquor.

As proteínas que existem no sangue são muito parecidas com as que existem no líquor, pois este é considerado como uma filtrado do sangue. Logo se compararmos essas proteínas, elas são iguais. Já em algumas doenças, como por exemplo a Esclerose Múltipla, ocorre a produção de proteínas diferentes só no líquor, desta forma a comparação aparecerá diferente (veja a presença de bandas na imagem abaixo):

http://www.ms-gateway.com.pt/html/images/upload/LCR.jpg
As bandas são estas imagens escuras, como códigos de barras, na fila abaixo, onde está escrito LCR à esquerda, e demonstram a presença de proteínas diferentes no líquor em relação ao sangue, ou seja, proteínas produzidas exclusivamente no líquor, e não passado do sangue para ele. 

Isso mostra apenas uma coisa para nós: existe algo errado nas defesas imunológicas que protegem o cérebro de agressões do meio externo a ele. Nesse contexto o significado é de que existem células que podem estar causando a inflamação no cérebro.

Observe abaixo como funciona a inflamação cerebral na esclerose múltipla. 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEGdCsojw2pCoAaulrmJbxdXPVelniIuql1j69QwIyCt66o4_NaRCpvZAt6q0L0VcWqwq5nqi3ljpHMBo0Ps4f_fox_7Zl2jK9vYArI7Rqm9YmxjmeGzwMn85YrYtsgG2idN7WxGWVPRc/s400/esclerose-multipla-celula-t.jpg

Para dar o diagnóstico de Esclerose Múltipla muito mais coisas são necessárias (avaliações sucessivas do neurologista e exames de imagem), o que será discutido em outro post. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista