Como o próprio nome indica, os anticonvulsivantes são usados primeiramente para tratar e evitar crises epilépticas (as famosas convulsões). Mas acontece que os mecanismos de ação destas medicações são tão diversos, especialmente das drogas mais antigas, como carbamazepina, fenitoína, fenobarbital e ácido valpróico, que acabam por servir para várias outras condições além de convulsões. É disso que falarenos agora.
É claro, a princípio de conversa, que deixo a cargo única e
exclusivamente do seu médico a prescrição ou a troca de medicações
anticonvulsivantes (DAE, como estas medicações serão chamadas a partir
de agora). Nunca se auto-medique, nunca aceite sugestão de leigos quanto
a medicações, e nunca indique uma medicação de qualquer tipo a ninguém
se você não tiver licença para tal, ou seja, se você não for médico.
Lembre-se que os efeitos de medicações em seu corpo podem ser muito
devastadores se mal indicados, e somente um médico pode prescrever ou
trocar uma medicação.
Os anticonvulsivantes usados no mercado brasileiro atualmente podem ser ordenados como se segue:
Fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, oxcarbazepina, ácido valpróico, divalproato de sódio, clobazam, lamotrigina, topiramato, gabapentina, pregabalina, vigabatrina, felbamato, acetazolamida, clonazepam. Há várias outras drogas, como o levetiracetam e a zonisamida, mas que não está ainda disponíveis no Brasil. Seus nomes comerciais não serão divulgados neste blog.
Bem, dito isso, vamos aos fatos. As DAE são medicações cheias de indicações por terem muitos mecanismos de ação, alguns ainda desconhecidos. Algumas destas drogas foram descobertas por acaso, como o fenobarbital, há quase 100 anos, e que durante muito tempo foi usada como calmante, antes de ser usada como anti-epiléptico. Outras medicações foram literalmente inventadas, como a oxcarbazepina, a lamotrigina e o topiramato.
A fenitoína pode ser usada para alguns tipos de dor, como a dor neuropática, por exemplo, assim como a carbamazepina e a oxcarbazepina, que podem ser usadas para dor causada pela neuropatia diabética e pela neuralgia do trigêmeo. Além disso, a carbamazepina pode ser usada como calmante em pacientes psiquiátricos com agressividade, como em certos tipos de retardo mental.
Outras duas medicações muito usadas para dor em neuropatia periférica, diabética, ou outros tipos de dor neuropática (a dor produzida por lesão do sistema nervoso) são a gabapentina e a pregabalina. A gabapentina pode ser usada como calmante, assim como o clonazepam e o clobazam, medicações que podem ser usadas para convulsão e para dormir, por serem de uma classe mais nova, a dos benzodiazepínicos.
O ácido valpróico e o divalproato de sódio podem ser usados para quadros psiquiátricos e para certos tipos de dor de cabeça, como a migrânea (enxaqueca) ou a cefaleia em salvas. A lamotrigina e o topiramato podem também ser usados para dor de cabeça, dor neuropática, dor facial ou quadros psiquiátricos.
A vigabatrina e o felbamato, por seus efeitos colaterais mais graves, são drogas anti-epilépticas de uso restrito em certos casos, somente, como a síndrome de Lennox-Gastaut, uma síndrome epiléptica grave em pacientes jovens com certos tipos de síndromes adquiridas antes, ao nascimento, ou logo após ele.
Aqui só falamos de indicações neurológicas e psiquiátricas. Indicações em outras áreas podem existir.
Lembre-se sempre - nunca se auto-medique. Nunca tome medicações por conta própria. Nunca indique ou tome medicações indicadas por leigos. Lembre-se da máxima - cada caso é um caso, e o seu pode ser bem diferente do seu parente, vizinho ou amigo.
E vá sempre a um médico caso não se sinta bem.
Caros amigos e visitantes, este blog não se destina em nenhuma hipótese a dar diagnósticos ou sugerir tratamentos, mas tão somente a alertar acerca de problemas de saúde. Faça um bem a si mesmo, na existência de algum problema de saúde procure um médico. Não respondo a todos os comentários, e nem em tempo real. Posso demorar dias até ter tempo de respondê-los. Perguntas sobre diagnósticos ou tratamentos devem ser feitas a um médico em consulta.