Nos dias de hoje, raras são as pessoas que possuem memórias fantásticas, capazes de guardar um sem-número de informações, e mais ainda, de se lembras de todas. Bem, os nossos dias atuais testemunham um quadro bem menos animador. Pois quantos são os pacientes que me chegam ao consultório com a seguinte queixas:
"Doutor, estou muito esquecido (a)"...
Mas afinal de contas, por que isso ocorre? Quais os motivos desta epidemia de perda de memória?
Muitos, pelo menos os mais pessimistas, poderão afirmar: "Perda de memória é igual a doença de Alzheimer!". Pois eu digo que isso é uma falácia, ou seja, não é verdade!
Muitos são os pacientes jovens que me chegam com queixas de que colocam coisas em um lugar, e esquecem de onde colocaram a bendita coisa. Ou que leram um capítulo, ou uma página, e não se lembram de nada. Mas vão ao consultório sós. Sabem sair e chegar em casa. Sabem onde estão, não se perdem nas horas ou nos dias da semana, e lembram de suas queixas, detalhe por detalhe. Pois aí está o lance da questão.
Perda de memória causada por doença de Alzheimer, ou uma demência qualquer, é quadro grave, progressivo, que leva a perda de memória e mais alguma coisa, como incapacidade de se localizar, confusão, déficit de cálculo (um contador que não sabe mais operar uma calculadora ou se perde no cálculo de imposto de renda, que antes fazia bem). Mas mais importante, doença de Alzheimer é raro em pessoas abaixo de 50 anos.
Ah, mas há várias outras demências, não existe só doença de Alzheimer! Perfeito, e é por isso que no consultório, ao mencionar esta queixa, devemos levá-la em consideração, tirar uma história clínica adequada, fazer um exame completo ou pelo menos direcionado, e com base na existência de sinais que apontem para uma doença orgânica, solicitar exames, como hemograma, provas de função de fígado e de tireóide, ou níveis de vitamina B12. Uma tomografia de crânio pode ser solicitada para os casos mais preocupantes.
Mas ainda não respondi à pergunta inicial. Qual a causa desta epidemia de perda de memória?
A resposta é: Estresse, ansiedade, irritabilidade, agitação, perda de concentração, incapacidade de se concentrar em uma tarefa só, uso de drogas em algumas pessoas, má alimentação, perda de sono ou sono não reparador (a pessoa dorme à meia-noite para acordar estressada para trabalhar em um emprego maçante e massacrante às 05:00 horas da manhã, e volta para casa cansada às 20:00 horas depois de pegar três ônibus para chegar em casa, o que lhe custou só de viagem 2 horas). Ou seja, é o mundo de hoje, moderno, neoliberal, agressivo, exigente, massacrante, que nos consome, que causa vários sintomas dentre os quais enquadra-se a perda de memória.
Mas se você queixa-se de estar esquecido, vá ao médico. Veja se não é nada grave, por que muitas vezes há uma doença envolvida em sua vida agitada. Fale ao médico tudo o que você sente, todos os sintomas, quando começaram, a intensidade, se pioraram ou se melhoraram, e com o quê melhoraram ou pioraram. Quanto mais informação o médico tiver de sua doença, mais rápido e eficazmente ele chega ao seu diagnóstico.
E só quem tem a ganhar é você.
Caros amigos e visitantes, este blog não se destina em nenhuma hipótese a dar diagnósticos ou sugerir tratamentos, mas tão somente a alertar acerca de problemas de saúde. Faça um bem a si mesmo, na existência de algum problema de saúde procure um médico. Não respondo a todos os comentários, e nem em tempo real. Posso demorar dias até ter tempo de respondê-los. Perguntas sobre diagnósticos ou tratamentos devem ser feitas a um médico em consulta.
domingo, março 20, 2011
Medicações para prevenir a enxaqueca
Em certas situações, deve-se usar medicações de uso diário para evitar que as dores da enxaqueca venham, ou que venham dores fortes. Estas são as medicações chamadas de preventivas, ou profiláticas. Devem ser usadas quando o paciente assim o desejar, quando o paciente tiver uma ou mais crises incapacitantes e intensas ao longo do mês, ou quando houver, mesmo que leves, várias crises ao longo do mês.
Estas medicações são prescritas para diminuir a frequência e a intensidade da dor. Há várias medicações à disposição no mercado, e cada uma tem seu perfil de efeitos colaterais, de contra-indicações, e de doses. Citaremos as mais comumente usadas.
1. Citrato de magnésio - Usada ocasionalmente, pode ser útil em alguns pacientes, especialmente, na opinião do autor, nos pacientes com crises ocasionais e leves a moderadas. O efeito colateral mais comum é constipação intestinal.
2. Flunarizina - Usada bastante, é útil para crises leves a intensas. Pode ser usada em comprimidos ou gotas. Seus efeitos colaterais mais comuns são sonolência, aumento de peso (pode ser controlado por dieta), e tremor (este, se ocorrer, deve prontificar o médico a retirar a medicação imediatamente. Em doses baixas não costuma causar este tipo de efeito).
3. Pizotifeno - Bastante usado, especialmente em jovens, tem a desvantagem de causar grande excesso de peso, mas é eficaz.
4. Amitriptilina e nortriptilina - Eficazes, são antidepressivos potentes no tratamento da enxaqueca. Usados geralmente ao deitar. Eefeitos coletarais mais comuns são boca seca, constipação, sonolência, aumento de peso. O autor acha prudente o médico pedir um eletrocardiograma antes de prescrever estas medicações por conta de efeitos raros, mais possíveis, destas medicações sobre o coração.
5. Propranolol e atenolol - São medicações que, apesar de usadas para tratar arritmias e pressão alta, são muito, mas muito bons para enxaqueca. Devem ser usados, entretanto, com cautela, pois podem causar queda de pressão. Podem causar ainda insônia, e alguns raros pacientes referem sintomas de depressão com esta medicação. Não devem ser usados, especialmente o propranolol, em asmáticos e portadores de enfisema ou bronquite causada pelo fumo.
6. Ácido valpróico, valproato de sódio e divalproato de sódio - São anticonvulsivantes de uso global na enxaqueca, eficazes em todas as intensidade e frequências. Podem causar raramente, quando bem indicados, problemas de fígado (deve-se medir enzimas hepáticas pelo menos a cada 3 meses), sonolência, aumento de peso, queda de cabelo. Podem dar mal-estar, mas pode este sintoma ser passageiro. Pacientes com doenças do fígado, etilistas e portadores de cirrose não podem usar esta medicação.
7. Topiramato - Outro anticonvulsivante muito bom para as crises, pode causar formigamentos temporários nas mãos, pés e ao redor da boca (sintoma comum e benigno), perda de memória (ocasionalmente, mas pode ser severo a ponto de se ter que parar a medicação), e pode causar cálculo renal (logo, o autor recomenda que se faça um exame de ultrassonografia de rins e vias urinárias antes de se usar esta medicação; em pacientes com história pessoal ou familiar de cálculo, mas sem pedras atualmente, todo o cuidado aqui é pouco).
8. Gabapentina - Outro anticonvulsivante, é razoavelmente eficaz na enxaqueca, e pode causar aumento de peso, sonolência e mal-estar.
9. Toxina botulínica - Iremos discutir sobre ela em tópico a parte.
O que o autor quer não é ensinar as medicações aos pacientes, e muito menos tornar-los capazes de discutir com o médico qual a melhor medicação para si. O que quero é alertar o paciente de que enxaqueca tem tratamento, apesar de aparentemente não ter cura, e mostrar as principais medicações usadas. Quem deve diagnosticar, decidir qual medicação usar, e monitorar o seu uso é o neurologista.
Ah, e na humilde opinião do autor deste artigo, o tratamento, para ser eficaz, deve durar pelo menos 1 ano.
Estas medicações são prescritas para diminuir a frequência e a intensidade da dor. Há várias medicações à disposição no mercado, e cada uma tem seu perfil de efeitos colaterais, de contra-indicações, e de doses. Citaremos as mais comumente usadas.
1. Citrato de magnésio - Usada ocasionalmente, pode ser útil em alguns pacientes, especialmente, na opinião do autor, nos pacientes com crises ocasionais e leves a moderadas. O efeito colateral mais comum é constipação intestinal.
2. Flunarizina - Usada bastante, é útil para crises leves a intensas. Pode ser usada em comprimidos ou gotas. Seus efeitos colaterais mais comuns são sonolência, aumento de peso (pode ser controlado por dieta), e tremor (este, se ocorrer, deve prontificar o médico a retirar a medicação imediatamente. Em doses baixas não costuma causar este tipo de efeito).
3. Pizotifeno - Bastante usado, especialmente em jovens, tem a desvantagem de causar grande excesso de peso, mas é eficaz.
4. Amitriptilina e nortriptilina - Eficazes, são antidepressivos potentes no tratamento da enxaqueca. Usados geralmente ao deitar. Eefeitos coletarais mais comuns são boca seca, constipação, sonolência, aumento de peso. O autor acha prudente o médico pedir um eletrocardiograma antes de prescrever estas medicações por conta de efeitos raros, mais possíveis, destas medicações sobre o coração.
5. Propranolol e atenolol - São medicações que, apesar de usadas para tratar arritmias e pressão alta, são muito, mas muito bons para enxaqueca. Devem ser usados, entretanto, com cautela, pois podem causar queda de pressão. Podem causar ainda insônia, e alguns raros pacientes referem sintomas de depressão com esta medicação. Não devem ser usados, especialmente o propranolol, em asmáticos e portadores de enfisema ou bronquite causada pelo fumo.
6. Ácido valpróico, valproato de sódio e divalproato de sódio - São anticonvulsivantes de uso global na enxaqueca, eficazes em todas as intensidade e frequências. Podem causar raramente, quando bem indicados, problemas de fígado (deve-se medir enzimas hepáticas pelo menos a cada 3 meses), sonolência, aumento de peso, queda de cabelo. Podem dar mal-estar, mas pode este sintoma ser passageiro. Pacientes com doenças do fígado, etilistas e portadores de cirrose não podem usar esta medicação.
7. Topiramato - Outro anticonvulsivante muito bom para as crises, pode causar formigamentos temporários nas mãos, pés e ao redor da boca (sintoma comum e benigno), perda de memória (ocasionalmente, mas pode ser severo a ponto de se ter que parar a medicação), e pode causar cálculo renal (logo, o autor recomenda que se faça um exame de ultrassonografia de rins e vias urinárias antes de se usar esta medicação; em pacientes com história pessoal ou familiar de cálculo, mas sem pedras atualmente, todo o cuidado aqui é pouco).
8. Gabapentina - Outro anticonvulsivante, é razoavelmente eficaz na enxaqueca, e pode causar aumento de peso, sonolência e mal-estar.
9. Toxina botulínica - Iremos discutir sobre ela em tópico a parte.
O que o autor quer não é ensinar as medicações aos pacientes, e muito menos tornar-los capazes de discutir com o médico qual a melhor medicação para si. O que quero é alertar o paciente de que enxaqueca tem tratamento, apesar de aparentemente não ter cura, e mostrar as principais medicações usadas. Quem deve diagnosticar, decidir qual medicação usar, e monitorar o seu uso é o neurologista.
Ah, e na humilde opinião do autor deste artigo, o tratamento, para ser eficaz, deve durar pelo menos 1 ano.
Assinar:
Postagens (Atom)