Equilíbrio diz respeito à capacidade de se ficar em pé, ou seja, apoiar-se
sobre as duas pernas, virar-se e andar sem riscos de quedas. Em pacientes com doença de Parkinson (DP), há riscos de quedas, e estas, na maior parte dos casos ocorrem devido a
problemas no equilíbrio (outras causas de quedas em pacientes com DP
relacionam-se ao que se chama hipotensão postural, ou seja, queda da pressão
arterial quando o paciente levanta ou fica de pé por algum tempo). Os problemas
relacionados ao equilíbrio começam, na maioria dos casos, tardiamente na DP.
Quando problemas do equilíbrio começam logo no início da doença, ou são muito
graves quando o tremor ou a lentidão não são tão graves ainda, pode ser outra
doença, e não DP. Portanto, se você ou seu parente tem dificuldades de
equilíbrio ou já caiu algumas vezes, discuta isso cuidadosamente com seu médico.
Quando uma pessoa está em risco de queda, ela demonstra alguns reflexos
ditos posturais, ou seja, movimentos dos braços e pernas que ocorrem na
tentativa de manter o equilíbrio. Por exemplo, quando uma pessoa se
desequilibra para a frente, os braços são jogados para trás e as penas
enrijecem e deslocam-se posteriormente na tentativa de manter o corpo reto. Da
mesma forma, quando a pessoa se desequilibra para trás, a maneira mais
freqüente de desequilíbrio na DP, os braços tendem a se jogar para frente e se
abrir. Isso se chama reflexo postural. Nem todos os pacientes com DP mantêm os
reflexos posturais intactos, e o desequilíbrio tende a se agravar na sua
ausência.
Também, o paciente com DP pode se desequilibrar de várias formas:
1.
Ao se virar – É uma maneira bastante comum de queda,
por que é necessária habilidade e coordenação para virar o corpo, qualidades
estas que os pacientes com DP perdem com o passar do tempo. Além disso, o
paciente com DP vira-se como um bloco único, em pequenos passos, com os pés
juntos ou levemente separados. Assim, diminui a base de sustentação do corpo, e
o risco de queda aumenta. Por isso, se você ou seu parente já têm algum
problema de equilíbrio, têm de ter muito cuidado ao se virar, especialmente em
locais amplos, sem paredes ou objetos fixos para se escorar.
2.
Ao se levantar – Isso pode ocorrer mais em pacientes
com pernas já enfraquecidas pela doença ou que não realizam atividades físicas
regularmente. Ao tentar se levantar, você necessita do uso das coxas e dos
músculos glúteos. Fora isso, a região abdominal e a musculatura lombar
necessitam estar em forma para que você consiga se levantar sem risco de queda.
Mas também a rigidez e a lentidão desempenham um papel na dificuldade dos
pacientes em se levantar, especialmente de lugares baixos. No início da doença,
levantar-se não deve ser u problema, e os pacientes conseguem sair de cadeiras
sem braços e poltronas com pouco ou nenhum esforço. Entretanto, à medida que a
doença vai avançando, e vários núcleos do sistema nervoso central vão sendo
lesados, mesmo em pacientes que pratica atividades regularmente, levantar-se
pode começar a ser um problema. Por isso, não deixe e fazer atividades físicas,
caminhar, nadar, exercitar-se. Isso é muito importante para o decorrer da doença.
3.
Ao se abaixar – O paciente com DP
mantém uma postura semi-fletida, ou seja, para frente, e isso pode piorar
com o decorrer da doença. Esta postura facilita as quedas para a frente,
frequentemente com trauma de crânio ou face. Os pacientes caem desse modo ao
tentar pegar algo no chão, amarrar os sapatos, tentarem se agachar, ou mesmo espontaneamente.
Para testar o equilíbrilo, seu médico fará alguns testes com você.
Solicitará que você ande, sendo possível avaliar os passos, a postura do tronco,
a presença de freezing (falamos sobre
isso no post anterior). Solicitará que você fique parado, com os pés separados
e depois juntos um do outro, com os olhos abertos e fechados. Assim, pode-se
avaliar o equilíbrio estático, ou seja, com o paciente parado. Mas o teste mais
importante do equilíbrio é o chamado Pull
Test, onde o médico, por trás do paciente, solicita que o paciente fique em
pé, com os pés um pouco separados um do outro, olhando para a frente, sem se
segurar em nada. Após avisar que o paciente será puxado para trás, o médico dá um
puxão nos ombros do paciente, que pode ser leve a moderado, e verifica-se a
capacidade do paciente de ficar em pé e a presença dos já conhecidos reflexos
posturais. Há pacientes que se equilibram bem, e há pacientes que dão alguns
passos para trás, mas logo voltam a ficar estáveis em pé. Mas os pacientes em
maior risco de queda são aqueles que caem como verdadeiros blocos de pedra ao
serem puxados por trás, sem reflexos posturais ou tentativas de ficar em pé.
Alguns destes pacientes podem cair espontaneamente, sem qualquer força que os pressione.
E qual a maneira de tratar estes sintomas? O tratamento mais
importante para o equilíbrio é a fisioterapia e o fortalecimento da musculatura
dorsal e abdominal, tornando o paciente mais forte e mais capaz de lidar com as
crescentes dificuldades que a doença impõe. A fisioterapia não deve ser iniciada quando o equilíbrio já está comprometido, ou seja, após anos de doença, mas sim desde o início da doença, para que o equilíbrio demore a deteriorar. E não bastam as caminhadinhas de 1 hora no parque ou na rua. Discuta com o médico sobre fisioterapia, sempre.