quinta-feira, julho 30, 2020

MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS DO COVID-19 PARA O LEIGO - PARTE 1

A infecção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, o COVID-19, caracteriza-se por um quadro de febre, tosse e falta de ar intensa em uma minoria significativa dos pacientes. A maior parte dos pacientes acaba sendo assintomática ou oligossintomática (poucos sintomas, inespecíficos). Os motivos para essa variabilidade nos sintomas ainda são debatidos, mas provavelmente têm relação com fatores genéticos de expressão de moléculas na superfície de células, especialmente a ECA ou enzima conversora de angiotensina, e com fatores modificáveis, especialmente a famosa síndrome metabólica, onde obesidade, hipertensão e diabetes têm papel relevante, e que leva a alteração na expressão da ECA, aumentando os riscos de infecção mais intensa e com maior potencial de letalidade.

Os coronavírus que infectam o homem, sete no total, possuem potencial de invasão ou inflamação do sistema nervoso, incluindo cérebro, medula e nervos periféricos. Não é diferente com o novo coronavírus, mas o potencial de lesão neurológica não é grande. No entanto, haja vista a enorme quantidade de pacientes já afetados, mais de 4,500,000 no mundo todo, pequenas proporções tornam-se números significativos. De acordo com vários autores, esperam-se mais de 15,000 casos de complicações neurológicas até agora, número esse que continua crescendo à medida que o número de casos continua aumentando. 

As complicações neurológicas aparentam possuir mecanismos diferentes de instalação. Invasão viral direta no cérebro ou medula parece ser rara. Complicações mais comuns parecem ser inflamações induzidas pelo vírus ou por reações autoimunes ao vírus. A famosa tempestade de citoquinas, fenômeno inflamatório intenso que ocorre em casos graves de COVID-19, pode levar a lesões infamatórias graves. Ainda, lesão da camada mais interna dos vasos, o endotélio, pode levar a complicações vasculares, incluindo acidentes vasculares cerebrais, ou derrames, algo incomum para os outros coronavírus, mas frequente para o SARS-CoV-2, e que parece afetar mais pacientes jovens. 

Nesta série, começando hoje, iremos abordar os sintomas neurológicos mais comuns relacionados à infecção pelo novo coronavírus. 

quarta-feira, abril 22, 2020

Quais são as causas de um AVC, o famoso derrame?

AVC refere-se a uma sigla, Acidente Vascular Cerebral. É uma doença que pode ser causada por obstrução de uma artéria (mais comum) ou veia cerebral (artérias saem do coração e vão para os órgãos, e veias saem dos órgãos e se direcionam ao coração), ou ao rompimento de um vaso cerebral, aréria ou veia. 
As causas de AVC são as mais variadas, mas as mais comuns são doenças crônicas, tais como hipertensão arterial, a famosa pressão alta, diabetes, colesterol elevado, tabagismo, o ato de fumar, obesidade, e hábitos de vida como sedentarismo, o não praticar atividade física regular, e alimentação errada. Doença dos rins, as nefropatias, doenças do coração, as cardiopatias, especialmente uma arritmia famosa chamada de fibrilação atrial, quando o coração bate de forma descompassada, lesões arteriais, as dissecções, e anormalidades genéticas, como anemia falciforme e deficiência de vitamina B12, podem também ser causa de AVC.
Como você pode bem ver, as causas de AVC são as mesmas do infarto do miocárdio.

Cuide-se.
E se você for sedentário, tiver acima de 40 anos de idade ou doença ortopédica ou cardiovascular, somente pratique atividade física após avaliação médica adequada. 

sábado, abril 11, 2020

Quando devo ir ao pronto-socorro? Estou com medo do coronavírus.

Esta postagem não é exatamente sobre neurologia, mas há algo neste sentido.

A pandemia atual de SARS-CoV-2, o famoso novo coronavírus, tem levado pacientes a desistirem de ir ao pronto-socorro, mesmo em situações urgentes e dramáticas, e histórias tristes de pacientes que faleceram em casa, vítimas de infartos do miocárdio, embolias pulmonares ou tiveram um AVC não trombolisado a tempo, estão abundando no meio médico, e mesmo nos ambientes leigos. 

Pacientes meus me ligam perguntando o que fazer em situação de urgência, e na verdade, uma ligação ou uma "teleconsulta" por Whatsapp ou qualquer aplicativo não conseguirá dimensionar o problema que o paciente pode estar apresentando, caso seja algo muito grave e de início recente ou agudo. É necessária visita ao pronto-socorro em situações de urgência, mesmo sob a pandemia, usando as precauções necessárias, como máscaras e álcool gel. Quase todos os hospitais, privados e públicos, estão fazendo separação dos doentes em ambientes diferentes para evitar infecções nos que lá chegam por outros motivos além de quadros gripais graves ou problemas respiratórios. Os funcionários dos hospitais estão utilizando materiais e equipamentos para evitar contaminação dos pacientes, e sendo orientados sobre as medidas a serem tomadas para isso. Assim, a pergunta que fica é, quando eu devo ir ao pronto-socorro por outro motivo que não a síndrome respiratória característica da pandemia?

A orientação é o paciente procurar o pronto-socorro se estiver com sintomas que sugiram doenças graves, especialmente se ele se enquadrar em grupos de risco.

Assim, pacientes com dor no peito e falta de ar, sugestivos de infarto do miocárdio ou embolia pulmonar, especialmente se forem hipertensos, de meia idade, fumantes, diabéticos, sedentários e/ou obesos; sintomas sugestivos de derrame, como perda visual súbita, alteração de fala ou liguagem, perda de força, perda de sensibilidade, incoordenação, especialmente em pacientes obesos, hipertensos, diabéticos, fumantes, sedentários, mas lembrar que não são somente estes pacientes que podem apresentar derrames; crises graves de doenças crônicas, como crises de falta de ar em DPOC e asma, crises de hipoglicemia com desmaio em pacientes diabéticos, crises epilépticas, as famosas convulsões, especialmente se durarem mais de 5 minutos e se o paciente não estiver sendo tratado ou tiver parado o tratamento; dor de cabeça súbita, a pior da vida, que pode sugerir ruptura de aneurisma cerebral; sangramentos, como sangramento vaginal, uretral ou retal, especialmente se forem de grande quantidade e vierem com mal-estar, palidez, desmaio; dores abdominais novas, intensas, com parada de eliminação de gases e fezes, especialmente se vierem com vômitos e dificuldade para comer; dor ocular súbita com perda visual; e várias outras situações nas quais ajuda urgente ou emergencial é indicada. Lembrar também que falta de ar, a famosa dispneia, e febre não são somente sintomas de coronavírus, mas pneumonias bacterianas, tuberculose, empiema pleural, e outras doenças também podem causar estes sintomas. Aqui cabem outras possibilidades, como fraturas domésticas, quedas em casa com trauma craniano e sonolência, especialmente em idosos, o que sugere hematomas intracerebrais, e outras situações. 

Os hospitais devem receber pacientes em situações de urgência e emergência, mesmo nesta pandemia, pois as outras doenças continuam a ocorrer. Não espere piorar ou algo pior ocorrer se você achar que necessita ir a médico por seus sintomas. Lembre-se que há coisas tão ruins quanto, ou mesmo piores, que o coronavírus. 

quinta-feira, abril 02, 2020

Manifestações Neurológicas da doença pelo novo coronavírus - COVID-19

Viroses são doenças provocadas por vírus e pela reação imunológica à sua presença. 
Vírus são partícular lipoprotéicas (compostas de lipídios e proteínas) com um núcleo contendo material genético, DNA ou RNA.
O novo coronavírus, SARS-COV-2, é um vírus RNA.
Quando do início da pandemia, acreditava-se que as manifestações clínicas da doença estariam restritas ao sistema respiratório. No entanto, vários estudos estão trazendo informações sobre manifestações neurológicas durante a doença, na forma de confusão mental aguda ou subaguda (evoluindo em dias), sangramento cerebral, doenças inflamatórias e meningoencefalite. 

Esta série de postagens visa colocar uma luz sobre os aspectos neurológicos do COVID-19