Em certas situações, deve-se usar medicações de uso diário para evitar que as dores da enxaqueca venham, ou que venham dores fortes. Estas são as medicações chamadas de preventivas, ou profiláticas. Devem ser usadas quando o paciente assim o desejar, quando o paciente tiver uma ou mais crises incapacitantes e intensas ao longo do mês, ou quando houver, mesmo que leves, várias crises ao longo do mês.
Estas medicações são prescritas para diminuir a frequência e a intensidade da dor. Há várias medicações à disposição no mercado, e cada uma tem seu perfil de efeitos colaterais, de contra-indicações, e de doses. Citaremos as mais comumente usadas.
1. Citrato de magnésio - Usada ocasionalmente, pode ser útil em alguns pacientes, especialmente, na opinião do autor, nos pacientes com crises ocasionais e leves a moderadas. O efeito colateral mais comum é constipação intestinal.
2. Flunarizina - Usada bastante, é útil para crises leves a intensas. Pode ser usada em comprimidos ou gotas. Seus efeitos colaterais mais comuns são sonolência, aumento de peso (pode ser controlado por dieta), e tremor (este, se ocorrer, deve prontificar o médico a retirar a medicação imediatamente. Em doses baixas não costuma causar este tipo de efeito).
3. Pizotifeno - Bastante usado, especialmente em jovens, tem a desvantagem de causar grande excesso de peso, mas é eficaz.
4. Amitriptilina e nortriptilina - Eficazes, são antidepressivos potentes no tratamento da enxaqueca. Usados geralmente ao deitar. Eefeitos coletarais mais comuns são boca seca, constipação, sonolência, aumento de peso. O autor acha prudente o médico pedir um eletrocardiograma antes de prescrever estas medicações por conta de efeitos raros, mais possíveis, destas medicações sobre o coração.
5. Propranolol e atenolol - São medicações que, apesar de usadas para tratar arritmias e pressão alta, são muito, mas muito bons para enxaqueca. Devem ser usados, entretanto, com cautela, pois podem causar queda de pressão. Podem causar ainda insônia, e alguns raros pacientes referem sintomas de depressão com esta medicação. Não devem ser usados, especialmente o propranolol, em asmáticos e portadores de enfisema ou bronquite causada pelo fumo.
6. Ácido valpróico, valproato de sódio e divalproato de sódio - São anticonvulsivantes de uso global na enxaqueca, eficazes em todas as intensidade e frequências. Podem causar raramente, quando bem indicados, problemas de fígado (deve-se medir enzimas hepáticas pelo menos a cada 3 meses), sonolência, aumento de peso, queda de cabelo. Podem dar mal-estar, mas pode este sintoma ser passageiro. Pacientes com doenças do fígado, etilistas e portadores de cirrose não podem usar esta medicação.
7. Topiramato - Outro anticonvulsivante muito bom para as crises, pode causar formigamentos temporários nas mãos, pés e ao redor da boca (sintoma comum e benigno), perda de memória (ocasionalmente, mas pode ser severo a ponto de se ter que parar a medicação), e pode causar cálculo renal (logo, o autor recomenda que se faça um exame de ultrassonografia de rins e vias urinárias antes de se usar esta medicação; em pacientes com história pessoal ou familiar de cálculo, mas sem pedras atualmente, todo o cuidado aqui é pouco).
8. Gabapentina - Outro anticonvulsivante, é razoavelmente eficaz na enxaqueca, e pode causar aumento de peso, sonolência e mal-estar.
9. Toxina botulínica - Iremos discutir sobre ela em tópico a parte.
O que o autor quer não é ensinar as medicações aos pacientes, e muito menos tornar-los capazes de discutir com o médico qual a melhor medicação para si. O que quero é alertar o paciente de que enxaqueca tem tratamento, apesar de aparentemente não ter cura, e mostrar as principais medicações usadas. Quem deve diagnosticar, decidir qual medicação usar, e monitorar o seu uso é o neurologista.
Ah, e na humilde opinião do autor deste artigo, o tratamento, para ser eficaz, deve durar pelo menos 1 ano.
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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista