Artigo retirado do site da BBC News (leia aqui) e traduzido livremente para o blog.
Cocaína muda rapidamente o cérebro
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley e em San Francisco, em estudos em animais (camundongos), publicaram na mundialmente famosa revista Nature Neuroscience achados que relacionam-se ao vício em cocaína. Os estudos demonstraram que novas estruturas sinápticas neuronais ligadas ao aprendizado e à memória começam a crescer logo que a droga é utilizada. Camundongos com as maiores modificações microestruturais cerebrais tiveram maior preferência pela droga (ou seja, há dependência física à droga).
No experimento, os animais ficaram livres para explorar livremente duas câmaras bem diferentes, cada uma com um odor e uma textura de superfície diferentes. Após eles terem escolhido seus ambientes favoritos, os camundongos receberam injeção de cocaína na outra câmara. Um aparelho a laser foi usado para "olhar dentro" dos cérebros dos camundongos vivos atrás de novas espinhas dendríticas (ou seja, novos botões criados para fazer sinapses com outros neurônios - veja um esquema abaixo).
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Acima, à esquerda, um neurônio em verde com seus axônios e os botões sinápticos (as pequenas protrusões saindo dos dendritos - veja na figura acima à direita).
Voltando ao texto, os autores observaram que mais espinhas sinápticas foram produzidas nos animais que receberam cocaína que nos animais que receberam placebo (água), sugerindo que novas memórias se formaram ao redor do uso de drogas. A diferença pode ser observada 2 horas após o uso (ou seja, as novas alterações neuronais foram quase imediatas).
A cocaína produz ganhos rápidos de novos botões sinápticos, e quanto mais botões os neurônios dos animais formam, mais estes animais aprendem sobre a droga, o que pode explicar o mecanismo pelo qual a droga alimenta o comportamento de adição (vício).
Ou seja, o vício é aprendido pelo cérebro, e de forma rápida.
Para se desenvolver um tratamento eficaz, no entanto, mais ainda precisa ser aprendido.
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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista