Você já se perguntou o porquê de o médico lhe pedir uma tomografia de crânio (TC)? E o que é uma tomografia? Uma radiografia do crânio não seria suficiente? Todas estas perguntas serão respondidas... agora!
Tomografia vem do grego, Tomos (Corte) e Graphos (Imagem), ou seja, imagem em cortes. Na verdade, a tomografia é uma forma antiga (mais de 50 anos de idade) de se visualizar o que ocorre dentro do corpo através do corte da região examinada em várias camadas. Pode-se fazer tomografia de qualquer parte do corpo, qualquer mesmo. Mas é do crânio que se pede mais tomografias.
O aparelho de tomografia é um trambolho como esse que você vê abaixo:
Essa imagem veio daqui: http://es.centa.cat/upload/apartat/2tac4-2.JPG
Sua cabeça ou a parte que se quer examinar entra no aro, e é vista em vários cortes de imagens. As imagens são radiografias mais estilosas do que uma radiografia convencional, e são mostradas em grades como se sua cabeça (ou qualquer parte do seu corpo) fosse cortado, e uma foto fosse tirada de cada parte. Observe abaixo uma imagem de tomografia:
Essa imagem, que aliás não está normal, por que mostra um tumor cerebral (área esbranquiçada no centro das imagens mais baixas) veio daqui: http://www.zgapa.pl/zgapedia/data_pictures/_uploads_wiki/c/CompT.jpg
O que ocorre é que vários graus de radiação penetram no corpo e retornam ao aparelho, mandando uma mensagem do que viram, e o aparelho desenha o que vê.
E o que uma tomografia de crânio pode ver? Muito bem, vamos lá:
1. Uma TC pode ver se há sangramentos na sua cabeça, decorrentes de uma ruptura de um aneurisma, de trauma craniano, ou de um derrame por pressão alta;
2. Uma TC pode verificar se há derrame isquêmico, causado pelo entupimento de uma artéria ou veia cerebral;
3. Uma TC pode ver se há alargamento dos espaços de líquido no cérebro - os ventrículos;
4. Uma TC pode verificar se há tumores cerebrais ou lesões que cresçam dentro do cérebro;
5. Uma TC pode ajudar a dizer se aquela dor de cabeça que você sente é algo para se preocupar ou não;
6. Uma TC pode ajudar a dizer se vale a pena colher líquido da espinha por conta de alguma doença cerebral ou não.
Ou seja, a TC serve para várias coisas. E é um exame rápido, que dura 2 a 4 minutos para ser feito, ideal quando se quer pressa e rapidez/urgência, como num pronto-socorro.
E o contraste? Para que serve? Muito bem, o contraste serve para ver melhor coisas que sem o contraste passariam desapercebidos, ou seriam difíceis de ver. Várias doenças sofrem o que chamamos de realce com o contraste, ou seja, ficam mais visíveis. É o caso de alguns tipos de tumores e infecções (abscessos) cerebrais. E o contraste é feito de iodo. Ou seja, quem tem alergia a iodo não pode fazer o contraste. Mas se for necessário, o médico irá prescrever tratamento antilérgico antes do contraste.
Mulheres gestantes podem fazer TC? Somente se o médico que a assiste autorizar, e somente se o benefício ultrapassar o risco para o feto, por que radiação pode levar a problemas fetais.
Quem tem marcapasso pode fazer tomografia de crânio? Diferente da ressonância magnética, da qual falaremos depois, onde há um campo magnético ao redor do paciente, na tomografia não há tal coisa, e não há problemas com marcapassos. Ou seja, sim, quem tem marcapasso pode fazer tomografia!
Agora, quem decide se você tem de fazer ou não uma TC é o médico que lhe assiste. Ele discutirá com você as indicações/contra-indicações, e os porquês de fazer ou não.
E para que serve as radiografias de crânio? Basicamente, hoje em dia, para ver traumas ou anormalidades mais grosseiras, e não deve mais ser solicitada de rotina quando se tem uma tomografia que pode ser usada.
Caros amigos e visitantes, este blog não se destina em nenhuma hipótese a dar diagnósticos ou sugerir tratamentos, mas tão somente a alertar acerca de problemas de saúde. Faça um bem a si mesmo, na existência de algum problema de saúde procure um médico. Não respondo a todos os comentários, e nem em tempo real. Posso demorar dias até ter tempo de respondê-los. Perguntas sobre diagnósticos ou tratamentos devem ser feitas a um médico em consulta.
sábado, junho 25, 2011
sexta-feira, junho 24, 2011
Um lado do meu rosto está pulando ou tremendo - o que é isso?
Este título insólito refere-se a uma condição neurológica bastante conhecida e benigna, chamada de espasmo hemifacial. Espasmo por que há contrações, involuntárias (contra a vontade) e hemifacial por que acomete somente um lado do rosto. Esta é uma condição bastante comum em pessoas mais velhas, acima de 50 anos de idade, e geralmente se relaciona a um nervo já discutido neste blog (Vide aqui), o nervo facial.
Vamos dar uma olhada um pouco mais atrás, de onde o nervo facial sai do tronco cerebral para ir até o seu rosto:
Esta figura foi tirada daqui: http://www.samsunghospital.com/upload/editor/Image/img01(5).jpg
Aí em cima, você vê o seu tronco cerebral, a parte mais baixa do cérebro vista pela frente. Você vê estas estruturas vermelhas? São as artérias. E as estruturas amarelas são os nervos cranianos, os nervos que saem do tronco cerebral e vão para várias regiões do seu rosto, cabeça, pesçoco e mesmo órgãos internos do tórax e abdome. Procure entre as estruturas amarelas a que se relaciona com o algarismo romano VII (equivalente, claro, ao número 7) - este é o nervo facial. Observe que há um cordão vermelho passando por ele. Este cordão é uma artéria, a artéria cerebelar ântero-inferior (Veja aqui) ou AICA. Esta artéria e todas as outras artérias do cérebro em pessoas idosas, especialmente em hipertensos, podem ficar tortuosas, cheias de esses e voltas, e nestas voltas, a artéria pode entrar em contato com o nervo facial, como na figura acima.
Na maior parte dos casos de espasmo hemifacial, o que ocorre é justamente este contato do nervo com a AICA. Em outros casos, há espasmo por lesão do nervo pós-paralisia facial (chama-se a isso de transmissão efática. Trocando em miúdos, o nervo é uma malha de cordões elétricos encapados, sendo que um cordão não entra em contato com o outro. Em uma lesão como ocorre com a paralisia facial periférica, pode ser que a capa destes cordões se degenere, e os fios acabem por entrar em contato uns com os outros. Ou seja, ocorre um curto-circuito dentro do próprio cordão elétrico, e a isso chama-se de transmissão efática).
Outras causas de espasmo hemifacial, especialmente se atípico, ou seja, diferente do que é usualmente visto, podemos ter outras causas, como tumores cerebrais (mas são causas raras). Usualmente, o espasmo começa na páplebra inferior, leve, ocasional, e devagar vai se expandindo para toda a hemiface e ficando mais frequente.
E se o espasmo ocorrer em uma pessoa jovem, o que pode ser? Podemos ter nestes casos não só as causas mais comuns já descritas acima, como a artéria em contato com o nervo, ou mesmo tumores, mas também um surto de esclerose múltipla. Por isso que a investigação de um espasmo hemifacial, especialmente se de início recente, deve envolver uma ressonância do crânio, e mesmo uma ressonância dos vasos do crânio à procura de sinais de contato da AICA com o nervo facial.
E qual o tratamento desta condição? Neste caso, pode-se optar pela toxina botulínica (famoso Botox), injeção feita nos músculos que se contraem, a cada 3 ou 4 meses, e que funciona em quase 100% dos pacientes. Falaremos mais sobre isso em posts posteriores.
Vamos dar uma olhada um pouco mais atrás, de onde o nervo facial sai do tronco cerebral para ir até o seu rosto:
Esta figura foi tirada daqui: http://www.samsunghospital.com/upload/editor/Image/img01(5).jpg
Aí em cima, você vê o seu tronco cerebral, a parte mais baixa do cérebro vista pela frente. Você vê estas estruturas vermelhas? São as artérias. E as estruturas amarelas são os nervos cranianos, os nervos que saem do tronco cerebral e vão para várias regiões do seu rosto, cabeça, pesçoco e mesmo órgãos internos do tórax e abdome. Procure entre as estruturas amarelas a que se relaciona com o algarismo romano VII (equivalente, claro, ao número 7) - este é o nervo facial. Observe que há um cordão vermelho passando por ele. Este cordão é uma artéria, a artéria cerebelar ântero-inferior (Veja aqui) ou AICA. Esta artéria e todas as outras artérias do cérebro em pessoas idosas, especialmente em hipertensos, podem ficar tortuosas, cheias de esses e voltas, e nestas voltas, a artéria pode entrar em contato com o nervo facial, como na figura acima.
Na maior parte dos casos de espasmo hemifacial, o que ocorre é justamente este contato do nervo com a AICA. Em outros casos, há espasmo por lesão do nervo pós-paralisia facial (chama-se a isso de transmissão efática. Trocando em miúdos, o nervo é uma malha de cordões elétricos encapados, sendo que um cordão não entra em contato com o outro. Em uma lesão como ocorre com a paralisia facial periférica, pode ser que a capa destes cordões se degenere, e os fios acabem por entrar em contato uns com os outros. Ou seja, ocorre um curto-circuito dentro do próprio cordão elétrico, e a isso chama-se de transmissão efática).
Outras causas de espasmo hemifacial, especialmente se atípico, ou seja, diferente do que é usualmente visto, podemos ter outras causas, como tumores cerebrais (mas são causas raras). Usualmente, o espasmo começa na páplebra inferior, leve, ocasional, e devagar vai se expandindo para toda a hemiface e ficando mais frequente.
E se o espasmo ocorrer em uma pessoa jovem, o que pode ser? Podemos ter nestes casos não só as causas mais comuns já descritas acima, como a artéria em contato com o nervo, ou mesmo tumores, mas também um surto de esclerose múltipla. Por isso que a investigação de um espasmo hemifacial, especialmente se de início recente, deve envolver uma ressonância do crânio, e mesmo uma ressonância dos vasos do crânio à procura de sinais de contato da AICA com o nervo facial.
E qual o tratamento desta condição? Neste caso, pode-se optar pela toxina botulínica (famoso Botox), injeção feita nos músculos que se contraem, a cada 3 ou 4 meses, e que funciona em quase 100% dos pacientes. Falaremos mais sobre isso em posts posteriores.
segunda-feira, junho 20, 2011
Quantos anos um neurologista estuda para começar a atender os pacientes?
Um neurologista é um clínico especializado nas doenças do sistema nervoso, um grupo de estruturas e órgãos de alta complexidade. E como todo clínico, aliás, como todo médico, um neurologista é produto de uma faculdade de medicina ou uma universidade, na qual ele(a) entrou através de um vestibular. Logo, de início são necessários 6 anos de faculdade, onde o futuro neurologista estudará as bases da medicina, com o estudo das células (citologia), tecidos (histologia), órgãos e sistemas (cadeiras clínicas e cirúrgicas); estudo das substâncias usadas na terapia (farmacologia), estudo das bases éticas da prática médica (deondotologia médica) e das várias especialidades, desde clínica geral, passando por todas as especialidades clínicas, cirúrgicas, até pediatria (estudo das doenças nas crianças), obstetrícia e ginecologia (estudo do aparelho sexual feminino, suas doenças e o processo da gestação e parto) e ortopedia (estudo dos ossos, articulações, ligamentos e músculos, e suas doenças).
Após 6 longos anos de estudos na faculdade, o futuro neurologista deverá estudar ainda mais para um novo e mais pesado vestibular, a prova de residência médica. Após passar na prova de residência, o neurologista cursará 1 a 2 anos de clínica geral, e dependendo da situação da legislação atual, passará logo depois para 2 anos de neurologia, ou deverá fazer nova prova de residência para entrar na residência de neurologia.
Depois destes 9 a 10 anos de estudo, o neurologista agora formado poderá fazer especialização (o que é desejado) ou uma pós-graduação como mestrado ou doutorado (mais de 2 a 4 anos) e mesmo um estágio no exterior (de 6 meses a 2 ou 3 anos).
Vida dura, não? São, ao todo, de 12 a 14 anos, e após isso, o neurologista continua estudando até o fim da carreira (ou da vida), por que informações médicas são disponibilizadas na literatura especializada todos os dias, e o médico necessita estar atualizado para cuidar bem de seus pacientes.
Após 6 longos anos de estudos na faculdade, o futuro neurologista deverá estudar ainda mais para um novo e mais pesado vestibular, a prova de residência médica. Após passar na prova de residência, o neurologista cursará 1 a 2 anos de clínica geral, e dependendo da situação da legislação atual, passará logo depois para 2 anos de neurologia, ou deverá fazer nova prova de residência para entrar na residência de neurologia.
Depois destes 9 a 10 anos de estudo, o neurologista agora formado poderá fazer especialização (o que é desejado) ou uma pós-graduação como mestrado ou doutorado (mais de 2 a 4 anos) e mesmo um estágio no exterior (de 6 meses a 2 ou 3 anos).
Vida dura, não? São, ao todo, de 12 a 14 anos, e após isso, o neurologista continua estudando até o fim da carreira (ou da vida), por que informações médicas são disponibilizadas na literatura especializada todos os dias, e o médico necessita estar atualizado para cuidar bem de seus pacientes.
quarta-feira, junho 15, 2011
Qual a relação entre o coração e o cérebro?
O coração é o órgão que bombeia sangue para todo o corpo através das artérias e o recebe de volta através das veias. O sangue que vai pelas artérias acabou de ser oxigenado pelos pulmões e estâ rico em oxigênio novinho (por isso que você não pode ficar sem ar para respirar, por que senão o sangue fica cheio de gás carbônico, e sem oxigênio, e não consegue alimentar os órgãos, que necessitam de oxigênio para viver). O sangue das veias está cheio de toxinas que vieram dos órgãos, lixo metabólico, e cheio de gás carbônico. Esse lixo do sangue é reciclado no fígado e o que não presta excretado pelos rins. Viu como seu corpo é uma máquina incrível? Ele funciona direitinho.
Mas o coração tem alguma coisa a ver com o cérebro? Sim, tem! Por que o sangue que vai para o cérebro vem do coração e por que os vasos que vão para o cérebro também vêm do coração. Logo, se de repente um coágulo de dentro do coração se soltar, ele pode ir para o cérebro, como pode ocorrer após um infarto do coração (o famoso ataque cardíaco) ou com certas arritmias.
Infartos do coração podem levar a morte de áreas do coração, o que poderia levar a formação de coágulos (pois o coração, como falamos, é uma bomba, e ele contrai toda a sua superfície. Se uma área morre, aquela região não contrai, e pode levar a formação de coágulos) e posterior saída destes no sangue para o cérebro (embolia, ou seja, quando um coágulo em um local sai e vai para outro local pela corrente sanguínea). Certas arritmias cardíacas (alterações do ritmo ou das batidas do coração) podem levar também a formação de coágulos e consequentes derrames. Endocardite bacteriana, uma infecção do coração (sim, o coração também pode ser infectado) pode também levar a embolia para o cérebro.
Essas são algumas das possibilidades de uma doença do coração causar problemas no cérebro. Falaremos mais em outros artigos.
Mas o coração tem alguma coisa a ver com o cérebro? Sim, tem! Por que o sangue que vai para o cérebro vem do coração e por que os vasos que vão para o cérebro também vêm do coração. Logo, se de repente um coágulo de dentro do coração se soltar, ele pode ir para o cérebro, como pode ocorrer após um infarto do coração (o famoso ataque cardíaco) ou com certas arritmias.
Infartos do coração podem levar a morte de áreas do coração, o que poderia levar a formação de coágulos (pois o coração, como falamos, é uma bomba, e ele contrai toda a sua superfície. Se uma área morre, aquela região não contrai, e pode levar a formação de coágulos) e posterior saída destes no sangue para o cérebro (embolia, ou seja, quando um coágulo em um local sai e vai para outro local pela corrente sanguínea). Certas arritmias cardíacas (alterações do ritmo ou das batidas do coração) podem levar também a formação de coágulos e consequentes derrames. Endocardite bacteriana, uma infecção do coração (sim, o coração também pode ser infectado) pode também levar a embolia para o cérebro.
Essas são algumas das possibilidades de uma doença do coração causar problemas no cérebro. Falaremos mais em outros artigos.
segunda-feira, junho 13, 2011
A objetividade do diagnóstico em neurologia
O diagnóstico em medicina é uma arte, por que exige não só o conhecimento geral da especialidade a qual se pratica, inclusive as doenças mais raras, como um conhecimento de cada paciente, pois como é conhecido no velho bordão, cada caso é um caso.
Cada paciente tem uma história para contar, e deveras dois pacientes com o mesmo diagnóstico podem ter quadros completamente diferentes na dependência de vários fatores:
1. Os mesmos sintomas podem ser mais ou menos valorizados por cada paciente, e se o médico não participa de forma ativa da consulta, deixando somente o paciente queixar-se sem questioná-lo, pode deixar passar algum sintoma que o auxilie no diagnóstico;
2. A doença nem sempre se manifesta da mesma maneira em todos os pacientes. Por exemplo, uma gripe pode se manifestar como febre, dor de garganta e secreção nasal em um paciente, e como mal-estar, perda de apetite, febre e dores generalizadas em outro paciente.
3. Uma mesma doença pode variar em apresentação dependendo da idade do paciente. Em idosos, por exemplo, uma meningite bacteriana pode se manifestar como confusão aguda e sonolência, com nuca rígida, e em adultos como febre, rigidez nucal, fotofobia (dificuldade de olhar para a luz) e febre.
4. A base genética do paciente pode determinar o comportamento da doença em cada paciente.
5. As doenças que o paciente pode ter podem confundir o diagnóstico de uma nova doença, como por exemplo um infarto do miocárdio em um paciente diabético grave, que pode não apresentar a dor de peito característica, e somente um mal-estar epigástrico (na boca do estômago) ou falta de ar.
Ou seja, há vários motivos pelos quais uma mesma doença pode se manifestar de formas diversas, e isso exige do médico um conhecimento geral da medicina e de sua especialidade. Já há casos em que o diagnóstico é menos direto, pois a doença é mais rara ou menos conhecida, e se o médico não tem o conhecimento desta doença ou nunca leu a seu respeito, terá menos chances de diagnosticá-la. Logo, quanto mais um médico lê, estuda, compra livros, assina revistas médicas e vai a simpósios e congressos, mantendo contato com líderes de sua área, melhor para seus pacientes.
Quanto mais o médico estuda e vasculha a história do paciente, mais chances ele terá de fazer seu diagnóstico, e menos exames laboratoriais serão solicitados. Pedir muitos exames nem sempre é bom, pois muitos exames podem dar informações conflitantes, sugerindo vários diagnósticos diferentes (quem determina o diagnóstico são os sintomas do paciente, e não os resultados dos exames). E se o médico não consegue fazer um diagnóstico inicial com base no que ele ouve do paciente e vê em seu exame clínico (exame geral e neurológico), dificilmente ele conseguirá chegar a um diagnóstico com base em exames, pois não saberá quais exames pedir. Pedir vários exames leva a confusão. O médico deve pedir os exames necessários para cada caso. E quem não sabe o que procura, não saberá interpretar o que encontra (parafraseando o famoso médico anglo-canadense, pai da Clínica Médica, William Osler).
Há pacientes que medem o quanto um médico é bom pela maior quantidade de exames que solicita. Pois eu, como médico, digo que é exatamente o contrário. O melhor médico é aquele que faz o diagnóstico correto com o mínimo de exames possível. E isso é ser objetivo no diagnóstico.
Logo, valorize seu médico. Ele estuda pra ajudá-lo, ele compra livros (que são muito caros), assina revistas médicas, vai a congressos dentro e fora de seu país de origem, lê muito para o ajudar, para ter conhecimento da maior parte das doenças que podem acometer seus pacientes e dos exames certos para solicitar.
Cada paciente tem uma história para contar, e deveras dois pacientes com o mesmo diagnóstico podem ter quadros completamente diferentes na dependência de vários fatores:
1. Os mesmos sintomas podem ser mais ou menos valorizados por cada paciente, e se o médico não participa de forma ativa da consulta, deixando somente o paciente queixar-se sem questioná-lo, pode deixar passar algum sintoma que o auxilie no diagnóstico;
2. A doença nem sempre se manifesta da mesma maneira em todos os pacientes. Por exemplo, uma gripe pode se manifestar como febre, dor de garganta e secreção nasal em um paciente, e como mal-estar, perda de apetite, febre e dores generalizadas em outro paciente.
3. Uma mesma doença pode variar em apresentação dependendo da idade do paciente. Em idosos, por exemplo, uma meningite bacteriana pode se manifestar como confusão aguda e sonolência, com nuca rígida, e em adultos como febre, rigidez nucal, fotofobia (dificuldade de olhar para a luz) e febre.
4. A base genética do paciente pode determinar o comportamento da doença em cada paciente.
5. As doenças que o paciente pode ter podem confundir o diagnóstico de uma nova doença, como por exemplo um infarto do miocárdio em um paciente diabético grave, que pode não apresentar a dor de peito característica, e somente um mal-estar epigástrico (na boca do estômago) ou falta de ar.
Ou seja, há vários motivos pelos quais uma mesma doença pode se manifestar de formas diversas, e isso exige do médico um conhecimento geral da medicina e de sua especialidade. Já há casos em que o diagnóstico é menos direto, pois a doença é mais rara ou menos conhecida, e se o médico não tem o conhecimento desta doença ou nunca leu a seu respeito, terá menos chances de diagnosticá-la. Logo, quanto mais um médico lê, estuda, compra livros, assina revistas médicas e vai a simpósios e congressos, mantendo contato com líderes de sua área, melhor para seus pacientes.
Quanto mais o médico estuda e vasculha a história do paciente, mais chances ele terá de fazer seu diagnóstico, e menos exames laboratoriais serão solicitados. Pedir muitos exames nem sempre é bom, pois muitos exames podem dar informações conflitantes, sugerindo vários diagnósticos diferentes (quem determina o diagnóstico são os sintomas do paciente, e não os resultados dos exames). E se o médico não consegue fazer um diagnóstico inicial com base no que ele ouve do paciente e vê em seu exame clínico (exame geral e neurológico), dificilmente ele conseguirá chegar a um diagnóstico com base em exames, pois não saberá quais exames pedir. Pedir vários exames leva a confusão. O médico deve pedir os exames necessários para cada caso. E quem não sabe o que procura, não saberá interpretar o que encontra (parafraseando o famoso médico anglo-canadense, pai da Clínica Médica, William Osler).
Há pacientes que medem o quanto um médico é bom pela maior quantidade de exames que solicita. Pois eu, como médico, digo que é exatamente o contrário. O melhor médico é aquele que faz o diagnóstico correto com o mínimo de exames possível. E isso é ser objetivo no diagnóstico.
Logo, valorize seu médico. Ele estuda pra ajudá-lo, ele compra livros (que são muito caros), assina revistas médicas, vai a congressos dentro e fora de seu país de origem, lê muito para o ajudar, para ter conhecimento da maior parte das doenças que podem acometer seus pacientes e dos exames certos para solicitar.
domingo, junho 12, 2011
Por que o olho parece tremer de vez em quando?
Ocasionalmente, sentimos o olho de um lado tremer, como se uma corrente elétrica passasse por ele, não é mesmo? E você sabe o que é isso? Bem, o nome disso é mioquimia, e este nome diferente é dado para as contrações musculares involuntárias (sem nossa vontade) de fibras de pequenos músculos. Sim, há um músculo ao redor de seu olho, chamado de orbicular dos olhos (na verdade, há vários músculos ao redor de seu olho, mas vamos falar somente deste).
O orbicular dos olhos é esse músculo que você vê aí embaixo:
Essa imagem veio daqui: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/images/ency/fullsize/19661.jpg
Quando as pequenas fibras deste músculo contraem-se de forma involuntária, dá-se o nome de mioquimia, e que é justamente a sensação que você tem.
Mas quais são as causas disso?
Bem, a causa mais importante, e que é a mais comumente vista nos consultósrios, é estresse. Isso mesmo, e por estresse define-se estresse mental, cansaço e ansiedade. Nestes casos a mioquimia dura de horas a alguns dias, podendo ser intervalada por períodose sem sintomas (assintomáticos), e podendo piorar com a piora do cansaço ou falta de sono.
Mas em casos em que as mioquimias parecem não ir embora, permanecendo cada vez mais constantes, e especialmente quando vêm com outros sintomas, como contrações de fibras dos grandes músculos dos braços e pernas (fasciculações), alterações de força ou sensibilidade, cansaço excessivo e incapacidade de realizar exercícios (intolerância ao exercício), sintomas gerais como fadiga, emagrecimento, náuseas, vômitos, alterações do ritmo cardíaco (arritmias) ou alterações visuais/paladar/olfato, podemos ter causas mais graves, e que precisarão ser investigadas por um neurologista em consultório.
O que você deve aprender deste artigo é que o pequeno tremor, ou mioquimia, que você ocasionalmente sente quando cansado/a ou estafado/a, pode ser benigno, e indicar somente que você está precisando descansar. Mas se os sintomas parecerem durar mais tempo ou outros sintomas se somarem à mioquimia, o que você tem de fazer é procurar um médico o mais rápido possível.
Outras causas de mioquimia:
1. Distúrbios elerolíticos, como alterações de magnésio, cálcio, fósforo, sódio, potássio
2. Problemas de tireóide, especialmente hipertireoidismo, mas hipotireoidismo também
3. Lesões cerebrais, especialmente gliomas (tumores) de tronco
4. Esclerose lateral amiotrófica (causa grave, e que leva a mioquimia persistente juntamente com outros sintomas de evolução moderadamente rápida)
5. Abuso de álcool e de outras drogas
6. Algumas medicações
7. Doenças auto-imunes, como miastenia gravis e lúpus
8. Síndrome de Guillain-Barré e outras formas de radiculopatia generalizada
9. Espasmo hemifacial (causa comum) por compressão do nervo facial por uma artéria
10. Quando difusa (em vários músculos) e ocorrendo desde cedo na vida pode estar relacionada a algumas formas de síndrome de hiperexcitabilidade muscular, quando o músculo contrai de forma involuntária e espontânea, como na síndrome de Isaacs, rippling disease ou neuromiotonia
11. Outras causas, como surto de esclerose múltipla
Esta lista não pretende ser exaustiva, e nem quer meter medo. Quer simplesmente mostrar como este sintomas pode ter várias causas, e antes de você fazer qualquer suposição, vá a um médico sempre que achar que precisa ir.
O orbicular dos olhos é esse músculo que você vê aí embaixo:
Essa imagem veio daqui: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/ency/images/ency/fullsize/19661.jpg
Quando as pequenas fibras deste músculo contraem-se de forma involuntária, dá-se o nome de mioquimia, e que é justamente a sensação que você tem.
Mas quais são as causas disso?
Bem, a causa mais importante, e que é a mais comumente vista nos consultósrios, é estresse. Isso mesmo, e por estresse define-se estresse mental, cansaço e ansiedade. Nestes casos a mioquimia dura de horas a alguns dias, podendo ser intervalada por períodose sem sintomas (assintomáticos), e podendo piorar com a piora do cansaço ou falta de sono.
Mas em casos em que as mioquimias parecem não ir embora, permanecendo cada vez mais constantes, e especialmente quando vêm com outros sintomas, como contrações de fibras dos grandes músculos dos braços e pernas (fasciculações), alterações de força ou sensibilidade, cansaço excessivo e incapacidade de realizar exercícios (intolerância ao exercício), sintomas gerais como fadiga, emagrecimento, náuseas, vômitos, alterações do ritmo cardíaco (arritmias) ou alterações visuais/paladar/olfato, podemos ter causas mais graves, e que precisarão ser investigadas por um neurologista em consultório.
O que você deve aprender deste artigo é que o pequeno tremor, ou mioquimia, que você ocasionalmente sente quando cansado/a ou estafado/a, pode ser benigno, e indicar somente que você está precisando descansar. Mas se os sintomas parecerem durar mais tempo ou outros sintomas se somarem à mioquimia, o que você tem de fazer é procurar um médico o mais rápido possível.
Outras causas de mioquimia:
1. Distúrbios elerolíticos, como alterações de magnésio, cálcio, fósforo, sódio, potássio
2. Problemas de tireóide, especialmente hipertireoidismo, mas hipotireoidismo também
3. Lesões cerebrais, especialmente gliomas (tumores) de tronco
4. Esclerose lateral amiotrófica (causa grave, e que leva a mioquimia persistente juntamente com outros sintomas de evolução moderadamente rápida)
5. Abuso de álcool e de outras drogas
6. Algumas medicações
7. Doenças auto-imunes, como miastenia gravis e lúpus
8. Síndrome de Guillain-Barré e outras formas de radiculopatia generalizada
9. Espasmo hemifacial (causa comum) por compressão do nervo facial por uma artéria
10. Quando difusa (em vários músculos) e ocorrendo desde cedo na vida pode estar relacionada a algumas formas de síndrome de hiperexcitabilidade muscular, quando o músculo contrai de forma involuntária e espontânea, como na síndrome de Isaacs, rippling disease ou neuromiotonia
11. Outras causas, como surto de esclerose múltipla
Esta lista não pretende ser exaustiva, e nem quer meter medo. Quer simplesmente mostrar como este sintomas pode ter várias causas, e antes de você fazer qualquer suposição, vá a um médico sempre que achar que precisa ir.
sábado, junho 11, 2011
Por que a perna sobe quando se bate no joelho com um martelo?
Um neurologista é um médico especial, por que usa vários aparelhos que pertencem a outras especialidades, como oftalmologistas (o oftalmoscópio, para ver o fundo de olho) e otorrinolaringologistas (o otoscópio, para ver dentro do ouvido), fora é claro o uso do estetoscópio, arma principal do clínico além da visão, da audição e do tato, para ver o coração, os pulmões, e outras coisas mais que nós neurologistas procuramos. Mas há um aparelhinho simples, que somente os neurologistas usam, que é o martelo de reflexos. E há toda uma fantasia em cima desse martelo, justamente por causa da resposta normal do teste do reflexo patelar obtido ao se bater o martelo no tendão do joelho, observando-se o levantar da perna. Quantos de nós não achamos engraçado a perna levantar quando se bate no joelho? Mas saibam que esse é um sinal muito importante.
Antes de falarmos mais, só gostaria de lembrar ao leitor que há martelos especiais para isso, e não é qualquer objeto que pode ser usado para testar o reflexo, por que pode haver lesão do joelho dependendo do objeto usado. Se você quiser testar seu reflexo, sente em uma cadeira alta, deixe as pernas pendentes, e com o dedo indicador ou um objeto mole (especialmente de borracha) bata rápido e levemente no tendão (o cordão grosso e elástico logo abixo o joelho) e você verá a perna levantar.
Em primeiro lugar, há vários tipos de martelos, desde os mais simples, como o de Taylor, até os mais sofisticados. Como existem vários tamanhos de braços e pernas, e um tendão, que é a inserção do músculo no osso, pode ser maior em um lugar que no outro (o tendão do flexor longo do polegar é pequeno em comparação com o grosso tendão de Aquiles, no calcanhar), há também a necessidade de vários tamanhos de martelos. E há martelos para crianças e adultos. Aqui vão as fotos de alguns martelos.
Há mais martelos parecidos ou diferentes destes. Eu mesmo tenho 5 martelos comigo, e os carrego sempre que vou ao consultório.
Bem, mas afinal de contas, qual a importância disso?
Muito bem, vamos falar rapidamente de algo interessante chamado de arco reflexo. Imagine-se na cozinha de sua casa, e você vai pegar algo em cima do fogão, que acabou de ser apagado (ainda está quente). Sua mão sem querer encosta na boca quente do fogão, e você imediatamente retira a mão do fogão. Isso é um arco reflexo. Na verdade, arco reflexo é uma via rápida, que não depende do cérebro em si mas sim dos nervos e da medula. Algo acontece na periferia (você se queimou, e a periferia é sua mão) que estimula um nervo sensitivo (o calor e a dor que ele produz), levando esta informação à medula que transmite a informação rapidamente aos neurônios motores responsáveis por mover a extremidade em questão (sua mão, que tem de ser retirada dali o mais rápido possível). E o mais incrível, isso ocorre em questão de milissegundos (frações minúsculas de segundo), transformando o arco reflexo em uma das respostas mais rápidas da natureza. E isso ocorre em todos os animais mais complexos ou que tenham sistema nervoso, e o homem não é exceção.
Os neurônios motores estão em íntimo contato com os sensitivos na medula, e um sabe do outro o que está acontecendo na periferia.
Bem, e o reflexo que se examina no consultório? Ele também é um arco reflexo? A resposta a essa pergunta é um retumbante SIM! Mas neste caso, o estímulo não é calor ou dor, mas o estiramento (ou seja, a rápida compressão) de um tendão muscular, que leva a uma resposta sensitiva diferente, dita proprioceptiva, que leva a uma contração reflexa do músculo estimulado (estirado).
Observe que a via é parecida com o caso da queimadura no fogão, por que é quase a mesma coisa. Só que a via sensitiva é outra, só isso de diferente.
Mas para que examinar reflexos? Qual a importância deles?
Hum, entramos na parte boa da história. Vamos lá. O exame de reflexos é a parte mais importante do exame neurológico, pela informação que dá e pela objetividade. Testam-se reflexos em vários músculos do corpo, e em teoria qualquer músculo pode ter seu reflexo testado, mas é claro que isso seria impraticável com o tempo que dispomos e a quantidade de pacientes que temos que ver, além de ser inútil. Testam-se os seguintes músculos, de cada lado, comparando-se um lado com o outro:
1. Bíceps (bicipital) - músculo da parte anterior do braço
2. Tríceps (tricipital) - músculo da parte posterior do braço
3. Peitoral maior (peitoral) - músculo do peito
4. Cúbito e Rádio-pronador - músculos do antebraço
5. Flexor dos dedos - também da parte anterior do antebraço
6. Adutores da coxa (adutor) - na parte de dentro do joelho
7. Flexores da coxa (hamstrings) - reflexos da parte posterior do joelho, tanto na parte de fora como na de dentro
8. Quadríceps (patelar) - na patela, ou rótula, ma parte da frente da perna
9. Tríceps sural (aquileu) - no calcanhar
O que nos diz um exame de reflexos?
Se o paciente não apresenta sintoma nenhum e o exame está normal, mas os reflexos estão globalmente diminuídos ou muito vivos, isso pode ser normal, pois há variações de paciente para paciente.
Em um paciente com doença neurológica, o exame de reflexos nos ajuda a dizer se a doença é no cérebro, na medula ou nos nervos/raízes/plexos.
Em caso de doença cerebral, geralmente os reflexos esão aumentados de um lado do corpo, podendo estar diminuídos de um lado na instalação de uma lesão aguda, como um derrame. Em caso de doenças de progressão lenta, como um tumor, os reflexos de um lado (do lado contrário à lesão - vamos ver o porquê disso em um artigo posterior) podem estar normais ou vivos/exaltados.
Em caso de doença medular, os reflexos podem estar abolidos/ausentes se a doença é aguda (como em um trauma medular ou um derrame de medula - sim, isso existe!), ou bem vivos/exaltados em casos de doenças de lenta evolução ou após semanas/meses de um lesão medular. Dependendo do nível da lesão (pescoço, dorso ou lombar), podemos ter um ou mais reflexos alterados, e isso serve para dizer a localização de uma lesão, pois cada reflexo é servido por uma raiz diferente que sai da medula. Assim, o reflexo bicipital é servido pelas raízes da 5ª e da 6ª vértebras cervicais, e portando uma lesão abaixo deste nível, por exemplo, ao nível da 2ª vértebra torácica, não causará lesão e deixará o reflexo bicipital normal. Já neste caso, o reflexo patelar estará exaltado/vivo, por que a lesão desconectou a medula do cérebro, ou causou lesão nas vias que vêm e vão da medula para o cérebro, e levou à exaltação dos reflexos.
Já em caso de doença no sistema nervoso periférico (raízes, plexos e nervos) é que o negócio fica mais interessante, por que aqui o exame dos reflexos pode até dizer qual raiz ou mesmo qual nervo que foi lesado. E nestes casos, como estarão os reflexos?
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Você sabe?
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Ora, uma lesão de uma raiz, plexo ou nervo leva a lesão de uma das vias do arco reflexo. O arco reflexo, como você pode ver nas figuras acima, tem uma via que entra e outra que sai da medula. Ou seja, respectivamente, uma via aferente e uma eferente. Caso seja lesada uma destas vias, o que ocorre é como se houvesse duas estradas de uma cidade para outra, e uma das vias ficasse bloqueada. O que ocorreria? Não passaria mais carro ali. Logo, se há lesão de uma das vias, ou a que leva ou a que traz a informação, o que há é a perda ou a diminuição dos reflexos! E como cada reflexo depende de um nervo e de uma ou mais raízes, a perda de um reflexo em um braço ou uma perna pode falar a favor de lesão em uma raiz, um plexo (que é o conjunto de nervos que saem de várias raízes) ou de um nervo.
Assim, pacientes que tiveram trauma de parto por conta de fórceps podem ter o braço fraco e atrofiado por que houve lesão das raízes e dos plexos que vão para o braço. Nestes pacientes os reflexos no braço lesado estarão abolidos por conta desta lesão. Um paciente com lesão do nervo musculocutâneo, ramo do mediano e que serve o reflexo bicipital, terá o reflexo bicipital do lado da lesão diminuído ou ausente, por conta disso.
Há algum tempo, vi um amigo obeso que havia ficado horas sentado. Ele estava dirigindo sem parar havia quase 20 horas, e quando parou teve fraqueza da coxa e já não conseguia ficar em pé, além de muita dor. Eu o examinei e vi que o reflexo patelar do lado doente estava ausente/abolido, ou seja, a perna dele não mais levantava quando eu batia com o martelo de reflexos no joelho, indicando lesão de um nervo importante, o nervo femoral. Logo, o exame de reflexos disse o nervo afetado, por que os outros reflexos daquela perna estavam normais. Se os outros reflexos estivessem alterados, eu não pensaria em doença de nervos ou plexo, mas em outra coisa, como algo na medula ou no cérebro.
Bem, espero que com esta explicação longa, você tenha entendido o porquê que o neurologista usa o martelo de reflexos. Avaliar os reflexos de um paciente com doença neurológica é uma arte, e sua interpretação correta pode ajudar bastante na localização da lesão, e por último, no diagnóstico.
Antes de falarmos mais, só gostaria de lembrar ao leitor que há martelos especiais para isso, e não é qualquer objeto que pode ser usado para testar o reflexo, por que pode haver lesão do joelho dependendo do objeto usado. Se você quiser testar seu reflexo, sente em uma cadeira alta, deixe as pernas pendentes, e com o dedo indicador ou um objeto mole (especialmente de borracha) bata rápido e levemente no tendão (o cordão grosso e elástico logo abixo o joelho) e você verá a perna levantar.
Em primeiro lugar, há vários tipos de martelos, desde os mais simples, como o de Taylor, até os mais sofisticados. Como existem vários tamanhos de braços e pernas, e um tendão, que é a inserção do músculo no osso, pode ser maior em um lugar que no outro (o tendão do flexor longo do polegar é pequeno em comparação com o grosso tendão de Aquiles, no calcanhar), há também a necessidade de vários tamanhos de martelos. E há martelos para crianças e adultos. Aqui vão as fotos de alguns martelos.
http://www.steeles.com/images/smallins_hammers2.gif |
Há mais martelos parecidos ou diferentes destes. Eu mesmo tenho 5 martelos comigo, e os carrego sempre que vou ao consultório.
Bem, mas afinal de contas, qual a importância disso?
Muito bem, vamos falar rapidamente de algo interessante chamado de arco reflexo. Imagine-se na cozinha de sua casa, e você vai pegar algo em cima do fogão, que acabou de ser apagado (ainda está quente). Sua mão sem querer encosta na boca quente do fogão, e você imediatamente retira a mão do fogão. Isso é um arco reflexo. Na verdade, arco reflexo é uma via rápida, que não depende do cérebro em si mas sim dos nervos e da medula. Algo acontece na periferia (você se queimou, e a periferia é sua mão) que estimula um nervo sensitivo (o calor e a dor que ele produz), levando esta informação à medula que transmite a informação rapidamente aos neurônios motores responsáveis por mover a extremidade em questão (sua mão, que tem de ser retirada dali o mais rápido possível). E o mais incrível, isso ocorre em questão de milissegundos (frações minúsculas de segundo), transformando o arco reflexo em uma das respostas mais rápidas da natureza. E isso ocorre em todos os animais mais complexos ou que tenham sistema nervoso, e o homem não é exceção.
Os neurônios motores estão em íntimo contato com os sensitivos na medula, e um sabe do outro o que está acontecendo na periferia.
Bem, e o reflexo que se examina no consultório? Ele também é um arco reflexo? A resposta a essa pergunta é um retumbante SIM! Mas neste caso, o estímulo não é calor ou dor, mas o estiramento (ou seja, a rápida compressão) de um tendão muscular, que leva a uma resposta sensitiva diferente, dita proprioceptiva, que leva a uma contração reflexa do músculo estimulado (estirado).
http://t0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQMsYRW962xiOimdC_0zm_UKHDrTFlZ3tBwbHTiWOsYnWPckaol&t=1 |
Observe que a via é parecida com o caso da queimadura no fogão, por que é quase a mesma coisa. Só que a via sensitiva é outra, só isso de diferente.
Mas para que examinar reflexos? Qual a importância deles?
Hum, entramos na parte boa da história. Vamos lá. O exame de reflexos é a parte mais importante do exame neurológico, pela informação que dá e pela objetividade. Testam-se reflexos em vários músculos do corpo, e em teoria qualquer músculo pode ter seu reflexo testado, mas é claro que isso seria impraticável com o tempo que dispomos e a quantidade de pacientes que temos que ver, além de ser inútil. Testam-se os seguintes músculos, de cada lado, comparando-se um lado com o outro:
1. Bíceps (bicipital) - músculo da parte anterior do braço
2. Tríceps (tricipital) - músculo da parte posterior do braço
3. Peitoral maior (peitoral) - músculo do peito
4. Cúbito e Rádio-pronador - músculos do antebraço
5. Flexor dos dedos - também da parte anterior do antebraço
6. Adutores da coxa (adutor) - na parte de dentro do joelho
7. Flexores da coxa (hamstrings) - reflexos da parte posterior do joelho, tanto na parte de fora como na de dentro
8. Quadríceps (patelar) - na patela, ou rótula, ma parte da frente da perna
9. Tríceps sural (aquileu) - no calcanhar
O que nos diz um exame de reflexos?
Se o paciente não apresenta sintoma nenhum e o exame está normal, mas os reflexos estão globalmente diminuídos ou muito vivos, isso pode ser normal, pois há variações de paciente para paciente.
Em um paciente com doença neurológica, o exame de reflexos nos ajuda a dizer se a doença é no cérebro, na medula ou nos nervos/raízes/plexos.
Em caso de doença cerebral, geralmente os reflexos esão aumentados de um lado do corpo, podendo estar diminuídos de um lado na instalação de uma lesão aguda, como um derrame. Em caso de doenças de progressão lenta, como um tumor, os reflexos de um lado (do lado contrário à lesão - vamos ver o porquê disso em um artigo posterior) podem estar normais ou vivos/exaltados.
Em caso de doença medular, os reflexos podem estar abolidos/ausentes se a doença é aguda (como em um trauma medular ou um derrame de medula - sim, isso existe!), ou bem vivos/exaltados em casos de doenças de lenta evolução ou após semanas/meses de um lesão medular. Dependendo do nível da lesão (pescoço, dorso ou lombar), podemos ter um ou mais reflexos alterados, e isso serve para dizer a localização de uma lesão, pois cada reflexo é servido por uma raiz diferente que sai da medula. Assim, o reflexo bicipital é servido pelas raízes da 5ª e da 6ª vértebras cervicais, e portando uma lesão abaixo deste nível, por exemplo, ao nível da 2ª vértebra torácica, não causará lesão e deixará o reflexo bicipital normal. Já neste caso, o reflexo patelar estará exaltado/vivo, por que a lesão desconectou a medula do cérebro, ou causou lesão nas vias que vêm e vão da medula para o cérebro, e levou à exaltação dos reflexos.
Já em caso de doença no sistema nervoso periférico (raízes, plexos e nervos) é que o negócio fica mais interessante, por que aqui o exame dos reflexos pode até dizer qual raiz ou mesmo qual nervo que foi lesado. E nestes casos, como estarão os reflexos?
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Você sabe?
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Ora, uma lesão de uma raiz, plexo ou nervo leva a lesão de uma das vias do arco reflexo. O arco reflexo, como você pode ver nas figuras acima, tem uma via que entra e outra que sai da medula. Ou seja, respectivamente, uma via aferente e uma eferente. Caso seja lesada uma destas vias, o que ocorre é como se houvesse duas estradas de uma cidade para outra, e uma das vias ficasse bloqueada. O que ocorreria? Não passaria mais carro ali. Logo, se há lesão de uma das vias, ou a que leva ou a que traz a informação, o que há é a perda ou a diminuição dos reflexos! E como cada reflexo depende de um nervo e de uma ou mais raízes, a perda de um reflexo em um braço ou uma perna pode falar a favor de lesão em uma raiz, um plexo (que é o conjunto de nervos que saem de várias raízes) ou de um nervo.
Assim, pacientes que tiveram trauma de parto por conta de fórceps podem ter o braço fraco e atrofiado por que houve lesão das raízes e dos plexos que vão para o braço. Nestes pacientes os reflexos no braço lesado estarão abolidos por conta desta lesão. Um paciente com lesão do nervo musculocutâneo, ramo do mediano e que serve o reflexo bicipital, terá o reflexo bicipital do lado da lesão diminuído ou ausente, por conta disso.
Há algum tempo, vi um amigo obeso que havia ficado horas sentado. Ele estava dirigindo sem parar havia quase 20 horas, e quando parou teve fraqueza da coxa e já não conseguia ficar em pé, além de muita dor. Eu o examinei e vi que o reflexo patelar do lado doente estava ausente/abolido, ou seja, a perna dele não mais levantava quando eu batia com o martelo de reflexos no joelho, indicando lesão de um nervo importante, o nervo femoral. Logo, o exame de reflexos disse o nervo afetado, por que os outros reflexos daquela perna estavam normais. Se os outros reflexos estivessem alterados, eu não pensaria em doença de nervos ou plexo, mas em outra coisa, como algo na medula ou no cérebro.
Bem, espero que com esta explicação longa, você tenha entendido o porquê que o neurologista usa o martelo de reflexos. Avaliar os reflexos de um paciente com doença neurológica é uma arte, e sua interpretação correta pode ajudar bastante na localização da lesão, e por último, no diagnóstico.
sexta-feira, junho 10, 2011
Resumo do congresso da MDS
Boa tarde. Estou de volta com algumas notícias.
Mas antes de iniciarmos, quero fazer algumas considerações:
A MDS (Movement Disorders Society) é a entidade internacional que estuda os chamados transtornos ou desordens de movimento, doenças cujas características são a ausência/diminuição ou o excesso de movimentos (involuntários, ou seja, que não obecedem ao comando do corpo). As doenças estudadas são, entre todas, a doença de Parkinson, as coreias, como a doença de Huntington e a coreia de Sydenham, as distonias, as ataxias, como as ataxias espinocerebelares e a doença de Machado-Joseph, os tremores, como o tremor essencial, os balismos, os tiques, como a síndrome de Gilles de La Tourette, e outras doenças.
Este congresso englobou todas estas doenças, mas a doença que chama mais a atenção sempre é a doença de Parkinson, que é a doença neste grupo da qual se tem mais informações.
Muito bem, e há novidades? Sim, há!
Há estudos atualmente pesquisando maneiras de se diagnosticar a doença de Parkinson antes dela começar (isso mesmo, você sabia que a doença pdoe se manifestar anos antes de ela aparacer como tremor e lentidão?), nas fases ditas pré-sintomática e pré-motora.
Para os sintomas não motores da doença de Parkinson (Hã?), há uma nova medicação ainda em estudo, mas que parece ser promissora, a safinamida. Mas como disse, ainda está em fase de estudo, e não está disponível ainda.
Sintomas não motores da doença de Parkinson? Sim, pois esta doença pode vir com vários sintomas como perda de olfato (nem toda perda de olfato é doença de Parkinson, já que a maior parte é devido a doença do nariz ou traumas cranianos), constipação intestinal, depressão, fadiga, apatia, ansiedade, alterações autonômicas (veremos estes sintomas em outro artigo).
As ataxias hereditárias, como a ataxia de Friedreich e as ataxias espinocerebelares ainda não têm tratamento definido, apesar de uma medicação chamada de idebenona, já em uso há alguns anos, poder apresentar algum resultado. Mas o tratamento das ataxias deve se basear em fisioterapia e terapia ocupacional, no intuito de melhorar a coordenação e manter o paciente independente por mais tempo.
Vários estudos estão indo mais fundo na parte genética e molecular de várias doenças, especialmente a doença de Parkinson, e novas vias de lesão celular, novas mutações genéticas, e se Deus permitir, possibilidades terapêuticas irão acabar surgindo no futuro (sabe-se lá quando, mas irão).
As alterações cognitivas da doença de Parkinson, especialmente a demência, já está mais bem estudada, assim como sintomas psiquiátricos da doença. Vários estudos englobam estas observações.
Bem, acredito que isso é o de mais relevante para o público leigo. Não assisti o congresso todo, pois são várias salas onde estão ocorrendo várias plenárias sobre assuntos completamente diferentes, e ao mesmo tempo. Cada dia, tinha que escolher uma aula para assistir. Fui às mais interessantes para mim, e aproveitei bem. Vejamos o que o futuro nos reserva.
Mas antes de iniciarmos, quero fazer algumas considerações:
A MDS (Movement Disorders Society) é a entidade internacional que estuda os chamados transtornos ou desordens de movimento, doenças cujas características são a ausência/diminuição ou o excesso de movimentos (involuntários, ou seja, que não obecedem ao comando do corpo). As doenças estudadas são, entre todas, a doença de Parkinson, as coreias, como a doença de Huntington e a coreia de Sydenham, as distonias, as ataxias, como as ataxias espinocerebelares e a doença de Machado-Joseph, os tremores, como o tremor essencial, os balismos, os tiques, como a síndrome de Gilles de La Tourette, e outras doenças.
Este congresso englobou todas estas doenças, mas a doença que chama mais a atenção sempre é a doença de Parkinson, que é a doença neste grupo da qual se tem mais informações.
Muito bem, e há novidades? Sim, há!
Há estudos atualmente pesquisando maneiras de se diagnosticar a doença de Parkinson antes dela começar (isso mesmo, você sabia que a doença pdoe se manifestar anos antes de ela aparacer como tremor e lentidão?), nas fases ditas pré-sintomática e pré-motora.
Para os sintomas não motores da doença de Parkinson (Hã?), há uma nova medicação ainda em estudo, mas que parece ser promissora, a safinamida. Mas como disse, ainda está em fase de estudo, e não está disponível ainda.
Sintomas não motores da doença de Parkinson? Sim, pois esta doença pode vir com vários sintomas como perda de olfato (nem toda perda de olfato é doença de Parkinson, já que a maior parte é devido a doença do nariz ou traumas cranianos), constipação intestinal, depressão, fadiga, apatia, ansiedade, alterações autonômicas (veremos estes sintomas em outro artigo).
As ataxias hereditárias, como a ataxia de Friedreich e as ataxias espinocerebelares ainda não têm tratamento definido, apesar de uma medicação chamada de idebenona, já em uso há alguns anos, poder apresentar algum resultado. Mas o tratamento das ataxias deve se basear em fisioterapia e terapia ocupacional, no intuito de melhorar a coordenação e manter o paciente independente por mais tempo.
Vários estudos estão indo mais fundo na parte genética e molecular de várias doenças, especialmente a doença de Parkinson, e novas vias de lesão celular, novas mutações genéticas, e se Deus permitir, possibilidades terapêuticas irão acabar surgindo no futuro (sabe-se lá quando, mas irão).
As alterações cognitivas da doença de Parkinson, especialmente a demência, já está mais bem estudada, assim como sintomas psiquiátricos da doença. Vários estudos englobam estas observações.
Bem, acredito que isso é o de mais relevante para o público leigo. Não assisti o congresso todo, pois são várias salas onde estão ocorrendo várias plenárias sobre assuntos completamente diferentes, e ao mesmo tempo. Cada dia, tinha que escolher uma aula para assistir. Fui às mais interessantes para mim, e aproveitei bem. Vejamos o que o futuro nos reserva.
sexta-feira, junho 03, 2011
Congresso da Movement Disorders Society
Amanhã começa o 15° Congresso da Movement Disorders Society. Para os que não a conhecem, é a entidade internacional que estuda os transtornos de movimento, entre eles doença de Parkinson, doença de Huntington, coréias, tremores, distonias, tiques, mioclonias, entre outras doenças.
Participarei desta edição do Congresso, que será em Toronto no Canadá, como o fiz ano passado, em Buenos Aires, e direto de Toronto pretendo postar aqui as novidades de interesse ao público leigo sobre estas doenças neurológicas tão importantes. Novas opções de tratamento, novos estudos que estão sendo feitos, novos métodos diagnósticos. Enfim, tudo o que for útil à população.
Participarei desta edição do Congresso, que será em Toronto no Canadá, como o fiz ano passado, em Buenos Aires, e direto de Toronto pretendo postar aqui as novidades de interesse ao público leigo sobre estas doenças neurológicas tão importantes. Novas opções de tratamento, novos estudos que estão sendo feitos, novos métodos diagnósticos. Enfim, tudo o que for útil à população.
quinta-feira, junho 02, 2011
Síndrome das pernas inquietas - Nome estranho para uma condição comum
Muita gente, especialmente aqueles portadores de diabetes e doença de Parkinson, já deve ter sentido, ou sente, quando vai deitar um incômodo nas pernas, como algo subindo oud escendo, ou formigamento nas pernas, e que só melhora quando a pessoa mexe as pernas ou anda pela casa. Estes sintomas costumam ocorrer mais a noite, mas podem ocorrer em qualquer hora do dia no momento em que o paciente relaxa ou deita para repousar. Estes sintomas definem uma síndrome antiga, descrita há mais e 300 anos, e que somente há pouco tempo chamou a atenção dos médicos e dos leigos - a Síndrome das pernas inquietas (SPI) (Restless Leg Syndrome, em inglês).
Definida como um quadro caractertizado por sensações desconfortáveis nas pernas/pés, podendo também em casos mais graves acometer os membros superiores, que ocorrem ao repousar ou deitar, mais especialmente a noite, e que só melhoram (parcial ou totalmente) quando o apciente mexe as pernas ou anda, a SPI não possui causa definida, apesar de que várias possíveis causas já foram sugeridas. Entre elas, há causas genéticas, em que a doença aparece em pacientes jovens sem nenhuma doença antecedente, e há história familiar. A deficiência de ferro no cérebro é outra causa, mas não tem relação com anemia. A deficiência de dopamina em certas áreas cerebrais pode ter relação com o fato da SPI ocorrer também na doença de Parkinson. Gestação pode causar sintomas tenporários.
O diagnóstico é feito por médico especializado, já que é necessário conhecer a doença para diagnosticá-la. Não há exames que dêem o dioagnóstico, mas sugere-se que sejam pedidos exames de tireóide, ferro sérico e ferritina (que é a forma como o ferro é armazenado no corpo), vitamina B12 e ácido fólico (deficiencia de vitamina pode ocorrer junto), exame de função renal (uréia e creatinina, já que doençå renal pode ser causa do problema), exames de diabetes (uma das causas de SPI) e em alguns casos eletroneuromiografia (o famoso exame de choques e agulhas, para verificar se há doença dos nervos periféricos).
A doença é benigna, e de evolução lenta, mas o médico precisa verificar se o diagnóstico é esse mesmo, e a causa, pois as vezes a causa pode ser grave, como uma doença renal ou diabetes. O tratamento é feito com várias medicações, a critério do seu médico. Um dos critérios para se decidir a medicação a ser usada é a presença de dor juntamente com os sintomas, que não raro ocorre.
Agora que você já conhece que essa doença existe, caso você sinta sintomas parecidos com esses, vá a um médico, e melhora sua qualidade de vida.
Definida como um quadro caractertizado por sensações desconfortáveis nas pernas/pés, podendo também em casos mais graves acometer os membros superiores, que ocorrem ao repousar ou deitar, mais especialmente a noite, e que só melhoram (parcial ou totalmente) quando o apciente mexe as pernas ou anda, a SPI não possui causa definida, apesar de que várias possíveis causas já foram sugeridas. Entre elas, há causas genéticas, em que a doença aparece em pacientes jovens sem nenhuma doença antecedente, e há história familiar. A deficiência de ferro no cérebro é outra causa, mas não tem relação com anemia. A deficiência de dopamina em certas áreas cerebrais pode ter relação com o fato da SPI ocorrer também na doença de Parkinson. Gestação pode causar sintomas tenporários.
O diagnóstico é feito por médico especializado, já que é necessário conhecer a doença para diagnosticá-la. Não há exames que dêem o dioagnóstico, mas sugere-se que sejam pedidos exames de tireóide, ferro sérico e ferritina (que é a forma como o ferro é armazenado no corpo), vitamina B12 e ácido fólico (deficiencia de vitamina pode ocorrer junto), exame de função renal (uréia e creatinina, já que doençå renal pode ser causa do problema), exames de diabetes (uma das causas de SPI) e em alguns casos eletroneuromiografia (o famoso exame de choques e agulhas, para verificar se há doença dos nervos periféricos).
A doença é benigna, e de evolução lenta, mas o médico precisa verificar se o diagnóstico é esse mesmo, e a causa, pois as vezes a causa pode ser grave, como uma doença renal ou diabetes. O tratamento é feito com várias medicações, a critério do seu médico. Um dos critérios para se decidir a medicação a ser usada é a presença de dor juntamente com os sintomas, que não raro ocorre.
Agora que você já conhece que essa doença existe, caso você sinta sintomas parecidos com esses, vá a um médico, e melhora sua qualidade de vida.
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