A neurologia está cada vez mais expandindo seus horizontes terapêuticos e misturando-se a outras áreas do conhecimento, não somente médicas, mas não médicas, como a robótica, por exemplo.
Nas áreas de reabilitação, retorno de funções perdidas por conta de derrames e traumas, e doenças neurodegenerativas, como a esclerose múltipla, a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer, muito ainda há o que se fazer para recuperar os pacientes lesados por estas e mais doenças.
Em 1961, no Canadá, sugeriram a existência de células-tronco através de estudos de radiação. Em 1978, descobriram-se células-tronco, ou seja, células que podem, sob os estimulantes adequados e em meios adequados, produzir outros tipos de células, na medula óssea, e estas células começaram a ser cultivadas em laboratório a partir de 1981 (o que levou, inclusive, à primeira clonagem de uma ovelha, a Dolly, em 1997).
Em 2005, cientistas ingleses descobriram células-tronco embrionárias no tecido do cordão umbilical, que supostamente podem se diferenciar (se transformar) em mais células do que as células-tronco da medula óssea. Já em 2007, do líquido amniótico (o líquido que banha o feto durante a gestação), foram descobertas novos tipos de células-tronco. O interessante é saber que há células-tronco em organismos já vivos e adultos, pois o uso de células-tronco de embriões humanos criados somente com o propósito de fornecê-las (células-tronco embrionárias) é eticamente e religiosamente discutível (na minha opinião).
Bem, e o que são realmente células-tronco e qual o seu uso na neurologia?
Células-tronco (CeTr) são uma classe de células não diferenciadas, ou seja, não maduras, que são capazes de se especializar em vários tipos celulares, e que provêm de fontes embrionárias ou de tecidos adultos. Podem se diferenciar em pele, músculo, tecido cardíaco, e provavelmente tecido neural. Vamos falar somente das CeTr adultas.
As CeTr adultas existem em várias partes do corpo, dentro de vários tipos de tecidos humanos, como o cérebro (há CeTr na porção periventricular, ou seja, ao redor dos ventrículos cerebrais, e em núcleos cerebrais como o estriado), medula óssea, sangue e vasos sanguíneos, músculos esqueléticos, pele e mesmo no fígado. Elas permanecem em estado quiescente (paradas, quietas), até que sejam necessárias para se transformarem em novos tecidos por lesões ou doenças. Estas células podem se dividir indefinidamente, podendo gerar vários tipos de células diferentes a depender da necessidade do órgão (e isso tem a ver com a liberação de substâncias específicas que vão direcionar a formação de uma ou outra célula - é essa mistura de substâncias certas em meios certos que ainda não conhecemos completamente, até porque pode ser que haja mais substâncias liberadas pelo corpo que ainda não temos conhecimento). O fígado pode ser regenerar por conta dessas CeTr. E apesar de uma CeTr do fígado se transformar em células do fígado, por exemplo, ou CeTr da pele se transaformarem em células da pele, há evidências de que CeTr de vários locais podem se transformar em outras células de órgãos distantes.
As CeTr são extraídas e colocadas em um meio de cultura próprio, com todas as substâncias necessárias para sua sobrevivência e diferenciação, produzindo uma linhagem de células que podem ser utilizadas em tratamentos ou estudos.
Em neurologia, estas CeTr têm sido testadas há muito tempo, desde a década de 80, quando CeTr cerebrais foram descobertas (mais precisamente em 1989). Em posts posteriores, vamos falar mais sobre o uso de CeTr em doenças neurológicas específicas.
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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista