Fibromialgia é uma doença muito comum, cujo sintoma predominante são dores difusas, crônicas, nos músculos e articulações, acompanhadas com frequência por fadiga, esquecimentos, depressão, ansiedade, e vários outros sintomas que se manifestam como dor ou hipersensibilidade no corpo. A causa é desconhecida. Não há evidência nenhuma de inflamação dos tecidos, músculos, ligamentos ou tendões, apesar dos sintomas, o que diferencia a fibromialgia das doenças reumáticas.
A fibromialgia é considerada uma doença funcional, ou seja, há dor sem haver evidência de lesão ou inflamação corporal. O paciente em geral está em bom estado geral, sem sinais de lesão em nenhum local, e o exame demonstra somente dor à palpação de várias inserções musculares e articulações, com exames como ultrassonografia, exames de laboratório e radiografias normais.
Estudos sugerem que a fibromialgia é uma desordem da regulação da dor no cérebro, e está dentro de um grupo mais amplo de doenças, as síndromes de sensibilização central.
A fibromialgia é uma das causas mais comuns de dor musculoesquelética no mundo, especialmente em mulheres, sexo no qual a doença é muito mais comum (6 vezes mais comum do que em homens), e a faixa etária mais comumente afetada situa-se entre os 20 e 55 anos. No Brasil, 2 a 3 entre 100 pessoas sofrem da doença.
A doença se manifesta como dor difusa no corpo associada a fadiga, com testes de sangue normais. A fibromialgia pode se associar a outras doenças de cunho funcional, como a síndrome do intestino irritável e enxaqueca (esta outra síndrome de sensibilização central). Insônia é muito comum nestes pacientes, assim como esquecimentos frequentes. Depressão ou sintomas depressivos podem ocorrer nos pacientes. Alguns pacientes podem ter dormência e formigamento nos pés e mãos, sem quaisquer evidências de lesões de nervos ou músculos.
As dores na fibromialgia podem ocorrer em pescoço, ombros, cotovelos, quadris, joelhos, parede torácica, mas podem começar no pescoço e nos ombros. Os pacientes referem que é como "se tudo doesse ao mesmo tempo", ou como se "eu tivesse sido atropelado por um caminhão". Inchaço de juntas pode ocorrer, mas ao exame não há sinais de inflamação.
A fadiga pode começar ao acordar, e o paciente pode se queixar de sono não restaurador, como se não tivese dormido. Atividades corriqueiras podem piorar a dor, assim como ficar parado sem fazer nada também. O sono nestes pacientes é superficial e pode ser entrecortado.
Esquecimentos são frequentes, mas não do tipo que ocorre na doença de Alzheimer (um medo constante nestes pacientes, muitas vezes infundado). Aqui há mais um déficit de atenção e dificuldade de focalizar a atenção em tarefas, que causam as alterações de memória.
Depressão e ansiedade são muito comuns, presentes em 30 a 50% dos pacientes no diagnóstico da fibromialgia. Depressão na fibromialgia é mais frequentes em mulheres jovens.
Dores de cabeça ocorrem em mais de 50% dos pacientes, e podem ser enxaqueca ou cefaleia tipo tensional. A presença de dor de cabeça relaciona-se com ansiedade, insônia, dificuldade de realizar atividades físicas e hipersensibilidade no couro cabeludo.
Dores abdominais sem causa aparente, dores no peito sem causa definida, dores pélvicas ou na região da bexiga com exames normais, podem ser observadas.
Alguns pacientes referem que mudanças de tempo podem piorar os sintomas, mas estudos têm ajudado pouco na elucidação desta piora com alterações do clima.
O exam físico destes pacientes costuma ser normal, mas há dor e sensibilidade à palpação de juntas e áreas musculares, algo que pode variar de dia a dia, e mesmo no mesmo dia pode ser pior ou melhor. O exame neurológico é geralmente normal.
Teste de sangue costumam ser normais, e quaisquer anormalidades em exames de sangue devem ser investigados de outra forma, já que várias doenças reumatológicas e ortopédicas podem ter sintomas parecidos com os da fibromialgia. Da mesma forma. exames de ressonância magnética muscular e articular devem ser normais.
O que pode estar alterado, mas que não é usado na clínica, somente em estudos clínicos, é a ressonância funcional cerebral, que demonstra o funcionamento das várias áreas cerebrais. Este exame sugere que há uma disfunção em mecanismos de controle de dor cerebral.
O diagnóstico é clínico, já que não há exames que auxiliem no diagnóstico. Na verdade, a ausência de alterações nos exames sugere que a doença em questão é fibromialgia. Faz-se o diagnóstico tirando-se uma história completa do paciente, não somente de suas dores, mas do funcionamento do seu intestino e bexiga, sono, atividades físicas e atividades sociais/familiares.
Vamos falar sobre o tratamento em post posterior.
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Médico Neurologista