domingo, setembro 04, 2011

Herpes Zóster

O herpes zóster, também chamado pelos antigos de cobreiro, é uma reativação de uma infecção antiga da varicela (chamada popularmente de catapora), geralmente em pacientes idosos ou com a imunidade abalada (imunodeprimidos).

Um vírus é uma estrutura composta de proteínas e um núcleo que pode conter tanto DNA como RNA (no homem e nos outros animais da natureza, o RNA serve para construir o DNA) (Veja imagem abaixo). Um vírus pode ser contido, mantido sob controle, mas dificilmente consegue-se a eliminação completa de um vírus de nosso corpo. Como os vírus vivem dentro de células, pois necessitam delas para se manter e multiplicar-se, eles acabam ficando contidos e controlados somente. Mas quando algo como queda de imunidade (como em caso de câncer, depressão ou AIDS) ocorre, esta contenção cai, e o vírus pode então voltar à ativa.

Vários tipos de vírus e suas estruturas:



Esta figura veio daqui:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1525

Por exemplo, o herpes simples, aquela lesão que vem e vai na boca entre a pele e o lábio, nada mais é do que a reativação de um vírus latente no gânglio do nervo trigêmeo. Da mesma maneira o herpes zóster, a reativação do vírus da catapora, latente nos gânglios que se comunicam como sistema nervoso central.

E quais são os sintomas do herpes zóster? O herpes zóster pode afetar qualquer local do corpo, como a região do olho (herpes zoster ophtlamicus), o ouvido e o nervo facial (herpes zster oticus), os membros ou, mais comumente, o tronco. No tronco, o local mais comum, o herpes costuma afetar uma faixa, de um lado ou do outro, e que corresponde a uma raiz nervosa, um nervo que tem ligação com a medula.

Antes de prosseguirmos, uma pequena nota de anatomia. Os nervos sensitivos do corpo comunicam-se com a medula seguindo padrões, chamados de dermátomos. Há vários dermátomos no corpo, e estes correspondem a um nível na medula. Observe abaixo um mapa dos dermátomos do corpo:

Esta figura veio daqui: http://www.psiquiatriageral.com.br/psicossomatica/neuro3.htm



Bem, se o vírus atinge o gânglio onde está o nervo responsável pela raiz de T4 (quarto segmento torácico ou dorsal), o paciente sentirá dores e fisgadas com dormência na região de T4 (que em geral é a região do mamilo). A lesão começa atrás, perto da coluna, e segue para a frente, nunca ultrapassando a linha média, ou seja, não vai para o outro lado, ao menos que os dois lados estejam afetados, o que é raro. Em geral, aparecem lesões vermelhas extremamente dolorosas, com uma base avermelhada, que ao longo dos dias vão secando e criando crostas. Pode sair secreção transparente ou purulenta das lesões. As lesões secam e curam após 14 a 21 dias, mas a dor e a dormência podem persistir por semanas. A dor pode se intensa a ponto do paciente não conseguir colocar as roupas ou se cobrir ou banhar.

As lesões podem acometer os braços ou pernas. Em geral, só um dermátomo é atingido, mas pacientes idosos, imunodeprimidos, com doenças crônicas ou AIDS podem ter mais de um segmento acometido. Nestes pacientes, e mesmo em alguns poucos pacientes saudáveis, as lesões podem ser muito extensas e muito dolorosas.

Não é uma imagem das mais bonitas, mas para aprendizado, aqui vai uma figura de uma lesão herpética:



Esta figura veio daqui: http://www.beltina.org/health-dictionary/herpes-zoster-treatment-symptoms.html

O tratamento varia, dependendo da extensão das lesões e do julgamento do médico que assiste o paciente, desde pomadas e medicamentos tópicos a uso de antivirais pela boca ou mesmo pela veia para casos mais graves, como o herpes que acomete a região ocular e o olho, ou o herpes que acomete o nervo facial. Tão importante quanto o tratamento é saber se há alguma doença por baixo da recidiva do vírus, como diabetes, malignidades ou outra doença que cause diminuição da imunidade. Isso só seu médico pode fazer. O que você tem de saber é, se isso ocorrer com você, não espere, e vá imediatamente a um médico, pois um tratamento mais rápido possível ajuda a diminuir a dor, a curar mais rápido das lesões, e possivelmente a evitar a complicações mais séria desta infecção, a neuralgia pós-herpética, da qual falaremos no próximo tópico (Referência)