segunda-feira, abril 16, 2012

Novo método pode ajudar a detectar a doença de Alzheimer mais precocemente..


Notícia tirada deste site da Academia Americana de Neurologia (AAN) e traduzida livremente


O uso de uma nova droga para detectar as placas de beta-amilóide (a substância que se acumula de forma anormal e extensa no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer, e que são a marca patológica da doença) pode auxiliar os médicos a diagnosticar a doença mais cedo. 

Atualmente, a doença só pode ser diagnosticada com certeza através da detecção de placas de amilóide e/ou agregados neurofibrilares (agregados de amilóide e uma proteína mal-formada, a proteína tau, nos neurônios e seus prolongamentos) durante autópsia após a morte do paciente ou após biópsia cerebral. O novo método utiliza a droga florbetaben como traçador (marcador) durante um exame chamado de PET (Positron Emission Tomography) do cérebro para visualizar as placas de amilóide em vida. 

A fim de provar que o método detecta amilóide cerebral, um estudo global em fase III comparou diretamente regiões cerebrais a regiões semelhantes de pacientes autopsiados. Mais de 200 participantes moribundos (incluindo tanto pacientes com doença de Alzheimer como pacientes sem demência conhecida, isto é, controles), e que desejaram doar seus cérebros para estudo, submeteram-se a um exame de ressonância magnética do crânio e ao método novo com floerbetaben. A quantidade de placas vista nos 31 participantes que foram para a autópsia (morreram) foi então comparada aos resultados do exame de PET. Um total de 186 regiões cerebrais foram analisadas, juntamente com 60 regiões cerebrais de indivíduos saudáveis. 

O estudo demonstrou que a nova droga localiza o beta-amilóide com uma sensibilidade de 77% e uma especificidade de 94% (ou seja, 77% dos que realmente tinham a doença foram diagnosticados de forma correta, e 94% dos que não tinham a doença foram considerados pelo teste como realmente negativos).

Em análise posterior comparando-se o método de avaliação visual proposto para a nova droga na prática clínica e o diagnóstico pós-morte revelou uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 92% (use o que eu demonstrei acima, e faça as contas). 


Este é um método fácil e não invasivo para auxiliar na detecção da doença de Alzheimer de forma precoce. Esse é um passo crucial para um futuro tratamento neuroprotetor (proteger contra a doença), e mesmo neurorestaurador (restaurar o que foi danificado). 

Os núcleos da base - O globo pálido

O nome deste núcleo tem a ver com sua coloração quando visto no cérebro cortado, mais pálido que os outros núcleos. Ele fica logo adjacente ao putâmen, e estes dois núcleos, quando vistos em corte, apresentam a forma de uma lente - daí o nome do conjunto dos dois se chamar núcleo lentiforme.

Observe abaixo:

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSMYkS9ovWiIAczncA7e-NZVt6jNnJWKQmm2Q_Hm3uQgS5OS8ujWg
O globo pálido é esta estrutura em verde no meio do cérebro. Em azul acima está o caudato, e abaixo o putâmen. 

Observe mais:

http://www.psicoactiva.com/atlas/estriado.jpg
Esta figura mostra a relação espacial entre os núcleos já discutidos neste blog.

O globo pálido possui duas parte, uma mais externa (GPe ou globo pálido externo) e uma mais interna (GPi ou globo pálido interno). O GPe faz parte de um circuito mais complexo de modulação de informações que vêm do córtex. Já o GPi cuida da modulação direta do tálamo, a estrutura que controla o córtex. 

O globo pálido possui como substância de suas sinapses (neurotransmissor) o GABA (Ácido gama aminobutírico) que é inibitório, ou seja, inibe os neurônios com os quais se liga. Sua função, logo, é receber informações do putâmen, do caudato e de outros núcleos que, por sua vez, recebem informações do córtex, e modular estas informações que seguem ao tálamo.

Assim, sem o globo pálido, não haveria controle dos comandos que chegam ao tálamo para serem re-encaminhados ao córtex.

Há várias doenças que afetam o globo pálido, como a intoxicação por monóxido de carbono, que causa uma síndrome parkinsoniana, intoxicação por manganês, que também leva ao parkinsonismo (leia neste blog sobre parkinsonismo), doenças degenerativas como a degeneração associada à pantotenato quinase (ufa!), antes chamada de doença de Hallervorden-Spatz (ufa!!!), e outras doenças.

O globo pálido é também um dos alvos para cirurgias em doença de Parkinson, como a palidotomia e a estimulação cerebral profunda.