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quarta-feira, agosto 08, 2012

Poesia sobre a ressonância magnética

Artigo escrito e gentilmente cedido ao blog pela escritora, roteirista e professora universitária Ana Lúcia Reboledo Sanches


Ressonância Magnética

(Matando o tempo e mantendo a calma na ressonância de crânio e cervical!)

Ou você entra e fica
Ou você entra e toca a campanhia
Calma calma
Este teto sob meus olhos
Calma
O teto colado sob meus olhos
Sons sons tuins e toins
Zuuum , rumm, toin, toin toin toin
Pisco vejo preto
Pisco vejo branco
Vejo o teto do aparelho
Branco
Uma experiência concreta
Estar aqui por tanto tempo
Experiência de vanguarda
Futurista
Me aguarda
Corpo preso
Pescoço preso
Pensamentos soltos
Britadeiras gritam
Uma cidade de ruídos
Ta ra rararara popoc popoc popoc
Avisto-o ao longe chegando
Vencendo as picaretas
O cavalo alado de minha infância
Vou embora com ele
Esqueço onde estou
Até a voz me devolver à prisão
“Agora não engole”
E agora? Como não?
Calma, calma.
Dadá
Ismos Vanguardistas
Ninguém sabe do meu cavalo alado
A máquina fatia o cérebro
Mas não escuta o que eu penso
Falta pouco
Mais um pouco
Zummmmmmmmmm
Fim da Ressonância.
Agora, só o ano que vem!

Ana Lúcia Reboledo Sanches.

Memórias de uma guerreira


Artigo escrito e gentilmente cedido ao Blog pela escritora, roteirista e professora universitária Ana Lúcia Reboledo Sanches.


Desde os treze anos, vez ou outra sofria algumas invasões. Em alguns dias era um certo aperto na cabeça e em outros uma sensação de flutuação. Em meio às brincadeiras, os jogos esportivos, as peripécias de adolescente era de súbito invadida por uma tempestade calma de areia. Uma tempestade que não me tocava, mas me suspendia do chão. É possível haver “tempestade calma” ou turbilhão em “slow motion”? Assim posso definir a vertigem que me invadia, mas não me derrubava. Foi preciso passar o tempo e a esta vertigem outras sensações se somarem para que eu encontrasse uma explicação, um nome: EM (Esclerose Múltipla). A verdade é que sempre tive sorte, porque as “invasões” não eram em mim do tipo rasteira, daquelas que derrubam mesmo,  porque em muita gente é e tenho consciência da dificuldade que isso implica. Mas quem disse que viver é algo definitivo ou regular? Toda a gente tem bons e maus momentos. Lembro-me de dizer para meu médico doutor Flavio:- “mas, mas eu pretendia morar sozinha! Quero fazer tanto ainda!” A resposta que ele me forneceu mudou o  medo e desconhecimento que tinha da EM:” -Vá morar sozinha, vá fazer suas coisas, vá viver! Tem gente com dor no dedo gritando e tem gente sem pernas ganhando medalhas! “ Em dois meses estava morando em meu atual apartamento e trabalhando normalmente. Procuro pensar que na vida sofremos constantes invasões. Podem ser de privacidade, de autoridade, de doenças,  de tristezas e imprevistos, mas também são de alegrias e boas surpresas. A EM é apenas mais uma invasão e que tem me feito refletir  ritmos e sonhos que valham à pena. O bom da vida é tentarmos desenvolver capacidade de dividir felicidade e receber felicidade. O que não quer dizer que não possamos nos sentir tristes ou desanimados vez ou outra. Tem dias em que não quero levantar da cama, mas quem não tem dias assim? Nada é definitivo ou regular! Acometer e ser acometido de alegria nos faz viver bem, com ou sem Esclerose Múltipla.

Ana Lúcia Reboledo Sanches