segunda-feira, maio 30, 2011

Dormência nas pernas - quantas causas há?

Obs: Não posso sugerir diagnósticos sem ver o paciente em consultório. Isso caracterizaria infração ética grave. Na presença de sintomas, vá ao médico.

Dormência é uma sensação estranha, como se um parte do corpo estivesse coberta por alguma coisa, ou como se algo estivesse andando por sobre nós. Muitos pacientes comentam seus sintomas de dormência como se formigas andassem por sobre seus braços ou pernas.

Em termos técnicos, chamamos dormência de parestesias (este é o termo que você poderá ouvir de seu médico, e cujos termos provêm do grego - para significa funcionamento desordenado ou anormal, e estesia significa sensibilidade - referência).

Várias são as causas de dormência, de modo que um diagnóstico preciso somente pode ser feito mediante história clínica e exame físico e neurológico em consultório, fora exames complementares que porventura sejam necessário. No entanto, vamos aqui listar as causas mais comuns de dormência nas pernas.

1. Caso a dormência seja em uma parte de uma perna, por exemplo, no dorpo do pé, na lateral da coxa, ou na face interna da perna, podendo acometer uma ou ambas as pernas, as causas são variadas, mas a que mais preocupa são as doenças dos nervos periféricos, as neuropatias. Os nervos são os fios que saem e entram na medula, e que conectam a superfície do corpo e o exterior com o cérebro e a parte interna do corpo. Em muitos casos, uma pessoa pode acordar com dormência em uma parte da perna direita ou esquerda por que dormiu sobre a perna, ou dormiu de mau jeito, mas em outros casos, especialmente quando a dormência é constante e diária, podendo ir e voltar, podemos ter outras causas, como hipotireoidismo, diabetes, problemas renais, algumas doenças do sangue ou outras causas. Sempre deve-se procurar um médico caso a dormência persista, esteja vindo de forma frequente, ou venha acompanhada de outros sintomas, como fraqueza, alterações para andar ou para urinar/defecar.

2. Caso a dormência seja em uma perna inteira, podendo acometer também o braço do mesmo lado e o rosto do mesmo lado (menos frequentemente o rosto do lado oposto pode ser afetado, e neste caso podemos ter um derrame da parte de baixo do cérebro, o tronco cerebral), e especialmente se for de início agudo, rápido, em questão de minutos ou horas, o diagnóstico mais provável é um derrame cerebral. Nestes casos, ocorre fraqueza do lado acometido também, mas derrame somente com sintomas de dormência ou perda de sensibilidade, como perda de percepção do tato, da temperatura ou da dor, pode ocorrer, especialmente em pacientes com pressão alta mal tratada. Nestes casos, deve-se procurar um médico o mais rápido possível, por que se for realmente um derrame (às vezes pode não ser, especialmente em casos de nervosismo ou ansiedade), um diagnóstico rápido e um tratamento igualmente rápido impedem que o derrame piore, e podem até melhorar o quadro.

3. Dormência somente na perna, geralmente de um lado só, poupando o resto do corpo, pode ser um derrame, mas também pode ser alguma coisa relacionada a má circulação do membro, como em casos de insuficiência venosa periférica (varizes) ou arterial (obstrução ou oclusão dos vasos que levam sangue do coração para os membros, as artérias, e especialmente nos fumantes e diabéticos graves). Pode ainda ser alguma coisa errada na coluna ou nos nervos quem saem imediatemente da medula, as raízes e plexos nervosos. Nestes casos, a dormência é em uma parte da perna, e pode não ser na perna toda. Nestes casos, pode ainda haver dor no membro afetado, geralmente espontânea ou causada por estímulos que não causam dor. É necessário ir ao médico para diagnosticar a causa exata, e nestes casos o médico saberá fazer as perguntas certas e os exames corretos para saber a causa de sua dormência.

4. Dormência nas duas pernas, geralmente ocorrendo rapidamente, em questão de horas, e subindo até o nível da coxa ou do abdome, pode indicar problema de medula, e tem de ser avaliado por um médico o mais rápido possível. Nestes casos, geralmente há fraqueza das pernas juntamente, além de dificuldade de segurar a urina e as fezes. A polineuropatia diabética pode dar dormência nas duas pernas, mas ocorre mais lentamente, gradualmente, ao longo dos meses ou mesmo anos, geralmente começa pelos pés e vai subindo devagar, e a fraqueza pode ser sutil ou inexistente nos primeiros meses de doença, ou pode afetar somente alguns movimentos como o dobrar o pé ou os dedos dos pés para cima.

Em qualquer destes casos, não perca tempo, e procure um médico o mais rápido possível. Esta pode ser a diferença entre um sintoma persistente e a melhora sem sequelas.

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O tremor parkinsoniano

Todo mundo que ouve falar em doença de Parkinson (DP) já pensa em uma pessoa tremendo e tremendo. Mas não é tão simples assim. Mais que o tremor, a DP se caracteriza por lentidão (bradicinesia) e endurecimento das articulações (rigidez), e o tremor na maior parte é ocasional. Tremor severo, incapacitante e constante ocorre em menos da metade dos pacientes.

O tremor da DP é do tipo de repouso, ou seja, ocorre quando o membro está de repouso ao longo do corpo ou sobre alguma superfície. É um tremor grosseiro, bem visível, como se o paciente estivesse balançando a máo para um lado e para o outro, ou classicamente como se o paciente estivesse contando moedas. Mas o tremor postural, aquele que se manifesta quando os braços ou pernas estão estendidos, pode ocorrer também, mas é mais leve e infrequente.

O tremor, como os outros sinais da DP, ocorre primeiro de um lado do corpo, e acaba por se manifestar do outro lado em questão de meses a anos. Geralmente o tremor é ocasional, como já falamos, e ocorre quando o paciente mantém o membro afetado em uma posição diferente, ou quando o paciente faz alguma atividade com o outro membro, como por exemplo, manter o braço acometido ao longo do corpo enquanto faz movimentos repetidos com a outra mão. Neste caso, o tremor aparece em toda a sua magnitude.

O tremor pode acometer braços e pernas, e pode ocorrer também em queixo e língua. Raramente o tremor acomete o pescoço na DP.

O tremor é um dos sintomas motores que menos responde as medicações, e tem que se ter cuidado com certas medicações, como os anticolinérgicos (biperideno e trihexifenidil), pois apesar de serem eficazes contra o tremor, em pacientes idosos podem piorar sintomas de próstata (em homens), podem dar boca seca, agitação noturna, alucinações, confusão mental, constipação intestinal, problemas respiratórios por excesso de secreção brônquica e taquicardia.