quinta-feira, julho 31, 2014

A formação reticular ativadora ascendente

O encéfalo (conjunto do cérebro e das estruturas dentro do crânio que se ligam a ele) é um órgão bastante complexo, como já visto em vários posts deste blog. E não é somente o pensamento que o cérebro produz, mas todas as formas de sensações e movimentos são moduladas e filtradas no cérebro, para que possamos realizar nossas ações sempre de forma harmônica e correta.

Há várias estruturas dentro do encéfalo, e o cérebro é somente uma delas. Entre as outras, temos o cerebelo e o tronco cerebral. O tronco cerebral é um tubo formado por três partes (mesencéfalo, ponte e bulbo) que conecta o cérebro à medula espinhal e ao cerebelo.

Veja abaixo a figura do cérebro, cerebelo e tronco cerebral:

http://www.sobiologia.com.br/figuras/Corpo/cerebro.jpg
Muito bem. O tronco cerebral é formado por vários conjuntos de neurônios e seus axônios, formando fibras que se conectam a outras fibras próximas e distantes, e axônios mais longos que vão para o cérebro, medula e cerebelo. Dentro do tronco cerebral, há dezenas de núcleos diferentes, todos apertados em um tubo estreito. Sua importância está no fato de o tronco ter os núcleos responsáveis pela movimentação dos olhos, pela movimentação da face, pela movimentação da língua, ombros e pescoço, pela sensibilidade da face, pela capacidade de falar e engolir, pela capacidade de respirar, andar, manter o equilíbrio, e mais importante ainda, pela consciência. 

Sim, a consciência é produto do córtex cerebral, mas este precisa ser ativado para funcionar, e a ativação provem de núcleos dentro do tronco cerebral, que perfazem o que chamamos de formação reticular ativadora ascendente (ou FRAA). 

Sem essa ligação entre o córtex cerebral e o tronco, não conseguiremos permanecer acordados. Por isso que uma lesão extensa do tronco cerebral, como por exemplo por um derrame, pode levar o paciente ao coma. 

http://www.sistemanervoso.com/images/anatomia/slfr_i_01.jpg
Essa FRAA começa mais ou menos na transição entre o bulbo e a ponte, e sobe até o cérebro, como pode ser visto acima. Lesões da ponte, do mesencéfalo logo acima, ou do tálamo, que já fica dentro do cérebro, podem levar ao coma.

A FRAA relaciona-se com um mecanismo que existe dentro do tronco, também, e que é responsável pelo sono. Isso mesmo, o sono começa no tronco cerebral e se espalha para o córtex como uma onda de inativação cortical. O sono pode ser iniciado em núcleos na ponte e no bulbo, relacionados à FRAA. 

Então, descobrimos que há um conjunto de neurônios que modula nosso sono e nosso despertar, encontrando-se dentro de uma estrutura importante do cérebro chamada de tronco cerebral.