domingo, agosto 17, 2014

O cérebro e comportamentos perigosos

Artigo publicado no site Science Daily e traduzido livremente para o blog Neuroinformação

Estudos de imagem cerebral demonstram diferenças em adolescentes que gostam de correr riscos
De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC), lesões não intencionais (sem o desejo de que ocorram) são a causa maior de morte entre adolescentes americanos. Comparadas com as duas maiores causas de mortes para todas as pessoas nos EUA, infarto do miocárdio e câncer, entre os adolescentes há um evidente padrão de erro nas tomadas de decisão em situações de perigo. 
Nova pesquisa do Center for Brain Health, em Dallas, no Texas, EUA, investigando as diferenças cerebrais associadas com os adolescentes que gostam de correr riscos, descobriu conexões entre certas áreas cerebrais que são amplificadas neste grupo de adolescentes.
De acordo com os autores, há uma malha de regulação empocional que governa nossas emoções e influencia a nossa tomada de decisões. Comportamento antissocial ou de risco pode estar associado a um desequilíbrio nessa malha.
O estudo foi publicado esse ano, em 30 de junho na revista médica Psychiatry Research: Neuroimaging (original), e estudou 36 adolescentes entre 12 e 17 anos de idade; dezoito deles gostavam de correr riscos. Os participantes foram questionados sobre uso de drogas, abuso de álcool, promiscuidade sexual, e violência física. Todos foram submetidos a um exame de ressonância magnética funcional (fMRI) de crãnio para examinar a comunicação entre as regiões cerebrais associadas à malha de regulação emocional. O mais interessante é que o grupo de adolescentes com comportamentos de risco tinham uma renda bem menor que o grupo sem este comportamento. 
O estudo demonstrou que os adolescentes de risco exibiam hiperconectividade entre a amígdala (veja abaixo uma ilustração destas estruturas cerebrais), uma estrutura que está contida no sistema límbico e que controla, entre outras coisas, o prazer, o medo e a reatividade emocional, e áreas específicas do córtex pré-frontal, que se responsabiliza por nosso comportamentom, regulação emocional e pensamento crítico. Também havia aumento da conexão entre áreas deste córtex pré-frontal e o núcleo accubens, localizado na base do cérebro e sendo um centro de recompensa relacionado com vício a drogas e álcool.
Ou seja, uma área relacionada com o medo (pessoas que gostam de correr riscos, em geral, não têm medo das cosnequências), que se correlaciona intensamente com uma área responsável pelo controle das emoções e pelo pensamento crítico (essa relação existe, mas nestes adolescentes essa relação é mais intensa, e pode inferir controle da amígdala sobre o córtex pré-frontal, e não o contrário) e com uma área de recompensa (implicando prazer nas atividades de risco). 
Esse estudo pode ser útil no futuro, após mais pesquisas, para identificar adolescentes em riscos de comportamentos patológicos e perigosos, segundo os autores. No entanto, nenhum dos adolescentes do grupo de comportamento de risco tinha critérios para desordens comportamentais ou de abuso de substâncias.
Ou seja, mais um estudo que demonstra que nossas emoções e comportamentos são controlados por estruturas físicas cerebrais e substâncias. Mas mais que isso, é um estudo que abre uma porta para entender melhor estes adolescentes, estudá-los, e tentar, no futuro, conseguir um meio mais adequado de controlar e regular suas emoções e seus comportamentos, por vezes perigosos. 
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