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sexta-feira, agosto 17, 2018

Tenho Doença de Parkinson. Há riscos de meus filhos terem também?

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa, ou seja, com o tempo, ocorre a morte de vários neurônios em regiões específicas cerebrais, com perda de ligação entre regiões do cérebro. A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum do mundo, perdendo somente para a doença de Alzheimer, e é muito comum após os 65 anos de idade. 

Os sintomas mais comuns são lentidão e rigidez muscular. O tremor de repouso pode ocorrer em mais de 40% dos pacientes, mas pode ser que alguns pacientes com doença de Parkinson não o apresentem, ou o apresentem tempos depois do início da doença. 

A doença de Parkinson clássica NÃO é hereditária, ou seja, NÃO passa de pai ou mãe para filho ou filha. Se seu pai ou mãe tem a doença, não significa que você terá a doença. No entanto, se você tem um familiar, especialmente pai ou mãe, afetado, sua chance de ter a doença aumenta um pouco em relação às outras pessoas, mas de modo algum determina que você terá a doença.  

Há casos genéticos, que passam de geração para geração, mas isso é raro, e geralmente relaciona-se a casos da doença que começam muito cedo. Sabe-se que somente 15% dos casos de doença de Parkinson possuem história familiar, e na maior parte dos casos (85% restantes), a causa é desconhecida.

Portanto, é possível dizer que a doença de Parkinson NÃO é hereditária!

E, infelizmentem não há modo conhecido de prevenir a doença de surgir. 


domingo, maio 31, 2015

Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP)

PSP, ou também chamada de doença de Steele-Richardson-Olszewski, em relação aos três médicos americanos que a descreveram em 1964 (embora a primeira descrição tenha sido de exatamente 60 anos antes), é uma forma de parkinsonismo atípico.
 
Parkinsonismo é qualquer síndrome onde há lentidão de movimentos (bradicinesia) + rigidez articular + tremor de repouso, com ou sem instabilidade postural. Parkinsonismo atípico refere-se a doenças que cursam com parkinsonismo e outros sintomas e sinais neurológicos, sem causa definida, e que não respondem, ou respondem de forma temporária à medicação padrão-ouro usada no tratamento da doença de Parkinson, a levodopa.
 
Há 4 formas de parkinsonismo atípico: a PSP, a atrofia de múltiplos sistemas (AMS), a degeneração corticobasal (CBD) e a demência por corpos de Lewy, cada uma com sintomas e sinais diferentes, mas todas cursando com parkinsonismo.
 
A PSP evolui de forma lenta, e geralmente começa com rigidez e lentidão associada a quedas e instabilidade postural (quedas e desequilíbrio). Na doença de Parkinson, esses sintomas geralmente começam mais tardiamente, após7 a 10 anos em média, e respondem à fisioterapia.
 
Um dos sintomas mais importantes da PSP é a paralisia supranuclear, ou seja, a incapacidade de mexer os olhos verticalmente, para cima e para baixo, sem lesão dos nervos ou núcleos que inervam os músculos dos olhos, por isso supranuclear (acima dos núcleos). Geralmente, o paciente tem mais dificuldade de olhar para baixo, e para fazer isso, tem de abaixar a cabeça. Só que esse sintoma pode aparecer anos após o início dos sintomas, e pode passar despercebido. Também, o médico tem de suspeitar da doença e examinar os movimentos oculares.
 
A doença pode levar a disartria, ou seja, dificuldade para falar, e disfagia, ou seja, dificuldade para engolir com engasgos. Ambos esses sintomas devem ser abordados com tratamento fonoaudiólogo.
 
O sinal mais claro na ressonância magnética é a atrofia, ou diminuição, de uma área do cérebro chamada de mesencéfalo, que fica abaixo do cérebro, e que na ressonância produz o famoso sinal do pinguim ou do beija-flor (ou em inglês, the humming-bird sign). Esse sinal nem sempre aparece nas primeiras ressonâncias que o paciente faz.
 
 

sábado, julho 26, 2014

O tratamento da doença de Parkinson - mais informações

Estas informações não devem ser usadas para automedicação. São simplesmente para informação do paciente leigo. Caso haja dúvidas quanto ao tratamento da doença de Parkinson, ou caso você esteja desenvolvendo sintomas compatíveis com a doença, diagnóstico que somente um neurologista experiente pode fazer, não se automedique, e procure um neurologista o quanto antes.

Sobre a doença de Parkinson (DP), a segunda doença neurodegenerativa mais comum do mundo (perdendo somente para a doença de Alzheimer), há vários tratamentos disponíveis para esta condição.

A DP inicia-se de forma lenta, geralmente como uma fadiga mais intensa para as atividades do dia-a-dia, ou um tremor de repouso que se inicia primeiro de um lado, ou no braço ou na perna, e acaba por se espalhar para o outro lado, ou uma lentidão e/ou rigidez de um lado do corpo que, da mesma forma, acaba por se espalhar para o outro lado ao longo dos meses ou anos.

Aliás, o acometimento de ambos os lados do corpo é algo esperado para a doença, o que deixa o paciente ansioso achando que a doença está evoluindo. Mas se a doença não acometer o outro lado e acabar ficando restrita a um lado só, há risco de estarmos diante de outras doenças que parecem DP mas não o são, e que podem não ter o mesmo tratamento que a DP tem, que aliás é muito bom e mantém a maior parte dos pacientes bem por muitos anos.

Problemas de marcha e de equilíbrio são comuns após vários anos de doença, e por isso mesmo, a prevenção destes sintomas deve começar desde o primeiro diagnóstico, o que é feito com o uso de fisioterapia especializada. Há vários estudos demonstrando benefícios nesta conduta (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=parkinson+disease+physiotherapy). 

Em termos de medicações, há várias delas, e o tratamento da doença, mais do que uma receita de bolo, é uma arte que depende não somente do conhecimento técnico do médico, mas de sua experiência com pacientes portadores desta doença. 

A medicação mais usada é, sem dúvida, a levodopa, uma substância que é convertida no cérebro no neurotransmissor mais importante em falta na doença, a dopamina. Há várias formulações de levodopa disponíveis no mercado, e a experiência do médico aliada ao seu conhecimento clínico e científico ditam a melhor conduta.

Outras medicações como os agonistas dopaminérgicos, classe de medicações que agem nos receptores para a dopamina, estimulando-os sem serem verdadeiramente a dopamina, podem ser usados em combinação com  a levodopa e outras medicações, mas há indicações precisas pra o seu uso, e há também efeitos colaterais que, se aparecerem, devem ser discutidos imediatemente com o médico que prescreveu a medicação.

Outras medicações como a amatadina e o entacapone podem ser usados como auxílio para sintomas específicos, ou na dependência da indicação pelo médico que assiste o paciente.

A selegilina e a rasagilina são medicações que agem aumentando os níveis de dopamina nas sinapses cerebrais, e pelos seus efeitos colaterais e indicações precisas, devem ser usados somente por indicação médica especializada.

Ou seja, o tratamento da DP não é padronizado, uma receita para todos os pacientes, e depende da idade de início da doença, evolução da mesma, tipo de doença (sim, há vários "tipos" de doença de Parkinson), doenças que o paciente pode já apresentar (as comorbidades), efeitos colaterais potenciais com cada medicação e experiência/conhecimento médico especializado.

E há adjuntos ao tratamento clínico medicamentoso, como a fisioterapia, a terapia com fonoaudiologia e outras técnicas que podem auxiliar o paciente, e seus familiares, a viver com mais qualidade de vida e felicidade.

segunda-feira, abril 07, 2014

Os cuidados com o portador de doença de Parkinson - Fase "leve" da doença

Inicialmente, quero lembrar que a DP, apesar de progressiva e sem cura, possui tratamento e é perfeitamente compatível com uma vida produtiva e saudável. Caso você tenha a doença ou tenha sido diagnosticado recentemente com ela, não se envergonhe ou esmoreça. Pense que agora você tem mais um obstáculo a superar, e precisamos de obstáculos todos os dias, ou nossa vida fica vazia. Tenho vários pacientes com a doença, a maior parte muito bem e produzindo, cuidando de casa, dos filhos, do cônjuge, dando aulas, passeando, viajando, trabalhando, divertindo-se e sendo feliz.

Há neste blog vários posts sobre doença de Parkinson que podem ser lidos antes ou conjuntamente com este (12345678910). Neste post vamos discutir um pouco os cuidados com os pacientes portadores desta doença neurodegenerativa tão comum.

A doença de Parkinson (DP) é didaticamente dividida em fases para melhor estudo e compreensão, apesar de que clinicamente estas fases na verdade não existem, e a doença evolui continuamente. 

A DP caracteriza-se por tremor de repouso (mas muitos pacientes podem não ter tremor), rigidez (endurecimento das articulações) e bradicinesia (lentidão). Há à medida que a doença avança instabilidade postural, ou seja, risco de queda quando o paciente fica em pé, anda ou vira. 

No início da doença, em geral não há muita limitação e incapacidade, e esta "fase" pode durar vários anos, dependendo das características individuais de cada doente e do tratamento utilizado. Os pacientes apresentam tremor de repouso que pode atrapalhar (ou somente incomodar) as atividades diárias e o trabalho, além de alguma lentidão e rigidez. A marcha ainda é normal, e quedas são raras no início. Caso haja quedas frequentes nessa fase, diagnósticos outros além de DP devem ser pesquisados. 

É nessa fase que devemos iniciar, tão logo quando possível, o tratamento não medicamentoso, com fonoaudiologia, fisioterapia com treino de marcha e equilíbrio e terapia ocupacional, pois há registros variados na literatura do benefício destes tratamentos na evolução da doença (link). O tratamento fisioterápico e a terapia ocupacional visam criar vias funcionais dentro do cérebro, fortalecer os músculos abdominais e lombares, fortalecer as pernas e permitir uma melhor adequação do paciente às limitações variadas que irão ocorrer com o passar dos anos. 

A fonoaudiologia permite melhorar a fala na DP, que apresenta-se mais baixa e muitas vezes entrecortada, e auxiliar no exercício de deglutição para evitar engasgos, que podem ocorrer com a evolução da doença. 

O sono na DP pode apresentar-se perturbado desde o início do quadro, e insônia, sono agitado, sono entrecortado e sonhos com movimentos em excesso durante o sono (distúrbio do comportamento do sono REM) podem ocorrer, e devem ser discutidos com o médico que assiste o paciente para um tratamento adequado. 

A doença na fase leve manifesta-se, portanto, pelo início dos sintomas de tremor e/ou rigidez com lentidão. 

Para estes sintomas, há tratamento com medicações cuja indicação depende da idade, grau de incapacidade, sintoma predominante, doenças que o paciente apresenta, efeitos colaterais pregressos e preferência do médico e/ou do paciente. 

A doença pode ser apresentar em várias idades, podendo haver pacientes iniciando a doença acima dos 30 anos de idade (sim, a DP não é "doença de velho" como muitos ainda pensam). Há fatores genéticos envolvidos, e há pacientes, felizmente raramente, começando a doença com menos de 30 anos de idade. 

Entre as medicações usadas para tratar os pacientes nesta fase, e dependendo dos fatores demonstrados acima, há o biperideno, a selegilina, o entacapone, o pramipexol, a rasagilina, a levodopa, e a amantadina. Destas medicações, a mais potente é a levodopa (falaremos dela em posts futuros).

Estas medicações podem e devem ser usadas nas outras "fases" da doença a depender da evolução do quadro e da experiência do médico que assiste o paciente. Lembre-se que estas medicações somente podem ser usadas com prescrição e indicação médicas. 

O tratamento da DP começa aqui, no diagnóstico. É aqui que os cuidados devem iniciar, e não serem deixados para quando a doença estiver mais grave. Quanto mais cedo você começar a se cuidar, emagrecer, alimentar-se direito, fazer atividades físicas e iniciar o tratamento não só medicamentoso, mas também fisioterápico, fonoaudiológico e com terapia ocupacional, mais chance você tem de uma doença menos agressiva e uma evolução melhor, apesar de haver variações individuais de pacientes para paciente. 

Falaremos sobre a "fase moderada" em outro post. Até lá.