sexta-feira, dezembro 23, 2011

Coma - definições para leigos

O cérebro é um órgão complexo, composto por áreas que mantêm as mais variadas funções. Dentre as várias funções exercidas pelo complexo de estruturas cerebrais, está a manutenção do estado de vigília e consciência. Por vigília, entende-se como um estado de responsividade global, ou seja, é o estar acordado e vigil, responsivo, alerta. Já consciência é a capacidade de entender e responder aos mais variados estímulos, desde um simples "bom dia", até um estímulo doloroso ou uma resposta fisiológica e psíquica a um assalto, por exemplo.

Pode-se ficar inconsciente, ou seja, não responsivo, a um ou mais estímulos, sem necessariamente estarmos dormindo, como é o caso de pacientes que tiveram derrames e ficaram com um lado do corpo sem sensibilidade, ou afásicos (incapacidade de falar e entender a linguagem). Pode-se, ainda, ficar inconsciente de forma global, ou seja, irresponsivo a quaisquer estímulos ambientais ou fisiológicos. A esta falta global de resposta a estímulos de qualquer intensidade ou frequência, chamamos de coma.

O estado de coma implica um paciente deitado, de olhos completamente fechados, e sem resposta a nenhum tipo de estímulo. O coma pode ocorrer por vários tipos de lesões cerebrais, como derrames extensos, parada cardíaca com anóxia cerebral (falta de oxigenação cerebral), tumores cerebrais extensos, lesões da área cerebral que conecta a medula ao cérebro, e que contém núcleos importantes para a manuntenção da vigília e da responsividade (o tronco cerebral - veja abaixo), estados metabólicos graves, como insuficiência renal e hepática (fígado) graves, abuso de alguns tipos de drogas e intoxicações, como por remédios e álcool.

 

Fonte: http://www.webciencia.com/11_04cerebro.jpg

Observe na figura acima o cérebro com seus giros e sulcos, e logo abaixo, o tronco cerebral (onde está escrito ponte e medula oblonga).

Outra estrutura envolvida na geração da vigília, e cuja lesão bilateral pode levar ao coma é o tálamo, uma estrutura cerebral que serve como relé (via de entrada e saída) de todos os estímulos que entram e saem do cérebro. Observe abaixo o tálamo:

Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/images/Sistema%20limbico.jpg

Aqui, nesta figura, vc vê várias estruturas cerebrais, entre elas o tálamo, a bola central em azul. Há um de cada lado, e a parte interna deste núcleo favorece a vigília, através da interação de neurotransmisores, especialmente o glutamato e a acetilcolina, substâncias que agem em estruturas cerebrais e mantém o cérebro acordado. A lesão destas vias, ou a disfunção por epilepsia ou substâncias tóxicas ou doenças metabólicas podem causar o coma.
O coma é um estado temporário. Pode evoluir, após um tempo indeterminado ou após a cessação da causa do coma, para a vigilia de forma lenta e progressiva, podendo passar por alguns estágios antes do normal, ou pode evoluir para a cessação das funções do tronco cerebral, com parada da ativação cerebral, algo chamado de morte cerebral ou morte encefálica.

O diagnóstico é feito clinicamente, através do exame do paciente que demonstra funções de tronco normais e presentes, mas sem nenhuma resposta do paciente. Exames como tomografia e ressonância de crânio, eletroencefalograma, e estudos de vasculatura cerebral pode ajudar a dar o diagnóstico da causa do coma.

O tratamento é o tratamento da causa do coma, quando identificada. Os cuidados com o paciente devem ser intensos, devendo-se preservar os pulmões do paciente de aspiração de substâncias vindas do estômago, evitando-se pneumonias de aspiração, e cuidado dos órgãos vitais, como os rins, o fígado e o coração.

O retorno pode ser lento e progressivo, geralmente, e pode levar dias a, mais raramente, anos.