segunda-feira, dezembro 08, 2014

O beta-amiloide e a doença de Alzheimer

Notícia tirada do site da Universidade de Stanford e traduzida livremente para o blog Neuroinformação.

Cientistas da Universidade de Stanford mostraram como o fragmento de uma proteína chamada de beta-amiloide, fortemente implicada na doença de Alzheimer,  começa com a destruição de sinapses (as ligações entre os neurônios) antes de se juntar em grupos que se depositam nos neurônios e os levam a morte.

Na doença de Alzheimer, paralelo à destruição celular, há perda das conexões, as sinapses, o que leva a perda das funções mentais progressivamente. Mas cientistas descobriram que a doença começa a se manifestar muito tempo antes da formação das famosas placas senis de beta-amiloide no tecido cerebral. 

O estudo, conduzido em camundongos e em humanos, foi publicado na famosa revista científica Science, de 2013. 

O amiloide é uma proteína que deriva da proteína precursora do amiloide (APP), uma proteína achada normalmente nas membranas das sinapses neuronais, e cuja função parece ser a regulação da formação dessas sinapses e auxílio na neuroplasticidade (a capacidade do sistema nervoso central de se reinventar constantemente, em resumo). A forma beta do amiloide (beta-amiloide) é gerada a partir da ação de proteínas chamadas de secretaes (alfa, beta e gama secretase) sobre a APP. 

O beta-amiloide (bA) começa como moléculas isoladas que, pela sua forma pregueada (beta), tendem a se agrupar, inicialmente em pequenos agrupamentos que podem atravessa o cérebro, pois são solúveis em água, e posteriormente em agrupamentos maiores, insolúveis, as placas de amiloide, a base patológica da doença de Alzheimer.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/fb/Amyloid-plaque_formation-big.jpg/800px-Amyloid-plaque_formation-big.jpg
Essa forma em placas do beta-amiloide pode se ligar a receptores (moléculas localizadas na membrana celular) nas células do sistema nervoso, colocando em movimento processos dentro da célula que levam à destruição das sinapses.

A falta de uma proteína de membrana próxima às sinapses (para a ligação com o amiloide) em camundongos levava a maior resistência à quebra e perda das sinapses. Esta proteína, chama de PirB, tem alta afinidade pelo beta-amiloide na sua forma solúvel, em pequenos agrupamentos.  Essa proteína normalmente impede o fortalecimentos das sinapses, e leva a seu enfraquecimento, algo que normalmente ocorre no sistema nervoso normal (sinapses devem ser remodeladas, enfraquecidas e fortalecidas, para evitar consequências, como por exemplo crises epilépticas). Mas essa proteína também pode predispor a problemas de memória.

No cérebro humano, há um receptor parecido com o PirB, o LilrB2. E há uma proteína chamada de cofilina que aparentemente participa dessa ação ao ser excitada pela ligação entre o receptor e o beta-amiloide. 

Qual o significado prático disso tudo? Ainda não sabemos, mas por ora, e com a nova descoberta feita esses dias, podemos estar mais próximos de uma cura para a doença de Alzheimer.