quinta-feira, dezembro 15, 2016

Botox para enxaqueca

Sim, Botox, aquela medicação para rugas, serve para enxaqueca. E sim, o blog voltou. Mas o Botox serve só para enxaqueca, e enxaqueca que ocorre por mais de 15 dias por mês há mais de 3 meses, o que chamamos de enxaqueca crônica. 

O tratamento é feito com aplicações com agulha fininha, de insulina, em 31 pontos ao longo da cabeça e pescoço, a cada 3 meses, por 15 meses.

Dois estudos, chamamos de PREEMPT I e II, comprovaram a eficácia da toxina botulínica no tratamento da enxaqueca crônica. No entanto, por enquanto, somente o Botox possui aprovação para o tratamento.

As aplicações devem ser feitas por médico treinado, pois há a necessidade de conhecer a forma de diluição e aplicação da toxina. A aplicação, geralmente, é feita por neurologistas treinados, haja vista ser a enxaqueca doença neurológica.



quarta-feira, junho 01, 2016

Formigamento nas pernas - quando é síndrome das pernas inquietas?

Síndrome das penas inquietas (SPI) é uma condição que pode ser genética, acometendo várias pessoas em uma mesma família em várias idades, ou adquirida por várias doenças diferentes. Os sintoma da SPI são uma sensação de formigamento ou dor nas pernas e pés que geralmente ocorre no final da tarde ou à noite, especialmente quando o paciente dorme. O paciente descreve essas sensações como "algo subindo em suas pernas", ou "mordendo suas pernas", e que melhoram completamente ou parcialmente com a movimentação das pernas, ou quando o paciente se levanta e anda pela casa. Não há movimentos involuntários, que ocorrem sem a vontade do paciente, e os sintomas podem subir aos braços. 

Doenças que causam a SPI são doenças renais (dos rins), doença de Parkinson, anemia por deficiência de ferro ou por deficiência de vitaminas. A SPI ocorre mais comumente em idosos, mas pode ocorrer em jovens, especialmente nas formas genéticas.

Não existem exames que diagnostiquem este problema, e o tratamento, simples e feito com medicamentos, leva a melhora importante dos sintomas na maioria dos pacientes.

quinta-feira, maio 26, 2016

Tontura

Já falamos várias vezes sobre tontura aqui no blog, mas poderemos falar ainda mais. 
Tontura é um termo vago, e pode significar muitas coisas. Sabemos que aquela sensação de fraqueza, de moleza no corpo, de fadiga, muitos acabam chamando de tontura. 
Da mesma forma, aquela sensação de mal estar, de cabeça vazia, muitos também chamam de tontura. 
E aquela sensação de que está tudo balançando ou rodando, também pode ser chamada de tontura. 
Pois bem, quando o paciente chega no consultório, e nos fala que sente tontura, começamos a pensar sobre a que tipo de tontura o paciente está se referindo. Isso é muito importante, pois o tipo de tontura, aliado aos sintomas que a acompanham, é que dá o diagnóstico. ,

Imagine o paciente que chega ao consultório com sensação de cabeça vazia e moleza quanfo fica em pé, e chama isso de tontura. A causa mais importante pode ser uma síndrome de hipotensão postural (queda de pressão ao ficar em pé), muito comum em idosos e pacientes desnutridos e desidratados. 

Já se o paciente refere que a tontura é como se tudo estivesse rodando, com ânsia de vômito, a sugestão maior é o de uma síndrome vestibular periférica (vulga labirintite).

Sempre é bom informar ao médico de forma clara e sucinta, resumida, os sintomas que apresentamos, pois somente assim o médico consegue fazer o diagnóstico. 

quarta-feira, janeiro 27, 2016

Pequeno dicionário de termos médicos - Mioclonias

E ele está de volta. O pequeno dicionário de termos médicos está de volta. E com um assunto interessante, mioclonias. Mas o que é isso?

A palavra mioclonias deriva dos termos gregos "Myo", músculos, e "Clonus", movimento violento, para designar um movimento involuntário (contra nossa vontade) que é súbito (parece um choque), podendo ocorrer em qualquer parte do corpo, ou mesmo no corpo inteiro.

As mioclonias são os famosos abalos musculares, e pode ser patológicas (quando ocorrem por conta de doenças) ou fisiológicas (quando ocorrem normalmente). A mioclonia fisiológica mais comum é o soluço, uma mioclonia do diafragma, o músculo que separa o tórax do abdome.

http://www.landersax.com/blog/diafragma-como-usar-/1


Uma outra mioclonia fisiológica é a famosa mioclonia do sono. Você já a sentiu, com certeza, e ocorre ao acordar ou ao adormecer, como uma sensação, extremamente desagradável por sinal, de estar caindo com um susto súbito. Essa mioclonia é normal, assim como o soluço ocasional. 

As mioclonias patológicas ocorrem em muitas doenças, como nas doenças do fígado, dos rins, e em doenças neurológicas. Crises convulsivas que afetam um membro, por exemplo, manifestam-se como mioclonias. 

Vejam nesse vídeo tirado do youtube um exemplo de mioclonia generalizada, quer ocorre em todo o corpo, e que pode ser consequência de perda de oxigênio devido a uma parada respiratória.

Síndrome de Susac

A síndrome de Susac é uma vasculite, ou seja, uma doença que envolve inflamação de vasos do corpo humano. E essa inflamação é, em geral, autoimune, ou seja, por razões ainda desconhecidas, é causada por um ataque do próprio sistema imune do indivíduo contra outros tecidos normais do corpo (veja mais aqui). 


A síndrome de Susac é rara, e seu diagnóstico é dado pelo conjunto de: encefalopatia (confusão mental, sonolência, crise epiléptica, por disfunção global do sistema nervoso central), oclusão dos vasos que vão para retina (levando a perda visual) e oclusão dos vasos que vão para o ouvido interno (levando a surdez neurológica, ou neurosensorial. Esses sintomas decorrem de um processo de vasculite dos pequenos vasos cerebrais, lembrando que a retina e o ouvido interno são parte do cérebro, fora dele. 

Os pacientes podem ter os três sintomas, ou mais raramente, um sintoma desses mais importante que os outros. Uma possibilidade é a doença vir em surtos, como a esclerose múltipla, com perda visual cada vez pior ou perda auditiva..

Enquanto a encefalopatia pode ser transitória, demorando 1 ano ou mais para melhorar, a perda visual e auditiva pode durar ainda mais tempo (5 anos ou mais). A doença pode ser autolimitada, ou seja, melhorar sem tratamento, ou vir em surtos, e o tratamento é necessário em todos os pacientes para evitar sequelas visuais, auditivas, e quadros de confusão mental permanente. 

A síndrome tem esse nome por ter sido descrita pela primeira vez pelo médico John Susac, em 1979 (este médico morreu em 2012) e um outro nome para ela é Vasculopatia Retinococleocerebral (ufa!). 

Sua frequência na população é rara, e pode ser confundida com esclerose múltipla, mais comum e mais diagnosticada. Apesar de rara, a doença está sendo estudada por registros de pacientes nos EUA, Alemanha e Portugal. A doença é duas vezes mais comum em mulheres, e a idade de instalação é ao redor de 18 anos (mas pode ser mais, ou mais raramente, menos). 

Normalmente, não há acometimento de outros órgãos além do cérebro, retina e ouvido interno na síndrome de Susac. No entanto, alguns pacientes podem ter problemas de fala (disartria). Dores de cabeça, algumas lembrando enxaqueca, podem ocorrer nos pacientes que possuem essa doença. 

O diagnóstico envolve o diagnóstico da perda auditiva com audiometria, presença de dor de cabeça, que pode acompanhar um zumbido, e perda visual parcial. A ressonância magnética pode demonstrar lesões pequenas em várias localizações cerebrais, podendo simular outras doenças, como a esclerose múltipla. 

O tratamento baseia-se no uso de medicações para diminuir o ataque autoimune aos órgãos e tecidos acometidos pela doença. O uso de esteroides em altas doses, imunoglobulina, ou outras medicações, deve ser pesado contra riscos e efeitos colaterais em cada paciente, e somente o médico que acompanha cada paciente deve saber qual a melhor forma de terapia. 

quarta-feira, janeiro 06, 2016

Amamentação exclusiva pode diminuir os surtos pós-parto de esclerose múltipla

Artigo retirado do site Multiple Sclerosis Hub, e traduzido livremente para o blog Neuroinformação
Sabe-se que cerca de 20 a 30% das mulheres com EM apresentam um surto dentro de 3 a 4 meses pós-parto. Atualmente, não há tratamento ou intervenções que previnam completamente um surto, e os dados sobre os efeitos da amamentação no pós-parto ainda são duvidosos. 

O estudo atual foi realizado na Alemanha, com 201 mulheres gestantes com EM remitente-recorrente. Cada mulher foi monitorizada atrás de quaisquer surtos por cerca de 1 ano após o parto. Destas mulheres, 120 amamentaram de forma exclusiva por pelo menos 2 meses, e 42 mulheres ofereceram alimentações combinadas (leite materno + suplementos alimentares), e 39 mulheres não amamentaram. Maia de 80% das participantes usavam medicações para a EM antes da gestação. 

Das mulheres que amamentaram exclusivamente, 24% tiveram 1 surto em 6 meses pós-parto, em comparação com 38% daquelas que não amamentaram de forma exclusiva. Os surtos em mães que amamentaram de forma exclusiva voltaram após a introdução de alimentação suplementar aos seus filhos, e após o retorno da menstruação.

Concluindo, há mais um benefício para a amamentação exclusiva desde os primeiros dias pós-parto, além dos benefícios já conhecidos tanto para a mãe como para a criança.

Aos que quiserem ler o artigo - Hellwig K, Rockhoff M, Herbstritt S, et al. Exclusive breastfeeding and the effect on postpartum multiple sclerosis relapses. JAMA Neurol. 2015