quarta-feira, janeiro 25, 2012

Novidades sobre como prevenir a doença de Alzheimer

Artigo retirado do site Science Daily (site)
Cientistas da Universidade de Berkeley na Califórnia, EUA, publicaram um estudo na prestigiada e mundialmente conhecida revista de neurologia Archives of Neurology. De acordo com estes autores, estudos de imagem cerebrais (brain scans) revelam que pessoas sem sintomas de doença de Alzheimer que começaram a realizar atividades cognitivamente estimulantes (leitura, escrita, resolução de quebra-cabeças, aprendizado de nova língua ou nova habilidade) durante sua vida apresentaram menos depósitos de uma substância relacionada à doença, o beta-amilóide, que é a base patológica da doença de Alzheimer. Ou seja, estas atividades poderiam afetar o processo patológico primário, inicial, da doença, e poderia ter efeitos modificadores de doença, sendo que seus benefícios seriam mais visíveis quanto mais precocemente os exercícios começassem. 
Cerca de 5,4 milhões de pessoas nos EUA têm doença de Alzheimer, e estes números, inclusive no Brasil, só tendem a crescer com o envelhecimento da população. Entre 2000 e 2008, as mortes por doença de Alzheimer aumentaram 66% nos EUA. Aguarda-se, segundo dados do governo americano, que um tratamento ou tratamentos eficazes para a doença sejam lançados em 2025. 
A principal linha de pesquisa na prevenção/cura da doença é como evitar ou diminuir a carga de beta-amilóide, proteína malformada que se acumula no cérebro de pacientes com este doença. 

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A imagem acima mostra um corte de tecido cerebral com neurônios. A esfera rosada no meio da imagem é o que chamamos de placa senil, depósito de beta-amilóide cerebral.
As pesquisas demonstram que o depósito de beta-amilóide pode ser influenciado por genes e pelo envelhecimento - vale lembrar que um terço das pessoas acima de 60 anos, mesmo as sem sintomas da doença de Alzheimer, possuem placas de amilóide no cérebro, pois o que vale na doença não é sua presença, mas sua concentração - mas depende da pessoa o quanto ela lê, escreve ou aprende, e é isso que pode e deve ser modificado. 
Observe que os autores sugerem que, no momento em que os sintomas da doença aparecem, é possível que pouca coisa ainda possa ser feita. Logo, ativar o cérebro, botar o cérebro para funcionar deve ser uma atividade a ser feita o mais precocemente possível. Os autores ainda estão tentando descobrir quais atividades teriam mais impacto e levariam a modificações mais precoces.
Os autores no estudo acharam uma associação significativa entre altos níveis de atividade cognitiva durante a vida e níveis mais baixos de beta-amilóide nas imagens de PET (Positron Emission Tomography, que mede a capacidade metabólica de tecidos orgânicos). Ao que indica o estudo, atividades cognitivas relacionam-se independentemente de idade, sexo, nível educacional ou atividade física à deposição de amilóide.
O que parece promover a proteção cerebral não é a atividade cognitiva de agora, mas a que o paciente vem desenvolvendo ao longo dos anos, o que significa que começar, quanto mais cedo, a ler mais, escrever, resolver palavras-cruzadas e quebra-cabeças, engajar-se em programas de aprendizado de novas línguas ou novas habilidade seria o mais sensato a ser feito, ou seja, manter a mente inquieta e trabalhando.
Mas se você nunca fez nada disso, é idoso e com memória ótima, ou seja, sem sinais da doença, e quer evitá-la, começar agora é melhor que nada, pois mais vale fazer do que nunca começar a fazer, não importa quando se começa. 
Os autores indicam que atividades mentais só fazem bem, nunca mal. Fora que isso acaba por levar a melhor interação interpessoal e sociabilidade, além de melhorar a auto-estima e a capacidade da pessoa. E quem sabe tornar-se cognitivamente ativo na terceira idade seja tão benéfico quanto ter sido sempre cognitivamente ativo? 

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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista