Disartria é outra daquelas palavrinhas que você já deve ter ouvido falar, mas que não sabe do que se trata. Bem, aqui estou eu para acabar com suas dúvidas.
A fala é um dom que não é único aos humanos, haja vista alguns animais, como papagaios e calopsitas, falarem. Mas deve-se diferenciar a palavra de outra faculdade, desta vez humana por natureza, a linguagem verbal.
A linguagem em si não é dom unicamente humano, pois todos os seres vivos têm algum tipo de linguagem para se comunicarem com os seus de suas espécies, quer seja corporal ou através de sons em várias frequências. Mas o ato de utilizar o aparelho fonatório para emitir sons articulados, que se combinem em palavras e frases, e que possuam significado, é um dom humano, e é uma das coisas que nos diferenciam dos outros animais.
Para falar, o homem se utiliza de dois artifícios. O primeiro é o cognitivo, ou seja, o mental, produzido nas partes mais anteriores do cérebro (o lobo frontal), quando a linguagem é produzida. Aqui, fabrica-se o contexto, o estado cultural em que a linguagem será transmitida. Montam-se a frase e as palavras, entende-se o significado delas, percebe-se seu contexto, elaboram-se meios de torná-la inteligível. Aqui forma-se a semântica, a gramática, a prosódia (a música da fala). Caso não houvesse este aparato complexo, as palavras seriam meras mesclas de sons desconexos. Mas não basta pensar no que dizer, deve-se expressar o que se quer falar, e para isso existe o aparelho fonatório, o sistema de articulação de palavras.
O aparelho fonatório é composto do nariz e dos seios paranasais (cavidades cheias de ar ao redor de seu nariz e acima da boca, que quando cheio de secreção, leva à sinusite), que dão a ressonância e o timbre à voz, a boca, os dentes, a língua, o palato duro e o mole, a garganta, a faringe, a laringe e as cordas vocais, além da traqueia e dos pulmões. Não se fala sem ar nos pulmões, pois a fala é o ato complexo da interação entre o ar e as várias estruturas que vão formar os sons a partir da vibração do ar nestas estruturas.
Mas o que é disartria, afinal de contas?
Disartria é justamente uma alteração do aparelho fonatório, em qualquer uma de suas estruturas, e que leva a alterações na fala. As palavras são colocadas da forma correta, a prosódia é normal, a gramática e a semântica são perfeitas. Mas a fala sai ou enrolada ou como se o paciente estivesse "com uma batata na boca", ou a fala sai arrastada, como gostam alguns, ou os sons ficam anasalados. Ou há problemas sérios na articulação de algumas letras, como as bilabiais (B, P, M) ou as linguais (R, S, N).
Quais são as causas mais comuns de disartria?
1. Problemas de nascimento - lábio leporino (fenda labial), fenda palatina, problemas na formação dos dentes ou da língua
2. Traumas - Traumas à boca, língua, dentes, garganta.
3. Cãncer - Câncer de língua, de boca ou de laringe
4. Traumas cranianos
5. Derrames - São as causas neurológicas mais comuns de disartria pois a lesão cerebral pode afetar a inervação de músculos que controlam a articulação das palavras.
6. Outras doenças, como esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, paralisia supranuclear progressiva, etc...
E quando é o cognitivo, o local onde as palavras são produzidas no cérebro, que é afetado, como se chama?
Chama-se afasia, e será discutido posteriormente.
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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista