Recentemente, a mídia divulgou a ocorrência de um surto de botulismo devido a alimentos contaminados com a toxina da bactéria chamada Clostridium botulinum. Mas você sabe o que é botulismo?
Botulismo é uma doença produzida pela toxina da bactéria Clostridium botulinum. Foi descoberta e caracterizada pela primeira vez em 1897, na Bélgica, por Émile Pierre-Marie Van Ermengem, um bacteriologista belga (leia mais aqui). A bactéria, a que nos referiremos a partir de agora somente por CB, é um organismo grande, em forma de bastão, que predomina no solo e na água. Este micro-organismo é capaz de produzir esporos, ou seja, uma forma que resiste às condições do tempo, podendo permanecer vivo mesmo em ambientes inóspitos ou temperaturas altas, até cerca de 120 graus Celsius (a temperatura de ebulição, ou seja, de formação de vapor, da água é de 100 graus Celsius). É um organismo anaeróbio restrito, ou seja, não vive em meio rico em oxigênio, e sob estas condições acaba ficando sob a forma de esporo, inativa.
Abaixo uma figura que fala por si só.
Botulismo é uma doença produzida pela toxina da bactéria Clostridium botulinum. Foi descoberta e caracterizada pela primeira vez em 1897, na Bélgica, por Émile Pierre-Marie Van Ermengem, um bacteriologista belga (leia mais aqui). A bactéria, a que nos referiremos a partir de agora somente por CB, é um organismo grande, em forma de bastão, que predomina no solo e na água. Este micro-organismo é capaz de produzir esporos, ou seja, uma forma que resiste às condições do tempo, podendo permanecer vivo mesmo em ambientes inóspitos ou temperaturas altas, até cerca de 120 graus Celsius (a temperatura de ebulição, ou seja, de formação de vapor, da água é de 100 graus Celsius). É um organismo anaeróbio restrito, ou seja, não vive em meio rico em oxigênio, e sob estas condições acaba ficando sob a forma de esporo, inativa.
Abaixo uma figura que fala por si só.
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Adquire-se a bactéria CB através da ingestão de alimentos mal conservados ou enlatados/processados de forma inapropriada ou contaminada. Mais raramente a toxina pode contaminar uma pessoa através de feridas abertas contaminadas com a bactéria, como ocorre com o tétano (que aliás é causado por uma bactéria parente da CB, a Clostridium tetani). A bactéria produz uma neurotoxina (uma toxina, ou substância nociva ao corpo, que age no sistema nervoso), a toxina botulínica, isso mesmo, a mesma usada para tratamentos de rugas e doenças neurológicas, mas neste caso em diluições muito, mas muito minúsculas que não fazem mal. Esta toxina é extremamente potente, e doses de 0.05 a 0.1 micrograma (1 micrograma é 1 miligrama dividido por mil) podem ser suficientes para matar uma pessoa.
O botulismo pode ocorrer em crianças abaixo de 1 anos de idade, podendo estar associado ao consumo por elas de mel. Isso mesmo, mel. Sugere-se que não se alimente crianças abaixo de 1 ano de idade com mel, pela ineficácia do trato intestinal da criança até essa idade de lidar com a bactéria caso a ingira (leia mais sobre isso aqui).
Já na circulação, a toxina botulínica, ou BnT, segue em direção às sinapses entre os nervos e os músculos, ou sinapses motoras.
Observe uma sinapse motora abaixo:
Observe à direita da figura que existe uma fenda entre o axônio motor, que é parte do neurônio, o nervo, e o músculo abaixo. Esta é a fenda sináptica, onde é liberada a acetilcolina, presente nas bolhinhas ou vesículas sinápticas. Estas vesículas necessitam de moléculas que ancorem-nas à membrana para liberação na fenda sináptica e ação do outro lado, no músculo. E há várias proteínas que fazem isso. Observe mais abaixo:
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http://128.241.192.41/images/hyperhidrosis004.gif |
Mas o que a BnT faz? A BnT destrói estas vesículas de ancoragem, justamente elas. E estas proteínas demoram para ser restauradas.
Qual o quadro clínico do botulismo?
O botulismo produz paralisia muscular progressiva, de cima para baixo (começando pelo rosto), podendo haver paralisia diafragmática com parada respiratória, e paralisia dos músculos dos braços e pernas. Pode haver também boca seca e diminuição do suor, por que a toxina age também nas glândulas que produzem a saliva e o suor.
Geralmente a doença começa de 2 a 36 horas após a ingestão da toxina. Iniciam-se visão dupla, borramento visual, queda da pálpebra e paralisia facial bilateral. Logo advêm dificuldade para falar (disartria) e para engolir (disfagia). A fraqueza acaba por descer para os membros e em casos severos, para os músculos da respiração. A doença pode ser leve, com sintomas mínimos, ou graves, necessitando de internação em serviço de emergência ou UTI, e intubação (colocação do tubo pela boca para auxiliar na respiração). O paciente permanece ciente e consciente de tudo ao menos que seja sedado.
Outros sintomas como constipação, boca seca, queda de pressão ao ficar em pé (hipotensão postural), alterações urinária como retenção urinária, podem ocorrer. Náuseas, vômitos e diarreia podem ocorrer no começo da doença.
A recuperação é prolongada, podendo durar semanas a meses, mas completa, geralmente sem sequelas. O que ocorre é quer as terminações nervosas inativadas pela toxina necessitam ser repostas por terminações novas, que demandam tempo, além de que as proteínas inativadas também de se ser produzidas de novo.
O diagnóstico é clínico, e geralmente é bastante típico. Mas algumas doenças podem se parecer com o botulismo, como a síndrome de Guillain-Barrè (leia aqui), a miastenia gravis (leia mais aqui), especialmente quando os sintomas são leves, ou uma doença chamada de paralisia pela picada de carrapato, um quadro causado pela picada e permanência de certos tipos de carrapatos na pele.
Mas há exames para o diagnóstico? Sim!
O exame de eletroneuromiografia (saiba mais sobre esse exame aqui) pode demonstrar alterações nos padrões de ativação dos nervos que sugerem, na dependência do quadro clínico e de outros exames, o diagnóstico de botulismo, ou seja, este exame sozinho não dá o diagnóstico.
Deve-se detectar a toxina em amostras de soro do paciente, fezes ou ferida contaminada. Este é o melhor método de diagnóstico, mas é um exame que deve ser feito tão logo o paciente chegue ao hospital com a suspeita diagnóstica.
O tratamento deve ser sempre feito em hospital, podendo haver a necessidade de suporte de UTI, além do uso da antitoxina, uma substância que inativa a toxina ainda em circulação. A toxina já presente nos nervos não pode mais ser inativada pela antitoxina.
Mas o que fazer para evitar o botulismo?
De acordo com o site Brasil Escola:
1. Não adquirir nem ingerir alimentos cuja lata ou tampa se apresentem estufadas ou enferrujadas;
2. Não adquirir nem ingerir alimentos cujo conteúdo líquido se apresente turvo;
3. Não adquirir nem ingerir alimentos cujo vidro se apresente turvo;
4. Só consumir mel de procedência conhecida;
5. Ferver alimentos enlatados antes do consumo, principalmente o palmito, já que este é um dos alimentos mais relacionados aos casos de botulismo (a toxina é destruída à temperatura de 65 a 80º C por 30 minutos; ou à 100 º C por 5 minutos).
Além disso, no site How Stuff Works (leia mais aqui), pode-se conhecer mais como prevenir botulismo por contaminação de feridas:
6. Limpe qualquer ferimento com anti-séptico e verifique se não há sinais de infecção. Como a toxina botulínica cresce apenas na ausência do oxigênio, é muito importante manter as feridas limpas e sem tecido morto. Em caso de dúvida, procure um médico imediatamente.
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Médico Neurologista