Demências secundárias são as que possuem causa definida quando são bem investigadas. As causas variam, e a mais comum é doença vascular cerebral (derrame cerebral). Derrames podem causar demência, e não necessariamente precisam ser muitos derrames. Pode ser que um derrame único, mas grande ou localizado em uma região importante do cérebro leve a demência, ou pode ser que múltiplos derrames, ou múltiplos pequenos derrames ocasionem os sintomas de demência.
Hipotireoidismo (tireóide funcionando abaixo do normal) pode causar alentecimento mental, sonolência, moleza, sintomas semelhantes a depressão, e mesmo demência, em especial em idosos. A mesma coisa pode-se falar da sífilis, doença antiga, da época dos antigos gregos, e que ainda existe em nosso meio, causada por uma bactéria em forma de bastão alongado chamada de Treponema pallidum. Sua transmissão é por meio geralmente sexual (sexo sem camisinha com pessoas portadoras de sífilis), mas uma mãe com sífilis pode transmitir a bactéria para o feto durante a gestação. A sífilis possui três fases, chamadas de primária, secundária e terciária, essa levando anos ou décadas para se manifestar, e pode ocorrer como demência.
Traumas cranianos podem levar não só a lesões cerebrais (contusões e concussões), como podem levar à formação de hemorragias (hematomas) tanto dentro do cérebro (intraparenquimatosas) como fora dele (hematomas epidural, o mais externo; subaracnóideo, localizado no compartimento onde flui o líquido da cabeça; e o subdural, esse o mais comum em idosos). O diagnóstico é facilmente feito através de uma tomografia de crânio, quando pela história e pelo exame o médico suspeita de hematoma cerebral.
Meningites crônicas como as causadas pela tuberculose ou outras doenças crônicas, e infecções cerebrais durante a infecção pelo HIV (AIDS) também podem causar demência. Nestes casos, após uma tomografia de crânio, deve-se fazer um líquido da espinha atrás de anormalidades que indiquem a causa do problema.
Epilepsia pode ser causa de demência? Não necessariamente, mas crises contínuas, ou seja, que não param, e que podem persistir por dias mesmo sem abalos ou mesmo sem o paciente se debater (chamadas de status epilepticus não convulsivo) podem ocorrer e levar somente a confusão mental persistente, sendo o diagnóstico feito através da suspeita pela história e pelo exame clínico, e por um eletroencefalograma.
Outras doenças mais raras podem levar a demências secundárias. E nem sempre uma demência secundária é tratável. A investigação deve ser pormenorizada, feita logo que se detecta o problema, para que as consequências sejam mínimas. E a investigação deve ser feita por um neurologista.
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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista