domingo, março 20, 2011

Memória - Os segredos que ela guarda

Nos dias de hoje, raras são as pessoas que possuem memórias fantásticas, capazes de guardar um sem-número de informações, e mais ainda, de se lembras de todas. Bem, os nossos dias atuais testemunham um quadro bem menos animador. Pois quantos são os pacientes que me chegam ao consultório com a seguinte queixas:

"Doutor, estou muito esquecido (a)"...

Mas afinal de contas, por que isso ocorre? Quais os motivos desta epidemia de perda de memória?
Muitos, pelo menos os mais pessimistas, poderão afirmar: "Perda de memória é igual a doença de Alzheimer!". Pois eu digo que isso é uma falácia, ou seja, não é verdade!

Muitos são os pacientes jovens que me chegam com queixas de que colocam coisas em um lugar, e esquecem de onde colocaram a bendita coisa. Ou que leram um capítulo, ou uma página, e não se lembram de nada. Mas vão ao consultório sós. Sabem sair e chegar em casa. Sabem onde estão, não se perdem nas horas ou nos dias da semana, e lembram de suas queixas, detalhe por detalhe. Pois aí está o lance da questão.

Perda de memória causada por doença de Alzheimer, ou uma demência qualquer, é quadro grave, progressivo, que leva a perda de memória e mais alguma coisa, como incapacidade de se localizar, confusão, déficit de cálculo (um contador que não sabe mais operar uma calculadora ou se perde no cálculo de imposto de renda, que antes fazia bem). Mas mais importante, doença de Alzheimer é raro em pessoas abaixo de 50 anos.

Ah, mas há várias outras demências, não existe só doença de Alzheimer! Perfeito, e é por isso que no consultório, ao mencionar esta queixa, devemos levá-la em consideração, tirar uma história clínica adequada, fazer um exame completo ou pelo menos direcionado, e com base na existência de sinais que apontem para uma doença orgânica, solicitar exames, como hemograma, provas de função de fígado e de tireóide, ou níveis de vitamina B12. Uma tomografia de crânio pode ser solicitada para os casos mais preocupantes.

Mas ainda não respondi à pergunta inicial. Qual a causa desta epidemia de perda de memória?
A resposta é: Estresse, ansiedade, irritabilidade, agitação, perda de concentração, incapacidade de se concentrar em uma tarefa só, uso de drogas em algumas pessoas, má alimentação, perda de sono ou sono não reparador (a pessoa dorme à meia-noite para acordar estressada para trabalhar em um emprego maçante e massacrante às 05:00 horas da manhã, e volta para casa cansada às 20:00 horas depois de pegar três ônibus para chegar em casa, o que lhe custou só de viagem 2 horas). Ou seja, é o mundo de hoje, moderno, neoliberal, agressivo, exigente, massacrante, que nos consome, que causa vários sintomas dentre os quais enquadra-se a perda de memória.

Mas se você queixa-se de estar esquecido, vá ao médico. Veja se não é nada grave, por que muitas vezes há uma doença envolvida em sua vida agitada. Fale ao médico tudo o que você sente, todos os sintomas, quando começaram, a intensidade, se pioraram ou se melhoraram, e com o quê melhoraram ou pioraram. Quanto mais informação o médico tiver de sua doença, mais rápido e eficazmente ele chega ao seu diagnóstico.

E só quem tem a ganhar é você.

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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista