Em primeiro lugar, vamos falar o que é um ultrassom. O ouvido humano é capaz de ouvir ruídos entre 20 e 20,000 Hz (Hz significa Hertz, medida usada para denominar ciclos de ondas por segundo, em homenagem ao físico alemão Heinrich Hertz (leia mais sobre isso aqui). Abaixo de 20 Hz, chamamos o som de infrassom, e acima de 20,000 Hz (ou 20 KiloHertz [KHz], chamamos de ultrassom). Alguns animais usam o ultrassom como meio de sobrevivência, como os morcegos e os cães, entre outros.
O ultrassom pode ser usado em medicina. Sendo uma onda, o som move as moléculas de ar à sua frente, e propaga-se por qualquer meio líquido, sólido ou gasoso. Logo, também choca-se contra obstáculos e rebate de volta. É este fenômeno físico que é usado no ultrassom. Usam-se ondas de ultrassom (daí o nome ultrassonografia) para chocar-se (sem danificar nada, claro) contra os órgãos e outras estruturas, e voltar para o aparelho, dando-nos uma noção do que está acontecendo com o sistema em estudo. Pode-se fazer ultrassonografia do abdome, dos membros, dos testículos, do pescoço, dos vasos, e mesmo da cabeça.
Já o Doppler é outro fenômeno físico do som, sendo que este nome foi dado em homenagem ao físico Johann Cristian Andreas Doppler (leia mais aqui) que descreveu o fenômeno.
Fique parado em uma calçada e veja uma ambulância correr pela rua com a sirene ligada. À medida que a ambulância se aproxima de você, o som vai ficando mais alto e mais agudo, alcançando seu máximo no momento em que ela cruza o local onde você está, e logo que ela começa a se afastar, o som começa a ficar mais baixo, menos agudo e distorcido. Esse é o fenômeno Doppler. Observe abaixo:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/90/Dopplerfrequenz.gif |
Observe que o som fica com a frequência mais alta para quem está na frente do carro, e mais baixa (espaço entre as ondas maior) para quem fica atrás do carro.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f7/Doppler_effect_diagrammatic.png/800px-Doppler_effect_diagrammatic.png |
E em medicina, para que usamos isso??
Bem, em primeiro lugar, o ultrassom do aparelho é produzido e transmitido através de um transdutor, um aparelhinho que é colocado sobre a área em estudo.
Observe abaixo:
http://images.quebarato.com.br/T440x/aparelho+usg+ultrassonografia+aloka+ssd+500+micrus+seminovo+salvador+ba+brasil__3F68F7_1.jpg |
Aqui você vê um aparelho de ultrassonografia com os vários transdutores do lado direito.
Ele emite as ondas que serão usadas no estudo. Imagine que este aparelhinho sobre a sua artéria carótida é um observador. Quem seria o carro aqui??
Simples, o sangue que corre em suas veias e artérias. Imagine que o sangue está vindo em direção ao transdutor, passa por ele e vai embora. Se o transdutor emite e recebe as ondas de ultrassom, ele vai detectar anormalidades de velocidade e frequência destas ondas, mesmo elas se chocando contra algo em movimento, o sangue. E é isso mesmo que ocorre.
O aparelho recebe justamente as informações calculadas de velocidade e direção de fluxo do sangue através do efeito Doppler do sangue e das ondas sonoras que saem e voltam ao próprio aparelho.
E quais as funções de um exame desses?
Não somente o exame detecta existência, direção e velocidade de fluxo, neste nosso caso das artérias que vão para o cérebro (carótidas e vertebrais), mas através de estudos anatômicos, o exame pode também detectar se as paredes dos vasos estão normais, se há placas de colesterol, e através da velocidade do sangue, dizer qual o provável tamanho da placa (através de padrões de velocidade, pode-se graduar graus de estenose, ou estreitamento, do vaso em porcentagens de 0 a 15%, 16 a 49%, 50 a 69%, ou acima de 69% de estreitamento, ou estenose, ou mesmo oclusão, ou fechamento total, do vaso).
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Médico Neurologista