sábado, maio 18, 2013

Estimulação magnética transcraniana e dor


Sabemos que a estimulação magnética transcraniana (TMS) parece agir através da modulação, ou seja do equilíbrio de descargas neuronais, produzida através de um campo magnético sobre a superfície cerebral. 

O uso da técnica tem encontrado sucesso no manejo da dor crônica, inclusive da própria enxaqueca, conforme vários autores em vários artigos publicados. No entanto, o mecanismo de melhora ainda não é conhecido. O alívio pode ser parcial e temporário, e pode haver efeito não somente na dor em si, mas também no componente emocional. A ação sobre o sistema límbico (que possui um post aqui neste blog - leia mais sobre ele aqui) pode ajudar a diminuir a dor através da inibição da dor em regiões mais baixas do cérebro.

Dor neuropática (leia mais sobre isso aqui), enxaqueca, fibromialgia, e mesmo dor de órgãos profundos, como dor da pancreatite, ao que chamamos de dor visceral, podem melhorar com tratamentos contínuos de TMS, já que os efeitos são eficazes mas temporários. 

A área de estimulação localiza-se na região do cérebro responsável pela motricidade e sensibilidade, o córtex sensitivo-motor (veja abaixo).

Córtex sensitivo-motor demonstrado em cores acima

No entanto, outras áreas cerebrais podem ser estimuladas. 

Não consegui encontrar artigos sobre esta técnica no tratamento da síndrome da cauda equina, o que não significa que não pode ser útil. Entretanto, há vários artigos sobre o uso da TMS para o tratamento da enxaqueca e outras síndromes de dores craniofaciais, algo que será discutido em post à parte.

Na fibromialgia, doença que se manifesta por dor em vários pontos-gatilho no corpo, com alto índice de incapacidade por dor generalizada, a técnica de TMS pode encontrar utilidade. Como parece que algo está de errado no cérebro na fibromialgia, "regulá-lo" não parece uma má ideia. 

Um estudo publicado na Pain Practice de fevereiro de 2013 por Marlow, Bonilha e Short (referência) revisou a literatura atua atrás de evidências do uso da TMS no tratamento da fibromialgia. O estudo demonstrou que a técnica de TMS sobre o córtex motor primário (área vermelha na figura acima) e no córtex motor préfrontal dorsolateral (área verde na figura acima) alcançou reduções na dor semelhantes às alcançadas pelos tratamentos medicamentosos usados hoje, com menos efeitos colaterais, como dores transitórias de cabeça e desconforto no couro cabeludo, que foram toleráveis. Devido aos custos do tratamento, os autores sugerem o uso da técnica no tratamento da dor quando não há alívio dos sintomas com as terapias usuais, com antidepressivos tricíclicos e outras classes de antidepressivos, ou relaxantes musculares. 

No âmbito da dor, como no caso da depressão, há papel garantido da TMS no tratamento dos pacientes. Resta-nos conhecer mais sobre técnica para usá-la de forma mais adequada e conseguir todo o potencial que nela existe. 


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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista