sexta-feira, junho 28, 2013

Aneurismas cerebrais

Aneurisma é uma palavra derivada do grego, Aneurysmos ou Aneurynein. ANA significa "para cima", e EURYNEIN "alargar" em grego (fonte). 

Um aneurisma é uma dilatação anormal de um vaso, geralmente um vaso que vêm do coração, uma artéria. Observe abaixo um aneurisma cerebral:

http://nothingyoucansee.files.wordpress.com/2011/04/brain_aneurysm550_ab.jpg

Há basicamente dois tipos de aneurismas, os saculares e os fusiformes. Os saculares são aqueles que se formam como sacos, em geral na área de divisão, bifurcação, de uma artéria, por conta de enfraquecimento da parede do vaso e pressão do sangue sobre o local. 

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/80/Cerebral_aneurysm_NIH.jpg/230px-Cerebral_aneurysm_NIH.jpg

Já os aneurismas fusiformes são produzidos por alargamento vascular ao longo do vaso. Observe abaixo:

http://blogs.longwood.edu/bio207webquest/files/2012/02/Brain-Aneurysms.jpg

Os aneurismas costumam ser assintomáticos, ou seja, em geral (cerca de 50 a 80% dos casos de aneurismas) não dão sintoma algum, e muitas vezes o paciente vive sua vida inteira sem saber que possui um aneurisma (não se assuste com essa informação). 

Quais os maiores fatores de risco associados a aneurismas cerebrais?

1. Tabagismo - Sim, o fumo é um vilão, e o mais importante fator de risco modificável (que pode ser modificado) para os aneurismas.

2. Pressão alta - Contribui muito para a formação dos aneurismas

3. Genética - Há casos de pacientes que possuem familiares portadores de aneurismas cerebrais, e há doenças genéticas que se manifestam também com a presença de aneurismas cerebrais.

Qual a maior consequência de um aneurisma?

1. Compressão - Muitas vezes o aneurisma não rompe, mas comprime uma estrutura adjacente, como um nervo, por exemplo. Os sintomas costumam ocorrer de forma gradual, ao longo de semanas a meses, e geralmente referem-se à estrutura que está sendo comprimida, e não ao aneurisma em si. A investigação acaba por detectar um aneurisma.

2. A ruptura do aneurisma - Essa é a complicação mais temida, pois sua ruptura pode levar a extravasamento de sangue para o cérebro, levando a um quadro grave chamado de Hemorragia Subaracnoidea ou HSA. Ou seja, há o sangramento para dentro do espaço onde corre o líquor, o líquido da espinha, o espaço subaracnoideo. 

Um quadro de ruptura aneurismática é uma emergência médica, não deve ser negligenciado, e a manifestação mais comum é a dor de cabeça conhecida como a "pior da vida do paciente", de início súbito e que alcança o pico em segundos a minutos. Alterações de consciência, sinais semelhantes a derrames, coma ou crises epilépticas podem ocorrer com a ruptura do aneurisma por vários motivos.

1. Sinais semelhantes a derrame podem ocorrer porque o sangue irrita os vasos, e alguns vasos podem acabar fechando de forma reflexa, o chamado vasoespasmo, levando a perda de sangue para uma região do cérebro irrigada por aquele vaso, e consequentemente derrame (infarto cerebral) se não tratado a tempo.

2. Crises epilépticas ocorrem pela irritação do córtex cerebral pela presença de sangue no espaço embaixo da membrana aracnoidea. Muitos pacientes acabam por desenvolver epilepsia, e necessitar do uso de medicações por muito tempo para controlar crises.

3. A alteração no nível de consciência pode ocorrer por isquemia cerebral, crise epiléptica, ou inchaço cerebral e aumento da pressão na cabeça, que pode crescer de forma muito rápida. Alguns pacientes já abrem o quadro com coma, o que torna o problema ainda mais grave.

Muitos pacientes, no entanto, chegam ao hospital acordados, falando e relatando a dor. 

Todo caso suspeito de rompimento de aneurisma deve ser avaliado em serviço de emergência, e quando o paciente sentir uma dor de cabeça que ele próprio considera a piora de sua vida, não deve o paciente aguardar a dor melhorar, mas deve ir imediatamente a um pronto-socorro, pois a chave do tratamento bem sucedido é o diagnóstico precoce.

Os parágrafos a seguir não pretendem sugerir exames, mas apenas fazer o paciente conhecer e entender como é feito o diagnóstico de uma hemorragia subaracnoidea e de um aneurisma cerebral. Todos os exames a serem solicitados devem ficar a cargo do médico que examina o paciente. 

O exame de escolha no diagnóstico é a tomografia de crânio, que pode detectar a presença de sangue no espaço de líquor, mesmo em pacientes aparentemente normais. Uma tomografia de crânio normal com um quadro clínico sugestivo não afasta a possibilidade de rompimento de aneurisma, pois ou o sangramento foi pequeno, ou o paciente demorou para ir ao hospital (a cada dia após o rompimento, a chance de encontrar sangue na tomografia diminui drasticamente), ou tivemos um sangramento chamado de sentinela, ou seja, um pequeno sangramento que pode ser evidência da presença de um aneurisma cerebral.

Nos casos de suspeita diagnóstica forte e tomografia normal, deve-se proceder à coleta de líquor da espinha, que pode demonstrar a presença de sangue ou de produtos relacionados ao metabolismo do sangue, após dias da ruptura, quando o líquor fica amarelado (xantocrômico).

O diagnóstico do aneurisma é feito com exames de imagem cerebral vascular, ou seja, dos vasos do cérebro, e a indicação depende do médico que investiga o paciente e de vários outros fatores envolvidos. Pode-se fazer uso da angioressonância, angiotomografia ou da angiografia digital, o famoso cateterismo cerebral.

O tratamento será descrito em post a parte.

Para saber mais - http://www.minineuro.info/2013/05/aneurisma-cerebral-duvidas-frequentes.html




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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista