sábado, março 12, 2011

E afinal de contas, que é enxaqueca?

Muito bem, chegamos ao ponto. Enxaqueca.
Doença descrita há mais de 2000 anos, já havia relatos de dores e tratamentos para estas dores desde a antiguidade egípcia.
Enxaqueca (agora denominada mais formalmente Migrânea), é o segundo tipo mais comum de dor de cabeça no mundo, e uma das causas mais importantes de absenteísmo do trabalho e perda da qualidade de vida. Caracteriza-se por crises de dor de cabeça de moderada a intensa, chegando a muito intensa, geralmente de um lado só, mas que pode mudar de lado entre e dentro de uma mesma crise, latejante (pulsátil), acompanhada de piora com a luz (fotofobia), com ruídos (fonofobia), e mesmo com certos odores (osmofobia), náuseas e/ou vômitos, fraqueza, moleza, cansaço, irritabilidade, mal-estar e tontura. A dor pode ser nucal e frontal bilateral. Pode mesmo ser na cabeça toda (holocraniana).

Alguns pacientes (e algumas crises) podem apresentar antes (ou durante a crise) auras, ou seja, sintomas não dolorosos que mais comumente são visões (pontos negros na visão, pontos brilhantes ou coloridos, alterações de campo visual, listras periféricas brilhantes que aumentam e diminuem, aumento ou diminuição de objetos, ondas no campo visual), ou sensitivas (formigamentos, dormências, perda de sensibilidade) ou motoras (perda de força), ou mesmo desequilíbrio, visão dupla, alterações de fala ou dificuldade para engolir (sintomas de um tipo de enxaqueca chamada de enxaqueca basilar).

Horas ou dias antes, o paciente pode apresentar bocejos contínuos, fadiga intensa, cansaço, irritabilidade, e pode o paciente prever uma crise com base nestes sintomas prodrômicos.

Mulheres são afetadas mais que os homens, e há piora nítida ou mesmo ocorrência de dor somente no ciclo menstrual (é comum, mas não é universal), e geralmente há história familiar, de pais, tios, avós, irmãos, ou filhos com dor de cabeça parecida ou igual à do paciente.

O diagnóstico é clínico, ou seja, história e exame físico com fundo de olho, que deve ser feito por neurologista, e o uso de exames de imagem (como tomografia de crânio) deve ser criterioso, dependendo das suspeitas do médico, de quando a doença começou, das características da doença, ou de sinais neurológicos que o médico pode encontrar no exame.

O tratamento existe, e não é só tomar analgésicos. Dependendo da intensidade e da frequência das crises, pode-se fazer uso de medicações ditas profiláticas, usadas diariamente por um período de tempo, para diminuir a intensidade e o número de crises. O uso e abuso de analgésicos leva a modificações na dor, na frequência (para pior), e na duração da dor (antes durava de 4 a 72 horas, o que é o esperado para crises de enxaqueca, e agora dura vários dias ou mesmo o mês inteiro). Também o não tratar a dor pode levar a sua piora em alguns casos.

Se você tem enxaqueca, procure um neurologista, e inicie um tratamento.

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Comente na minha página do Facebook - Dr Flávio Sekeff Sallem,
Médico Neurologista