Aviso aos navegantes que este artigo não se propõe a sugerir tratamento ou propor automedicação, em hipótese alguma. Propõe-se somente a mostrar e a fazer entender as drogas antiepilépticas usadas até hoje no mercado Brasileiro.
As mais antigas foram descobertas por acaso, no uso para outras doenças.
O fenobarbital é a medicação antiepiléptica a mais tempo no mercado, mas era usado antes como sedativo, medicação para insônia. Foi descoberto em 1902, e começou a ser vendido em 1912, mas foi deixado de lado no tratamento da insônia em 1962, quando os famosos benzodiazepínicos foram introduzidos no mercado (como o diazepam).
A primidona, uma medicação relacionada ao fenobarbital, até hoje é usada como alternativa no tratamento do tremor essencial. Mas tem pouca eficácia como antiepiléptico.
A carbamazepina, uma droga também bastante antiga, descoberta em 1953, foi inicialmente usada, e até hoje ainda é usada, para tratar neuralgia trigeminal. A carbamazepina ainda é usada hoje em dia para tratamento de alguns transtornos psiquiátricos.
A fenitoína foi a segunda droga antiepiléptica a ser descoberta, em 1908. Começou a ser usada como antiepiléptico, no entanto, quase 30 anos antes do fenobarbital, em 1938.
Antes destas drogas mencionadas acima, usava-se para tratamento das crises epilépticas os brometos, sais compostos de um metal (o mais famoso deles sendo o potássio) e bromo. Os brometos foram introduzidos no século XIX para o tratamento de epilepsia até a chegada da fenitoína e do fenobarbital. Em 1975, pararam de ser comercializados por seus efeitos tóxicos (interessante que esta droga ainda é usada hoje para tratamento de epilepsia em cães).
O ácido valpróico é a medicação antiepiléptica mais antiga, tendo sido descoberta em 1882, sendo um análogo do ácido valérico, encontrado na valeriana. No entanto, suas propriedades anticonvulsivantes (ainda hoje usadas) somente foram descobertas em 1962, por acaso (era usado como veículo, substância para facilitar a absorção de outras substâncias, de certas medicações tidas como antiepilépticas). O ácido valpróico ainda hoje é usado também no tratamento profilático de enxaqueca.
A etossuximida é uma medicação mais nova, e sua indicação principal são as crises de ausência típica em crianças, pois tem um perfil de efeitos colaterais bem melhor que o ácido valpróico, a segunda linha de tratamento nestes casos.
Há muitas outras medicações para epilepsia, e que diferentemente das citadas acima, que foram descobertas por acaso, foram desenvolvidas para este fim, e cujo mecanismo de ação é parcialmente ou totalmente conhecido.
Assim, temos:
1. A oxcarbazepina, um análogo da carbamazepina
2. A fosfenitoína, um análogo da fenitoína com menos efeitos colaterais
3. A lamotrigina
4. O topiramato
5. O divalproato de sódio, um análogo do ácido valpróico usado mais como profilático de enxaqueca
6. O piracetam, pouco usado como antiepiléptico por conta de sua baixa eficácia
7. O levetiracetam, ainda não disponível no Brasil
8. O clobazam, um benzodiazepínico com excelentes propriedades antiepilépticas
9. A vigabatrina, que devido ao seu perfil severo de efeitos colaterais, é usado principalmente na síndrome de West e na síndrome de Lennox-Gastaut
10. O felbamato
11. A tiagabina
12. A gabapentina, mais usada no tratamento da dor e como terceira linha no tratamento do tremor essencial
13. A pregabalina, mais usada no tratamento da dor neuropática
14. A acetazolamida, medicação descoberta em 1953, e que possui indicações específicas em epilepsia
Outros tratamentos como a dieta cetogênica e a estimulação vagal, sobre os quais poderemos posteriormente, são meios não medicamentosos de tratamento antiepiléptico, usados no entanto nas formas refratárias ou graves de epilepsia.
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Médico Neurologista