sexta-feira, maio 04, 2012

Considerações sobre a depressão e ansiedade

Artigo escrito pela psicóloga clínica Ângela Carvalho Jatobá.


Pós-Graduação em Psicologia Clinica Psicanalitica

Formação em Neuropsicologia Infância/Adolescência/ Adulto
Formação em Terapia Cognitivo-Comportamental Infância/ Adolescência/ Adulto
Coordenadora do Grupo de Apoio para portadores de TDAH-Recife

E-mail: angella.jatoba@hotmail.com

Por que a depressão existe?

Segundo algumas teorias, conforme a civilização se desenvolveu, o homem alterou seu ambiente numa velocidade maior que a sua capacidade de adaptar-se a ele. Evoluímos para viver em grupos, seguindo o ciclo do sol, com a preocupação de obter alimento e procriar. Porém agora as coisas mudaram, pois temos de que nos preocupar com contas, imagem, carreira. E muitos planos acabam frustrados, talvez mais do que a cabeça pode aguentar. E o pior é que temos hábitos sedentários, e graças à luz artificial, fazemos nosso corpo funcionar no tempo do relógio e não no tempo do sol. Isso explica por que a prevalência da depressão tem aumentado. 


Adaptado de Paul Gilbert, Universidade de Derby, Reino Unido, e publicado na Superinteressante. 


O lado bom das nossas falhas (leia mais aqui)

Estudos sobre "depressão", "timidez", "pessimismo", afirmam que estas condições não só têm lado bom, como também são peças fundamentais para uma vida melhor e mais feliz, pois através das nossas falhas se poe atingir o sucesso. 


Algumas considerações retiradas do site da Superinteressante:

A mulher mais rica do Reino Unido ganhou uma fortuna durante uma crise de "depressão" ao escrever um livro, enquanto sustentava sua filha com a ajuda do governo, pois tinha acabado de perder o emprego e se divorciado. Estamos falando da autora de "Harry Potter".

O maior filósofo do século XX não passou no colegial, sofreu bullying na escola por escrever errado, ter uma péssima memória e não fazer amizades, pois não se interessava em conviver com as pessoas. 

O mais famoso intérprete de Johann Sebastian Bach não gostava de tocar para a plateia e não deixava que pessoas encostassem nele.

O inventor da lâmpada, Thomas Edison, era tão avoado que foi expulso da escola aos 8 anos de idade, e precisou estudar em casa.

Algumas pessoas não conseguem se interessar pelo que existe a sua volta, mas é exatamente por isso que conseguem se concentrar dias a fio num só raciocínio e chegam a conclusões geniais.

As pessoas desatentas, por exemplo, conseguem captar vários estímulos no ambiente ao mesmo tempo, e a partir disso fazer associações inesperadas e criativas.

A ansiedade nos protege de pagar para ver uma ameaça, e a tristeza e o pessimismo nos fazem desistir deas ilusões.

Do ponto de vista clínico, não há nada de bom na "depressão", pois ela aprisiona as pessoas no sofrimento, que paralisadas não conseguem tomar decisões e atitudes que melhorariam suas vidas, isolam-se socialmente e tendem a remoer um problema; porém, a "depressão" tem um lado positivo: segundo o psicólogo americano Erick Klinger, um dos primeiros cientistas a pesquisar a "depressão", num artigo de 1975, analisou como o humor melhora conforme o progresso na busca de um objetivo. Isso motiva a pessoa a continuar buscando e a assumir riscos cada vez maiores. E quando esses esforços começam a falhar, uma piora no ânimo a faz voltar atrás, preservar suas reservas e reconsiderar opções. Essa piora, ou seja, essa depressão leve, abre espaço para a introspecção (auto-crítica) e ao auto-exame necessários para se tomar decisões difíceis, como desistir de objetivos inalcançáveis e buscar novas metas; ou seja, pessoas com sintomas leves de "depressão" conseguem abrir mão com mais facilidade de buscar objetivos irrealistas, dando menos murro em ponta de faca, e machucando-se menos do que os esmurradores de lâminas. 

[Adaptado da revista Superinteressante por Ângela Carvalho Jatobá - Psicóloga Clinica - Recife/PE]

terça-feira, maio 01, 2012

Para que serve a pesquisa de bandas oligoclonais?


Artigo escrito pelo Dr. Diego Zanotti Salarini, médico neurologista do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, do Ambulatório de Desordens de Movimento do Hospital das Clínicas da FMUSP, e do Ambulatório de Neurologia da Santa Casa de São Paulo, e cedido gentilmente pelo mesmo. 

Quantas vezes já não vimos um pedido de exame assim: liquor com pesquisa de bandas oligoclonais. Mas afinal de contas para que serve esse exame?

Inicialmente devemos mencionar que é apenas um exame, e não uma certeza absoluta sobre nada. Não adianta realizar o exame sem ter uma suspeita clínica (como qualquer outro exame).

O exame não é feito só no LCR, mas também é coletado sangue do paciente nesse momento. O que se faz é uma simples comparação, claro que com uma tecnologia envolvida, mas não passa de uma comparação, entre a presença dessas bandas no sangue e no líquor.

As proteínas que existem no sangue são muito parecidas com as que existem no líquor, pois este é considerado como uma filtrado do sangue. Logo se compararmos essas proteínas, elas são iguais. Já em algumas doenças, como por exemplo a Esclerose Múltipla, ocorre a produção de proteínas diferentes só no líquor, desta forma a comparação aparecerá diferente (veja a presença de bandas na imagem abaixo):

http://www.ms-gateway.com.pt/html/images/upload/LCR.jpg
As bandas são estas imagens escuras, como códigos de barras, na fila abaixo, onde está escrito LCR à esquerda, e demonstram a presença de proteínas diferentes no líquor em relação ao sangue, ou seja, proteínas produzidas exclusivamente no líquor, e não passado do sangue para ele. 

Isso mostra apenas uma coisa para nós: existe algo errado nas defesas imunológicas que protegem o cérebro de agressões do meio externo a ele. Nesse contexto o significado é de que existem células que podem estar causando a inflamação no cérebro.

Observe abaixo como funciona a inflamação cerebral na esclerose múltipla. 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEGdCsojw2pCoAaulrmJbxdXPVelniIuql1j69QwIyCt66o4_NaRCpvZAt6q0L0VcWqwq5nqi3ljpHMBo0Ps4f_fox_7Zl2jK9vYArI7Rqm9YmxjmeGzwMn85YrYtsgG2idN7WxGWVPRc/s400/esclerose-multipla-celula-t.jpg

Para dar o diagnóstico de Esclerose Múltipla muito mais coisas são necessárias (avaliações sucessivas do neurologista e exames de imagem), o que será discutido em outro post. 


O que é a doença de Machado-Joseph?

Artigo escrito pelo Dr. Diego Zanotti Salarini, médico neurologista do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo, do Ambulatório de Desordens de Movimento do Hospital das Clínicas da FMUSP, e do Ambulatório de Neurologia da Santa Casa de São Paulo, e cedido gentilmente pelo mesmo.

Atualmente discutida por conta de um ator com esta enfermidade (veja aqui), a Doença de Machado-Joseph, ou ataxia espinocerebelar tipo 3 (há mais de 30 tipos de ataxias espinocerebelares, e esta é a mais comum) é uma de muitas doenças que se manifestam com ataxia (vide aqui), além de outros sintomas possíveis de apresentar. 


Sua origem é considerada como portuguesa, das Ilhas de Flores e Açores, sendo que nessas ilhas, a proporção de pessoas com essa doença é bem maior que na população geral. Veja abaixo a localização da Ilha de Açores:


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7fTlJ7n_bJ333JWKKwWGtRNhCuOoyhMdIoKn7TSLpcQDC49w3e_GL2HKE5pAcfT-7KbQH8DKrdWpS3Rm3HeSlmyYQl7QgdgJ-qqLI53aFnyzdlDGhmb1pK2BcdIGQPNucI0TybSjtxPY/s1600/carte-acores.gif

Esta é uma doença genética, isto é, é passada como uma alteração no DNA de pai para filho. Ela recebe o nome de dominante pois basta ter um gene alterado para a pessoa ter a doença. Devemos lembrar nesse ponto que o nosso DNA apresenta sempre um par de cada um dos 23 cromossomos, e em cada posição um par de genes, um para cada cromossomo, e há vários genes em cada cromossomo, mas esta é outra história. Veja abaixo:


http://www.unifesp.br/centros/creim/imagens/dominante.gif 


A figura acima demonstra a transmissão genética denominada de dominante, sendo o gene dominante, neste caso hipotético, denominado como A, e o recessivo a. Basta um gene A na dupla para que a pessoa tenha a doença. Observe a transmissão genética recessiva abaixo, onde são necessários dois genes a para que a pessoa tenha a doença:

http://www.unifesp.br/centros/creim/imagens/recessiva1.gif 


O início da doença pode ser com alterações no andar (marcha) e no equilíbrio na maioria das vezes. Nesse ponto inicial muitas pessoas podem ser taxadas de bêbadas por pessoas que não conhecem os sintomas da doença pois andam como se estivessem com excesso de álcool no sangue, além da voz poder estar alterada, a disartria (vide aqui). 


Outros sintomas podem ser: visão dupla, formigamentos ou perda de sensibilidade nos pés (polineuropatia), parkinsonismo (apresentando alguns sintomas parecidos com os da Doença de Parkinson), movimentos anormais de braço e pescoço, reflexos aumentados (hiperreflexia) e alterações de sono e memória.


A evolução da doença é bem lenta com pioras muito sutis no dia-dia, sendo mais facilmente vistas por um neurologista experiente (mesmo assim com uma certa dificuldade) e com aparecimento de novos sintomas. Como 100% dos paciente com essa herança genética irão manifestar a doença o teste genético se faz necessário para duas coisas: primeiro, determinar se realmente é a Doença de Machado-Joseph (existem outras 31 formas de ataxias hereditárias dominantes, além de uma vasta lista de ataxias recessivas), e segundo, aconselhamento genético (deve ser feito por um geneticista).


No momento vários estudos estão sendo feitos para melhorar os cuidados para com essa doença, sendo que a fisioterapia é ainda a melhor intervenção, com boa melhora funcional dos pacientes. Outras medicações são usadas para os sintomas que o paciente pode apresentar.


Para ter informações sobre essa doença e sobre como trata-la consulte seu médico.

segunda-feira, abril 30, 2012

O que é o corpo caloso?

O cérebro é formado por dois hemisférios, o direito e o esquerdo. Estes dois hemisférios comunicam-se entre si através de fibras ou conjuntos de axônios e dendritos que trafegam de um hemisfério para outro, ligando áreas semelhantes (frontal com frontal, parietal com parietal, e assim vai) e fazendo a comunicação entre diversas áreas diferentes dos dois lados. Estas comunicações chamam-se de comissuras, e geralmente localizam-se na linha média (exatamente entre os dois hemisférios).

Há algumas comissuras, como a comissura anterior, a comissura posterior, e a comunicação intertalâmica.

Observe abaixo:

http://www.benbest.com/science/anatmind/FigVI24.gif
A comissura anterior está localizada à esquerda (na parte da frente do cérebro) (anterior commissure). A comissura posterior está lá atrás, acima do cerebelo. Esta figura mostra todas as comissuras cerebrais, todas muito importantes. Estas conexões ligam as estruturas correspondentes dos dois lados entre si.

Agora, observe a figura como sanfona localizada acima de todas as outras comissuras. Esta é a comissura mais importante do cérebro, e liga as informações corticais e subcorticais entre si. Este é o corpo caloso.

O corpo caloso é necessário para a correta interpretação de informações vindas dos sentidos, como visão, tato, além de informações mentais. Problemas de linguagem podem advir de lesões do corpo caloso. Problemas de orientação direita-esquerda, não reconhecimento de um lado do corpo (o que chamamos de heminegligência), e problemas de reconhecimento de objetos visuais podem advir de lesões desta estrutura. Estas informações são complexas, e seu completo entendimento necessita de certas informações que ainda não foram fornecidas neste blog. Aos interessados em aprofundar estes conhecimentos, indico este site, e estes artigos (este e este).

O corpo caloso é uma massa de substância branca formada de fibras radiais, ou seja, que passam de um lado para outro. Observe abaixo:

https://encrypted-tbn1.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQ_u_GWMCwHp_jkJZcglktqP4zwJ74lGc0EngLmiJy9HMdUaYrm
Observe ainda mais abaixo:

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcT3AtHwvqsDVFWlHkeoAJPQ-Kxy_VsqTvIOEef2f-a2AnUwlOSW
Esta figura mostra as fibras que constituem o corpo caloso.

Na ressonância magnética, pode-se ver bem o corpo caloso. Observe abaixo:

https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSxwKfn0AH13bc1IlIDe09Hm65m2B5LyHxqIEl7w3rTgnA8QHhK
Observa ainda abaixo:

https://encrypted-tbn1.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRaRpTCB0j9zhK8xvydTde6RvaMUNwCSTAl3XT9hDt2CcxTQxT16w
E mais abaixo:

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQShVey1OYXEy2F0jOd3b0HsanjbnBprnwhUbZlBd0K6QZMldnk
Nesta figura, corpo caloso está indicado pelo número 5 (a, b, e c). Aqui você observa que o corpo caloso é formado por três partes, a saber: 5a - cabeça; 5b - corpo ou esplênio; 5c - joelho do corpo caloso.

Observe ainda mais abaixo:

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRhyf6ags6NjK9z4ETcPxsN2kTwJaaF5Ws6sVYZmFv5-CAApFMD
Agora que você já conhece o corpo caloso, o que pode acontecer com ele?

Sabendo-se que é uma estrutura de linha média feita de substância branca, doenças que acometem a substância branca, como esclerose múltipla, desmielinizações causadas por uso crônico de álcool, infecções como doenças virais, e vários tumores podem afetar o corpo caloso e causar problemas na substância cerebral ao redor.

E mais. O corpo caloso pode não nascer, ou nascer incompleto, ao que se chama agenesia ou hipogenesia do corpo caloso. Observe abaixo:


https://encrypted-tbn1.google.com/images?q=tbn:ANd9GcTwoUYxKzBumkJ8_u5kNyxFF6Vs2MlUHKXms24tNg03eOisZFmWyA
Nesta figura, o corpo caloso não nasceu, e os ventrículos estão com forma e tamanho diferentes (algo que chamamos de colpocefalia). Compare com as figuras acima.

Agora você já sabe muita coisa sobre o corpo caloso.


domingo, abril 29, 2012

Neurologia nutricional

O sistema nervoso é palco de várias reações químicas diariamente, tanto na manutenção de suas células e sinapses como na criação de novas sinapses, reparos, manutenção de células não neuronais e do meio interno do cérebro, importante para sua segurança, proteção e funcionamento. Fora isso, o funcionamento perfeito dos outros órgãos e sistemas é vital para o bom desempenho cerebral.

Mas para que todas estas atividades ocorram em harmonia diariamente, é necessário um mínimo de nutrientes, proteínas e vitaminas a serem continuamente encaminhados ao cérebro e a outros órgãos, como o fígado, rim, coração, pele, tireóide, e várias outras estruturas vitais. 

Esse mínimo é mantido às custas de uma alimentação saudável, rica em nutrientes e vitaminas, além de um trato digestivo, misturando estômago, intestino, pâncreas, funcional e ativo. 

Várias são as vitaminas que devem ser consumidas continuamente por reações químicas cerebrais importantes para a manutenção da vida, e vários são os nutrientes essenciais ao corpo. Fora isso, aminoácidos, as menores unidades formadoras das proteínas, são ou consumidos obrigatoriamente através dos alimentos para serem usados pelo cérebro (os aminoácidos essenciais) ou são produzidos no corpo (aminoácidos não essenciais).

De longe, as vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B9 e B12) são as mais importantes no metabolismo cerebral, mas a vitamina E e A operam tão importantemente quanto. Oligoelementos, como o cobre, o zinco, cobalto, magnésio são muito importantes também. Todas estas substâncias são conseguidas na dieta, ou através de suplementação com vitaminas. 

Pela importância que têm estas vitaminas e minerais no funcionamento cerebral, faremos alguns tópicos sobre estes assuntos, e no final, discutiremos o papel da cirurgia bariátrica (cirurgia feita para pacientes com excesso de peso) na neurologia.


sábado, abril 28, 2012

Os núcleos da base - O núcleo subtalâmico

Este é mais um dos núcleos que forma os núcleos da base, e seu nome deriva do fato de esta estrutura estar abaixo do tálamo, daí o nome subtalâmico.

Observe abaixo:

http://www.virtual.unifesp.br/unifesp/apoptose/restrito/ganglios.gif
O núcleo subtalâmico é a estrutura em rosa abaixo da grande massa acinzentada na figura (ou seja, o tálamo). Observe maia esta figura:

http://www.profelis.org/amc/ap1/gifs/basal-ganglia_normal.gif
Nesta figura, você vê a relação entre os núcleos já discutidos, o núcleo caudato e o putâmen em azul, o globo pálido em azul claro e branco, o tálamo em rosa e o núcleo subtalâmico em cinza. Esta figura demonstra a disposição destes núcleos separados do restante do cérebro. Aqui estão outras massas de substância cinzenta, a substância negra, principal núcleo da doença de Parkinson, e o núcleo rubro.

O núcleo subtalâmico é o único núcleo que possui um neurotransmissor excitatório (que excita, estimula outras terminações nervosas), o glutamato. Este núcleo participa ativamente de todas as informações que saem do córtex e vão para os núcleos da base, incluindo terminações diretas que saem do córtex para ele. Fora isso, ele se conecta ao globo pálido e ao tálamo, e ao putâmen/caudato.

Lesões do núcleo subtalâmico levam a uma condição chamada de hemibalismo/hemicoreia, onde há movimentos desordenados, involuntários, de grande amplitude de um lado do corpo, contrário ao lado lesado. As causas mais comuns disso são derrames e diabetes descompensando, mas traumas e esclerose múltipla também pode causar esta condição.

O núcleo subtalâmico é a principal estrutura usada no tratamento da doença de Parkinson com a técnica de estimulação cerebral profunda, o famoso marcapasso cerebral.

Observe abaixo:

http://www.mayfieldclinic.com/images/bilateral_dbs_72.jpg
Nesta figura, dois eletrodos (o marcapasso deles está no peito) estão colocados de cada lado no núcleo subtalâmico para tratamento da doença de Parkinson.

Observe mais abaixo esta figura que demonstra o marcapasso e o eletrodo, desta vez de um lado só (esquerdo):

http://biomed.brown.edu/Courses/BI108/BI108_2003_Groups/Deep_Brain_Stimulation/images/man2.jpg
Falaremos, no próximo post sobre anatomia, da substância negra.

terça-feira, abril 24, 2012

O que é craniossinostose ou estenose crânio-facial?

Muito temos ouvido falar desta deformidade nestes últimos dias. Mas você sabe o que é craniossinostose (ou cranioestenose)?

O crânio é formado por vários ossos, que se conectam através de articulações fixas, ou suturas, sem possibilidade de movimento entre eles após as suturas estarem completamente formadas.

Observe abaixo:

https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSaOH3jhvUJe0CDzsBuL4utmzXfqnuZqUY01i6pI6hTN_-HewLZjA
Os ossos do crânio são o Frontal, dois ossos Parietais, dois ossos Temporais, o osso Occipital, dois ossos Zigomáticos, o osso Maxilar, o osso Nasal, e o osso Esfenoidal (observe abaixo):

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSdaqC9lICvGHN_vxhV_bDSt-5x9udcbE5i2XAGHz2spl1bf8bQ

O osso esfenóide é visto aqui somente parcialmente. Na verdade, este é um osso complexo, cheio de buracos (forames) e proeminências. Observe abaixo:

https://encrypted-tbn3.google.com/images?q=tbn:ANd9GcQv04kPMjXKdoAaP2z3qU_G4ZGJ3ennHMKPsddhi8gaXVqccezj




Este é o osso esfenóide, e sua localização no crânio segue abaixo:
https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcRRYWGndb5gobgOqCtlR3ZpTAnk0ZfpR4RHck3xrAzHbRDmqyps

Muito bem.Observe a primeira e a segunda figuras. Observe que entre os ossos, há linhas serrilhadas, as suturas. A mobilidade entre os ossos é mínima a nula por conta destas suturas, e no adulto somente doenças que deformam o osso, tumores ósseos, ou traumas graves podem romper este lacre. Mas na criança, temos outro quadro.  

Os ossos do crânio de uma criança ao nascer e após alguns anos do nascimento são diferentes dos de um adulto. São mais moles, e a separação entre eles é menos rígida, permitindo aos ossos crescerem e se adequarem ao cérebro em crescimento. Na parte anterior e na posterior da cabeça de uma criança recém-nascida, há duas aberturas que são justamente o espaço entre os ossos que ainda não se fechou, as fontanelas, ou popularmente conhecidas moleiras. Elas são necessárias para que o cérebro e os ossos cresçam. 

O cérebro termina seu crescimento ao final do segundo ano de vida, permitindo à fontanela anterior fechar-ser entre o 9º e o 15º mês de vida. A posterior fecha-se ao redor do 2º mês de vida (informações tiradas deste site). 

O que ocorre na craniossinostose ou cranioestenose é o fechamento precoce destas suturas, destas ligações entre os ossos do crânio de uma criança. Devido ao impedimento do crescimento normal do cérebro e do crânio, há crescimento diferente dos ossos, levando o crânio a assumir formas diferentes do normalmente visto, podendo inclusive levar a alterações neurológicas.

O quadro é mais comum em meninos, e ocorrer em geral 1 caso para cada 2000 crianças. A doença já se inicia na fase embrionária, e pode ter causa genética (hereditária), infecciosa (infecções no período neonatal) e causas intra-uterinas várias. O uso de certas medicações na gestação pode causar estas deformidades também. 

Há vários tipos de estenose craniofacial, dependendo da sutura (ou suturas) acometidas (fonte). E há várias suturas diferentes.

1. Sutura sagital: Entre os dois ossos parietais ( a linha entre os dois ossos esverdeados (parietais) abaixo).

https://encrypted-tbn0.google.com/images?q=tbn:ANd9GcS-VaOqqUPtFbmlR_Ju_aTjIW5yxHt53fZqwW97WuvHlxfZ3pghjw
2. Sutura coronal: São duas, entre o osso frontal e cada osso parietal (a sutura entre o osso azulado (frontal) na frente e cada osso esverdeado atrás dele).

3. Suturas lambdóide: São duas, entre o osso occipital (o osso azulado na parte de trás da figura) e os ossos parietais à frente deles. 

4. Sutura metópica: Típica do recém-nascido, junta as duas partes do osso frontal em uma só após o oitavo ano de vida (pode continuar presente em cerca de 8% das pessoas ) (fonte)

http://www.yalemedicalgroup.org/stw/images/126473.jpg
Dependendo da sutura ou suturas envolvidas, há vários tipos de cranioestenose. 

Tabela tirada deste site:

Tipos de cranioestenose:
Escafocefalia: causado pelo fechamento da sutura sagital. É o caso mais comum.
Trigonocefalia: causado pelo fechamento da sutura metópica.
Plagiocefalia: causada pelo fechamento da sutura coronária unilateral.
Braquicefalia: causada pelo fechamento da sutura coronária bilateral.
Oxicefalia: causada pelo fechamento da caixa craniana
Turricefalia: causada pelo fechamento das suturas frontoparietal e parietoccipital

O diagnóstico é feito pela observação da criança e por exame de imagem da cabeça, radiografia de crânio ou tomografia computadorizada do crânio, que podem auxiliar no diagnóstico e na formulação do melhor tratamento. 


Quer saber mais sobre diagnóstico e tratamento desta afecção? Discuta com seu pediatra ou neuropediatra. 


segunda-feira, abril 23, 2012

Novas pistas quanto às causas da enxaqueca

Notícia tirada deste site e deste site e traduzida livremente abaixo.

Cefaleia induzida pelo frio (ou Cefaleia do Sorvete - vide este link para mais informações) parece ligada a alterações de fluxo de uma artéria cerebral específica, de acordo com um pequeno estudo. Isto pode auxiliar no tratamento de outras dores de cabeça, como enxaqueca, por exemplo.

Os cientistas monitoraram o fluxo sanguíneo cerebral de 13 voluntários sadios enquanto estes tomavam água gelada através de um canudo comprimido contra o palato duro, de forma a produzir "cefaleia do sorvete". Os resultados sugerem que esta cefaleia transitória é causada por um súbito aumento no fluxo sanguíneo na artéria cerebral anterior, e a cefaleia acaba quando a artéria contrai de volta ao seu tamanho normal.

Observe abaixo a artéria cerebral anterior:

http://www.meddean.luc.edu/lumen/MedEd/Neuro/neurovasc/ImageFiles/ancirc.jpg
A dilatação rápida e a pronta constrição da artéria podem ser um tipo de auto-defesa do cérebro. O cérebro é muito sensível à temperatura, de modo que a dilatação do vaso pode estar movendo sangue levemente mais quente para os tecidos para que o cérebro mantenha-se aquecido. Como o crânio é uma estrutura fechada, um aumento súbito no volume de sangue por dilatação vascular pode causar dor por aumento da pressão local. A constrição dos vasos pode ser um modo de evitar maiores danos por aumento súbito da pressão cerebral.

Estas alterações de fluxo sanguíneo são também observadas na enxaqueca e outros tipos de cefaleia, o que pode lançar uma luz na causa e fisiopatologia (modo de instalação e evolução) destas formas de cefaleia. 

domingo, abril 22, 2012

O que é um ataque isquêmico transitório? ou "Princípio de AVC"

Ataque isquêmico transitório, ou AIT, é um evento vascular, ou seja, um problema da vasculatura cerebral, e que muitos conhecem como "princípio de AVC". Na verdade, o AIT não é um princípio de AVC, mas um AVC (derrame) de verdade, mas que demora pouco, dura pouco, e logo tudo volta ao normal.

Um AIT é um evento vascular que dura pouco, resolve-se geralmente em questão de minutos, e apresenta exames de imagem normais, ou seja, sem lesões aparentes decorrentes dele.

O AIT obedece aos mesmos requisitos que um AVC isquêmico (leia aqui e aqui para saber mais). Ocorre de forma súbita, pode piorar ao longo dos minutos, pode causar fraqueza, dormência, perda de sensibilidade, alteração da fala, perda da linguagem, incoordenação, alterações da marcha, perda de visão, confusão. Mas em geral, de acordo com os critérios antigos, deve durar 24 horas e resolver completamente.

Mas os últimos exames de imagem demonstram que 24 horas é um tempo muito longo. Isso por que, em média, os AIT's re resolvem em 60 minutos ou menos (em geral 15 minutos mais ou menos na experiência do escritos deste artigo), e aqueles que duram mais do que isso na verdade são derrames verdadeiros, provados pela tomografia ou ressonância magnética com uma técnica chamada e difusão, que demonstra lesões agudas inflamatórias e vasculares, mas cujos sintomas clínicos se resolvem. Ou seja, um AIT que dura mais do que 60 minutos pode não ser um princípio de AVC, mas um AVC de verdade.

O AIT é benigno? Não! Não é! Dependendo de vários fatores, um AIT pode ser simplesmente o aviso de que um derrame maior, e logo mais duradouro e incapacitante, está por vir. Há uma escala usada por nós, médicos, baseada em estudos para poder definir este risco. Esta escala (chamada de ABCD2) usa critérios como idade, pressão arterial, presença de perda de força ou alteração de linguagem no AIT, diabetes, e a duração do AIT para medir o risco de um AVC (leia mais aqui para uma avaliação técnica do assunto).  E cerca de metade dos AVC's que ocorrem após um AIT o fazem 48 horas após.

Quais são as causas de um AIT? Exatamente as mesmas de um AVC (leia aqui). Mas é claro que há certas causas mais raras de AVC, como inflamações vasculares (vasculites) ou doenças genéticas, que não serão discutidas nesta tópico, mas podem ser discutidas em tópicos posteriores.

Há outras causas para sintomas semelhantes aos de um AIT? Doenças outras podem causar uma plêiade de sintomas que se parecem com sintomas de um AIT, mas quando faz-se imagem cerebral, demonstra-se serem outras doenças. E quais são estas doenças?

1. Hemorragia cerebral - Pequenas hemorragias podem dar sintomas semelhantes aos de um AIT, mas neste caso uma tomografia de crânio é suficiente para tirar a dúvida (experiência do autor).
2. Trombose venosa cerebral - A obstrução de veias do cérebro pode causar sintomas semelhantes aos de um AIT, e nestes casos deve-se pesquisar a causa, geralmente encontrada com estudos das veias cerebrais.
3. Crise epiléptica - Crises podem durar pouco, e se parecerem com um AIT. Mas em geral ocorrem várias vezes ao dia, ou várias vezes por semana, algo raro para um AIT, que ocorre poucas vezes antes de um AVC de verdade se formar. Nestes casos, um eletroencefalograma pode ajudar no diagnóstico.
4. Hemorragia subdural - Hemorragias no espaço entre o cérebro e a dura-máter, de fora do cérebro, podem causar sintomas semelhantes aos de um AIT, e uma tomografia de crânio pode ajudar a elucidar o diagnóstico.
5. Queda de pressão - Quedas de pressão podem causar sintomas parecidos, mas nestes casos deve-se estudar os vasos cerebrais pois aqui, geralmente, há fechamento de um vaso que sofre com a queda de pressão.

E como diagnosticamos um AIT? Na chegada ao PS, o paciente deve ser internado para investigar. Tomografia de crânio, doppler de carótidas, ressonâncias e mesmo angiografia cerebral, a depender do caso, valem no diagnóstico. Deve-se despender todo o esforço possível na elucidação da causa de um AIT, pois se deixado sem investigação, um AIT pode virar um AVC de verdade (Isso pode ocorrer mesmo no hospital, horas após o AIT. Mas como a maior parte dos AVC's se formam após 48 horas do AIT, o uso de medicações, controle da pressão e da glicemia, e uma investigação bem feita acabam por fazer a diferença na vida do paciente).

O tratamento é o mesmo de um AVC, mas mais intenso e em busca de evitar um AVC de ocorrer. Leia aqui para saber mais.








sábado, abril 21, 2012

Orientações aos pacientes 1 - A pior dor de cabeça da vida

Neste blog, há um tópico sobre isso (leia aqui). Mas hoje gostaria de enfatizar alguns pontos da prática diária.

Dor de cabeça, ou cefaleia, pode ser algo leve, ou tão intenso que atrapalha completamente nossa vida. Pode ser de instalação gradual, lenta, ou ter começado há anos, mas pode ser súbita, de uma vez, algo que nunca se sentiu antes.

Tanto a dor de cabeça leve diária há meses como a dor de inicio recente devem ser investigadas de forma sistemática com história clínica, exame neurológico e exames de imagem, se for o caso, na dependência do  diagnóstico que o médico faz. Mas no caso da dor que se instala de forma súbita, intensa, como o paciente nunca sentiu antes, bem, a investigação é obrigatória, e todo o esforço do médico deve se concentrar na causa da dor de cabeça.

E neste caso, mesmo um clínico de pronto socorro deve estar atento, pois muitas vezes ele é o primeiro a ver estes pacientes, e nem sempre um neurologista está disponível na hora. 

E quais são as causas deste tipo de dor?

A que vem à mente dos neurologistas logo de cara é ruptura de um aneurisma cerebral (sangramento cerebral). Esta é a causa mais comum deste tipo de dor, e deve ser investigada apropriadamente com tomografia de crânio, e se esta for normal, líquor da espinha. 

Mas há outras causas? Sim, e escrevo este tópico justamente por que vi uma causa menos comum (mas não rara) em um plantão noite passada.

Derrames podem dar dores deste tipo, mas geralmente vêm com outros sinais e sintomas, como perda de força e/ou sensibilidade, confusão mental, crise epiléptica, perda visual ou fala arrastada/perda da linguagem.

Outra causa é a dissecção arterial, ou seja, quando o sangue penetra na parede do vaso que vai para o cérebro, e forma uma dupla luz. Pode haver outros sinais e sintomas, como os descritos acima para um derrame, ou pode ser que a dor seja o único sintoma naquele momento (leia mais aqui). 

Outra causa é a trombose venosa cerebral, quando há obstrução de uma ou mais veias da cabeça, quadro que necessita de diagnóstico e tratamento imediatos.

Há outras causas, como sinusite (rara), inflamações cerebrais como encefalites (leia mais aqui sobre encefalites). E há a causa sem causa (idiopática), chamada de cefaleia em trovoada primária (Thunderclap Headache em inglês), quando esta dor de cabeça vem em surtos com todos os exames normais.

Mas esta noite eu vi um paciente com o quadro de cefaleia súbita, piora da vida, progressiva, incapacitante, e com tomografia normal. A primeira coisa que fiz foi colher um líquido da espinha, pois nestes pacientes, mesmo com tomografia normal, a primeira possibilidade era a ruptura de um aneurisma cerebral e sangue no cérebro. E qual não foi minha surpresa quando descobri que o paciente tinha meningite viral.

Pois, como os livros falam, meningite pode ser causa deste tipo de dor. 

Não quero alarmar ninguém, mas orientar somente. Se você ou seu parente/amigo/vizinho/compadre sentir este tipo de dor, não espere. Vá a um pronto-socorro urgentemente, fale com o médico, seja examinado (o médico irá conversar com você, tirar a história e fazer o exame físico necessário para o diagnóstico), e discuta com ele a possibilidade de uma tomografia de crânio urgente. O diagnóstico tem de vir rápido, para que o tratamento também seja rápido. 







segunda-feira, abril 16, 2012

Novo método pode ajudar a detectar a doença de Alzheimer mais precocemente..


Notícia tirada deste site da Academia Americana de Neurologia (AAN) e traduzida livremente


O uso de uma nova droga para detectar as placas de beta-amilóide (a substância que se acumula de forma anormal e extensa no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer, e que são a marca patológica da doença) pode auxiliar os médicos a diagnosticar a doença mais cedo. 

Atualmente, a doença só pode ser diagnosticada com certeza através da detecção de placas de amilóide e/ou agregados neurofibrilares (agregados de amilóide e uma proteína mal-formada, a proteína tau, nos neurônios e seus prolongamentos) durante autópsia após a morte do paciente ou após biópsia cerebral. O novo método utiliza a droga florbetaben como traçador (marcador) durante um exame chamado de PET (Positron Emission Tomography) do cérebro para visualizar as placas de amilóide em vida. 

A fim de provar que o método detecta amilóide cerebral, um estudo global em fase III comparou diretamente regiões cerebrais a regiões semelhantes de pacientes autopsiados. Mais de 200 participantes moribundos (incluindo tanto pacientes com doença de Alzheimer como pacientes sem demência conhecida, isto é, controles), e que desejaram doar seus cérebros para estudo, submeteram-se a um exame de ressonância magnética do crânio e ao método novo com floerbetaben. A quantidade de placas vista nos 31 participantes que foram para a autópsia (morreram) foi então comparada aos resultados do exame de PET. Um total de 186 regiões cerebrais foram analisadas, juntamente com 60 regiões cerebrais de indivíduos saudáveis. 

O estudo demonstrou que a nova droga localiza o beta-amilóide com uma sensibilidade de 77% e uma especificidade de 94% (ou seja, 77% dos que realmente tinham a doença foram diagnosticados de forma correta, e 94% dos que não tinham a doença foram considerados pelo teste como realmente negativos).

Em análise posterior comparando-se o método de avaliação visual proposto para a nova droga na prática clínica e o diagnóstico pós-morte revelou uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 92% (use o que eu demonstrei acima, e faça as contas). 


Este é um método fácil e não invasivo para auxiliar na detecção da doença de Alzheimer de forma precoce. Esse é um passo crucial para um futuro tratamento neuroprotetor (proteger contra a doença), e mesmo neurorestaurador (restaurar o que foi danificado). 

Os núcleos da base - O globo pálido

O nome deste núcleo tem a ver com sua coloração quando visto no cérebro cortado, mais pálido que os outros núcleos. Ele fica logo adjacente ao putâmen, e estes dois núcleos, quando vistos em corte, apresentam a forma de uma lente - daí o nome do conjunto dos dois se chamar núcleo lentiforme.

Observe abaixo:

https://encrypted-tbn2.google.com/images?q=tbn:ANd9GcSMYkS9ovWiIAczncA7e-NZVt6jNnJWKQmm2Q_Hm3uQgS5OS8ujWg
O globo pálido é esta estrutura em verde no meio do cérebro. Em azul acima está o caudato, e abaixo o putâmen. 

Observe mais:

http://www.psicoactiva.com/atlas/estriado.jpg
Esta figura mostra a relação espacial entre os núcleos já discutidos neste blog.

O globo pálido possui duas parte, uma mais externa (GPe ou globo pálido externo) e uma mais interna (GPi ou globo pálido interno). O GPe faz parte de um circuito mais complexo de modulação de informações que vêm do córtex. Já o GPi cuida da modulação direta do tálamo, a estrutura que controla o córtex. 

O globo pálido possui como substância de suas sinapses (neurotransmissor) o GABA (Ácido gama aminobutírico) que é inibitório, ou seja, inibe os neurônios com os quais se liga. Sua função, logo, é receber informações do putâmen, do caudato e de outros núcleos que, por sua vez, recebem informações do córtex, e modular estas informações que seguem ao tálamo.

Assim, sem o globo pálido, não haveria controle dos comandos que chegam ao tálamo para serem re-encaminhados ao córtex.

Há várias doenças que afetam o globo pálido, como a intoxicação por monóxido de carbono, que causa uma síndrome parkinsoniana, intoxicação por manganês, que também leva ao parkinsonismo (leia neste blog sobre parkinsonismo), doenças degenerativas como a degeneração associada à pantotenato quinase (ufa!), antes chamada de doença de Hallervorden-Spatz (ufa!!!), e outras doenças.

O globo pálido é também um dos alvos para cirurgias em doença de Parkinson, como a palidotomia e a estimulação cerebral profunda.

quinta-feira, abril 12, 2012

Notícias tiradas do UOL Ciência e Saúde

Casos de demência podem dobrar em 2030, segundo OMS

O número de pessoas com demência deve praticamente dobrar para 65,7 milhões em 2030 com o envelhecimento da população mundial, de acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde publicado hoje.

Em 2050 o número de doentes pode ser 3 vezes maior que o atual, em 35,6 milhões, informou a OMS.

A demência, doença que se manifesta por perda de habilidades mentais e cognitivas que antes eram normais, é causada por uma variedade de doenças no cérebro que afetam a memória, o pensamento, o comportamento e a habilidade de realizar atividades cotidianas.

O Alzheimer é a causa mais comum da demência e corresponde a cerca de 70% dos casos.
Mais da metade dos doentes (58%) vivem em países de renda média e baixa, mas esse número pode aumentar para 70% em 2050.

O relatório informou que seriam necessários diagnósticos muito mais eficazes, já que, até mesmo em países ricos, apenas de 20% a 50% de casos de demência são rotineiramente reconhecidos.

"... o risco de demência é de 1 em cada 8 para aqueles com mais de 65 e uma proporção assustadora de 1 em 2,5 para os maiores de 85..." de acordo com Shekhar Saxena, chefe do departamento de saúde mental da OMS.

Apenas oito países em todo o mundo - Austrália, Grã-Bretanha, Dinamarca, França, Japão, Coreia do Sul, Holanda e Noruega - atualmente têm programas nacionais para a demência, de acordo com o relatório "Demência: uma prioridade da saúde pública".

O estudo também destaca a falta de informação e conhecimento geral sobre a doença, que alimenta o estigma e leva as pessoas, às vezes, a adiar a busca por apoio.

Neste relatório, a OMS recomenda que as autoridades procurem minimizar o estigma que tem sido, há muito tempo, associado à demência e melhorar os cuidados gerais para as vítimas, junto com o apoio para os enfermeiros.

Não é possível atualmente tratar a demência, mas o avanço da doença em alguns casos pode ser desacelerado.

Brasil é o 9º país do mundo com mais casos de demência, diz OMS

Um relatório da OMS revela que mais de 35 milhões de pessoas estão sofrendo com demência em todo o mundo. Segundo a agência, o Brasil é o nono país com o maior número de casos.

O relatório "Demência, Uma Prioridade de Saúde Pública", lançado esta quarta-feira, em Genebra, Suíça, sugere ainda que os países de rendas baixa e média abrigam metade de todos os doentes. De acordo com a OMS, se nada for feito para prevenir e tratar a demência, o número de casos pode triplicar nos próximos anos.

Em entrevista à Rádio ONU, de São Paulo, o professor da Unesp e ex-coordenador de Saúde Mental da OMS, José Bertolote, falou sobre os sintomas: "Os primeiros sinais de demência são uma perda de memória. O paciente esquece onde colocou as coisas e o que deve fazer. Então a doença começa desta forma. Numa situação destas, a pessoa deve se preocupar e procurar ajuda ou uma forma de certificar o diagnóstico, dependendo das condições possíveis  e da fase de evolução da doença", defendeu.

Até 2050, mais de 22% da população acima de 60 anos sofrerão de demência. Mais de oito em cada 10 casos vão ocorrer nos países em desenvolvimento. Atualmente, a China, com 5,4 milhões de pessoas com demência, lidera a lista dos países com o maior número de casos.



A OMS afirma que, nos próximos 30 anos, até 115 milhões de pessoas deverão viver com demência. Segundo a agência, a falta de diagnóstico, informação e compreensão acerca da demência tem sido o maior desafio na luta contra a doença.


Além disso, pacientes com demência são estigmatizados e isolados, e muitas vezes tem a atenção médica negada.